Entre folhas ... Boas Festas ...

Que este Natal
seja mais um momento
em que nos todos
acreditemos que valerá
a pena viver mais um Ano Novo.

E a melhor
mensagem de Natal
é aquela que sai dos nossos
corações silenciosos
e aquece
com ternura todos os outros
corações,
os daqueles que nos acompanham
na caminhada da vida,
seja a sua presença
física ou virtual.

Desejos-vos
tudo em dobro
daquilo que me desejais.

Boas Festas.

Beijos
J.

Entre folhas ... Meu amor …

Meu amor,
ânsias e paixão entre
papoilas vermelhas,
digo-te para vires,
vamos esconder-nos
entre elas
nus e sedentos deste nosso
amor,
cobre-me com todas elas,
por cima
e por baixo das nossas
peles.

Cobertos
Pela papoilas vermelhas,
Falamos
segredos guardados...
no coração,
paixão pelo nosso amor,
Suspiros em silêncio,
amantes do sexo,
amar-nos acima de tudo,
ternura nos nossos corações.

A nossa
vontade cobre com sabores,
com o cheiro das nossas peles,
com os nossos beijos,
cobre com o alento da tua voz,
fujamos ao silêncio do amor,
nada pode perturbar este carinho,
deixemos vagar o tempo,
da nossa ternura silenciosa,
que o mar nos arraste,
a orlas
do desconhecido,
do que fica por conhecer,
juntos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Peitos abertos, tão cúmplices …

Tão cúmplices estas nossas bocas,
tão dos nossos felizes momentos,
desfazem-se os lábios ao pensar em ti,
querer-te como a menina que conservas
amar com a maturidade de um adulto,
amar a tua pele,
descobrir-te a primeira vez,
tanto amor não enche,
o poema,
tanto amor tem de ser saciado em degraus,
a cada degrau um percurso pela tua pele,
degrau a degrau,
sublimes chegamos
a perder a noção do tempo,
a nos perder em amores,
no calor que os nossos corpos
desprendem.

E desprendendo estrelas fugazes
encontramo-nos,
enquanto a lua brilha e o mar que nos separa,
o sol
parece acariciar-nos,
enquanto a vida passa,
amando-te,
avança a vida a passo curto,
descubramos o desconhecido juntos
digamos que o amor nunca nos conheceu,
como meninos,
a primeira vez,
não me envergonho de falar dos meus
pensamentos
nem me envergonho de saciar
as minhas vontades,
contra o profundo da gruta do teu
corpo.

Falando de ti,
Imagino-te semeando
ternura,
sobre os prados do meu corpo,
galopando,
e o meu alento no teu alento
está entregue,
diz que tenho um verbo ativo,
que fazemos somas e temos
resultados,
gritos abafados,
noites de paixão,
enlouquecidos,
e como disse anteriormente,
em algum poema perdido,
esquenta-me ,
o roçar das tuas nádegas,
chamo o destino
para que aqueles momentos voltem
de novo,
onde quero penetrar com os dedos no
profundo,
e de surpresa,
em seco, mas com cuidado,
adormecida,
mas acordada,
penetro a tua boca,
com as minhas palavras doces
e beijos molhados
deixo-te naquele momento
de loucura e prazer insano,
em nuvens de algodão,
onde me perco,
e sinto os teus lábios
entre os meus,
venço a minha calma e somo
os meus momentos aos teus,
outro para a lembrança,
onde em noites solitárias,
levas as tuas mãos,
de novo até ao teu sexo,
não nos enganemos,
não é o mesmo...
a pele compreende-se
entre silêncios.

Beijos
J.

Entre folhas ... Voo curto ...

Forjou-se um amor só de olhar
lutava a contravento,
sem espada,
Inquieto o tom da sua palavra,
apanhava uma rosa,
extraía a sua fragância
caminhava lento,
desgastava pedras,
no seu andar ligeiro saíram-lhe asas,
o seu olhar tímido e sublime.

Ao chegar a noite encontrou-a chorando,
não eram suas as lágrimas caídas,
sempre o destino colocava-lhe entraves
roía os seus desejos e vontades,
maldito desejo
que não se afastava,
outra noite longa,
de sonhos e esperas,
esperanças do olhar cego e infinito,
o nevoeiro cerrado,
o frio no seu rosto.

Chegou a manhã,
como sempre chega
à hora esperada,
com os dedos,
esfregava o rosto,
secaram as lágrimas
de lembranças
passadas
secou-se a alma,
chorou pela garganta.

Num velo curto,
de fúrias e raivas,
levantou de novo os seus pés e as suas asas,
continuou voando,
ao chegar a alva
estava a espera,
viu o seu rosto cansado,
mas ela espiritualmente,
não estava.

Ela eram as suas asas,
as que lhe impulsionavam.

Não há amor que não implique
uma derrota ou uma vitória
própria da alma,
e seguiu voando;
como sempre e sem fronteiras.

Partem-se-me as vértebras,
mesmo assim quero-a
com a sua ausência,
enquanto a cruz das minhas costas;
se desfaz.

Beijos
J.

Entre folhas ... A lua do teu umbigo …

Fúria desatada
do meu desejo,
a sua fúria desatada
a noite devém,
pupila entreaberta,
existo porque sei que sou lembrado,
porque tenho nas mãos,
signos da minha vida,
o meu desejo na mão
desatado,
explode no teu corpo
o roçar das tuas unhas,
não finjo querer-me,
reflexo do meu alívio,
não finjo querer-te,
para além da dúvida mesma,
de um segredo.

Do meu desejo a sua fúria desatada,
penetro a cavidade
de cada poro da tua
pele
e na cavidade imensa
onde gozo,
alimenta o amor
que nós professamos,
roçando-nos.

Tenho por lua o teu umbigo,
por amor,
o teu amor e o meu silêncio,
por noites
sonhos juntos,
por versos
luas e estrelas,
tenho um pacto com o diabo
fogo na minha boca enlouquecida,
tenho pensado,
sonho-te,
em penetrar-te
para além da razão,
e menos
da loucura,
metido sempre
nos seios de uma ausente solidão,
tenho por costume,
escrever versos.

Para poder entrar
tens de deixar
que te abra os lábios,
que te cobrem como algodão doce,
o diabo do amor nunca sua.

Beijos
J.

Entre folhas ... Noites frágeis ...

Procura uma noite frágil,
para sentir-se madura
apoia os seus pés
sobre as minhas costas,
procura madrugadas completas,
que as suas mãos façam estremecer
a minha pele,
procura uns olhos,
onde depositar todo o amor
que me tem,
procura os meus olhos,
sabe que aí está o seu afecto.

Procura um abraço,
enredada no meu silêncio,
procura o que o tempo
lhe nega e rouba,
as suas próprias lágrimas
se procuram e se encontram
escorregando pela sua pele,
precisa de chorar.

Agarra-se à sua almofada,
fecha os olhos,
e encontra-me procurando-a,
procura uma noite de calidez e magia,
para acariciar-me os cabelos grisalhos
de tantas luas iluminadas,
enquanto eu a procuro,
desesperadamente,
a ela.

Tenho dissecado a sua fisionomia
enquanto ela tem encontrado a porta
da minha filosofia,
sempre tenho preferido o seu amor,
que a nenhum outro,
e por fim ela sabe,
que a minha escrita não rima,
mas o meu amor e a sua orla rimam-se.

Em suas mãos deixei o epitáfio
do meu corpo,
para quando precise.

Beijos
J.

Entre folhas ... Em DO menor o amor…

Errante as minhas palavras,
por baixo de mim, a tristeza
em mim mesmo,
encerrado,
ausente,
dor que queima, mata e morre,
renasce ao dia seguinte impertinente,
não se dá conta a morte que não temo,
ao devir negro dos meus dias,
a vida em si é constante morta permanente,
lenta e dolorosa para o que teme,
prematura para quem tudo o sente,
errante passo entre a vida e a morte
sem saber se amanhã estarei irradiante,
ou folha seca que o vento arrasta.

Tem passado o tempo de anestesias
de dizer o que sinto sem ouvir-me,
tenho passado por estações escuras
com passageiros que vão no mesmo destino,
e hoje já vês amada minha,
não sei se concordas o que penso com o que digo,
guarda esta nota;
pode ser que sirva de epitáfio.

Incinera-se o esquecimento pergunto-me,
e alguém lança os restos,
quem vive.
Onde fica o tempo do amor que nunca tem sido?
Onde fica o vivido?
Que queres que te diga hoje ao ouvido?
Demasiadas perguntas,
sem saber se estou dormindo,
sonhando,
nem se te lembras de todo o sentido.

Se da vida e da morte hoje caminho...

Epitáfio:

Fazer amor contigo
é compor música
sussurrada em DO menor,
aproxima o teu ouvido.

Para ti, que não te foste.

Beijos
J.

Entre folhas ... Cor cereja ...

Tenho uma mulher que não tem perdido
a menina que tem dentro de si,
sorri quando a olho,
alegra-se quando me vê,
chora quando não me tem,
são as suas asas a minha escrita,
as suas borboletas as minhas noites,
tem lábios da cor das cerejas,
pode dizer as coisas mais sublimes,
a sua sensualidade transborda-me,
improvisa os momentos mais doces,
presenteia-me os mais ternos,
os seus dedos conhecem bem,
o caminho das minhas costas,
sabe o que quero,
o que gosto, e eu conheço
bem o seu carinho.

Não me recordo de ter pensado
quanto tempo dura um amor,
e aí os meus pensamentos terminam,
ao lado dos seus sonhos,
sou como ela.

Beijos
J.

Entre folhas ... Ironia idiopática ...

Acolhe no dever dos meus dias,
o acaso que se avizinha,
pergunta-me sobre o amor,
todos os dias,
e silêncio é o que a alma grita.

Restauro a minha própria
e fina ironia,
e alheio a tudo o que me rodeia
e acabo por a empregar contra mim.

Quisesse uma lua contigo
em quarto crescente
duas noites de amável sintonia,
em minguante
três beijos intermináveis,
olhando as estrelas.

Olho para o céu e está nublado,
a sangue e fogo pelo teu amor
queimo-me, desespero,
jogo com a esperança,
sei que visitas este canto,
rancorosa apontas ao alvo
das minhas palavras,
e quando crês ter vencido
dás-te conta que tens perdido
todas as batalhas comigo,
se queres fazer amor
primeiro limpa a tua mente,
das impurezas acumuladas,
para que a tua consciência fique despida.

Inconcluso sempre baixo,
como o 23 de Janeiro
o Dia de S. João,
sim,
eu sei,
eu coloco os santos onde quero,
não tenho dono.

Preso da minha liberdade,
drogado das palavras
por prescrição amorosa,
sofro de SESP,
um diagnóstico idiopático.

Uma doença comum
hoje em dia,
já existia
no dia que te conheci,
mas não se contagia.

Se vestisse de negro
não seja que a minha dor,
arraste-te,
ao fundo da primeira declinação
do verbo morrer.

Tem uma imaginação manifesta,
e na ruína da sua palavra,
edifica a dor que nunca teve,
o meu pesadelo,
parece ser a sua sombra,
quando olho a minha sombra a renego,
o andar,
com o verbo amar.

Sou ex preso da minha própria guerra,
sou preso da minha alma,
e nestas mudanças,
ela é livre.

Beijos
J.

Entre folhas ... A minha vida sem ela …

Quiçá encontremos,
a realidade do nosso sentir
quando tenhamos esquecido
que fomos livres amando,
presos do tempo,
que compartilhamos sem destino
armazenando horas de espera,
para fazer juntos o mesmo percurso.

Foram tempos difíceis
a ausência não guardou
tudo o que sentíamos,
no final da ausência
chegou o encontro;
seja para bem a ausência
compartilhada.

E quiseram julgar-nos
pessoas como nós
de carne e osso,
adúlteros da própria vida,
trouxeram estrimónios,
e ninguém lhes deu crédito.

Tivemos tempo para falar da alma
e não o aproveitamos
preferimos…
jogar com os nossos nus corpos
ao limite de todos os sentidos.

Não se perderam as horas compartilhadas,
ficaram no baú das lembranças,
ficaram para sempre,
nos nossos sentidos,
quando a ausência de novo se aproximar,
chegarão os dias, que daremos crédito
a todo o vivido.

E ansiaremos que chegue a noite
para recordar todo o acontecido,
as minhas mãos sobre os teus ombros,
os teus braços nas minhas costas nuas,
será o tempo de sentir
os nossos próprios silêncios.

Na flor da noite,
a vida sem ela
é mais triste,
sem ti,
todos os espelhos
são escuros e,
a pena é mais obtusa,
o desejo vai roer-se com as unhas,
e os nossos corpos ficam
abandonados à sua mercê.

Beijos
J.

Entre folhas ... Depois de tanto ...

Após amar,
de sentir tanto,
após desejar em conjunto
sentir a vida,
após ter-nos
tão perto, após tudo,
e com motivos sinceros,
às vezes inexplicáveis,
e cada qual permanece
no lugar que lhe pertence.

Com desculpas,
do amor que não se goza,
Incompreendido,
E aquela dúvida de sempre,
e como sempre com tudo acaba.

Sem lógica de raciocínio.

Beijos
J.

Entre folhas ... Do seu poejo sou ereto talo ...

Do seu poejo sou,
a mente mesclada,
a noite dos seus desejos,
a perdição rendida
a cimeira das minhas fantasias,
o canto perdido,
a carne entusiasmada,
o centro da esquina.

Explosão de fumaça,
pele que te penetra
no alvo,
mão que te suga,
tormenta ardente,
fogo da tua morada mais brilhante,
aparência,
por baixo da cama estão as tuas calcinhas,
sedosas como a pele que me percorre,
as estrias trabalhadas,
do corpo que te chama,
humidade que abrasa.

Das tuas noites sou,
o amante apaixonado,
o silêncio que percorre o torso nu,
o que te provoca,
figura descarnada,
que te entra intempestivo, e sai a impulso
para voltar a entrar de novo,
desfrutar as tuas vontades
num fechar de olhos,
sentindo-te mamada,
dos teus lábios o beijo,
da tua mão a caricia
do teu peito a cúspide,
a aureola que beija,
os olhos que sangram,
o desejo louco,
descarnado,
rompo a cor natural da tua pele
em cem pedaços,
o lençol que te cobre,
a almofada recolhida,
são os teus olhos
parte onde se perde o meu olhar.

Dos meus dias
sou as tuas noites,
enches a baía
à procura da minha água embravecida.

Beijos
J.

Entre folhas ... Viajante de sonhos ...

Eu que me fiz viajante de sonhos
Tomei da minha mão as palavras,
Que pintei rascunhos no céu,
Eu que tanto pude e nada devo,
Devo-lhe a ela este amor sincero.

Soube contar as horas que em ti:
Estive,
Mordendo-te,
Abraçando-te,
Beijando-te, ardendo,
Fodendo de palavras.
De corpo e alma,
Semeei no teu corpo
A semente do amor,
E como tudo acaba
O nosso acabou sendo,
Um casal desfeito.

Sempre encontrou o que procurava
Nessa ocasião,
O meu sangue não estava correndo,
Terminou com ela,
Ficaram as suas vontades
De vingança na almofada.

Beijos
J.

Entre folhas ... Flor de vida e morte ...

Pétalas brancas,
Fúcsias ou violetas,
Quem o diria?
Dos seus condutos lactíferos,
Da cápsula extraindo
O veneno que mata.
Quem o diria?
De olhar tanto a flor
Por dentro brilho
Por fora mata,
Os meus olhos desatam-se.
Se achar quisesses o conduto do amor
Que regula a minha vida,
Procura nas minhas veias
Endurecidas,
Paralógica a vida.
Quem o diria?
Pétalas brancas que matam
Fazem-te seguir, vivendo,
Na força de alcançar o veneno
Que com tudo acaba.
Flor não deixe de crescer
Seguirei cortando os teus condutos,
E tu,
Emborrachando a minha vida
Às vezes quente, às vezes fria,
A flor da dormideira,
Que faz amar às cegas.
Sem reparos.

Quem o diria?

Beijos
J.

Entre folhas ... Do amor estremecido ...

Sobe e desce
A sua língua ousada
Sobre o meu ventre
Engole-me,
Estremece-me,
O seu rastro de saliva
Convertido em sua presa
Os seus lábios manchados,
Com o carmim
Que desprende do meu membro,
Estremecido,
Tem de se apoiar no meu corpo,
Não suporta a sensação
De tanto sentir,
O equilíbrio não obedece.

No seu corpo a minha essência
Ela, a essência da minha vida,
A que me rouba os sonhos,
Desequilibramos e ficamos
Quando se fazem dos sonhos
Realidades.

São as suas raízes,
E os meus sonhos
O brote dos meus sentimentos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Libertando-me ...

Liberta-me o suave alento
Que da minha boca desprende,
Liberto os meus pensamentos
Com os meus atos,
Ao mesmo tempo em que liberto
De mim mesmo,
Aquilo que nunca quis.

Libertam-se os meus dias,
E nas minhas noites encontro
Os reproches ao meu feitio,

O silêncio cobiça-me.

De madrugada os meus sentidos
Agudizam-se e ditam,
As sentenças nos meus dias,
Sem juízes alheios.

Beijos
J.

Entre folhas ... Náufragos ...

Ficam os restos de um naufrágio,
Ficam,
Pelo tempo espalhados,
Ficam,
As lembranças, ficam, intactos
Entre os sentidos,
Fica o amor escondido,
Fica o tempo vivido.

Ficam silêncios,
Fica-me a dúvida do que não tem sido,
Fica a dúvida encoberta
De tanto te ter querido.

Beijos
J.

Entre folhas ... Só por ti liberto-me …

Só por ti molho o umbigo,
Beijo os teus lábios,
Mordo os teus ombros,
Arranho as tuas costas,
Só por ti hoje vivo,
Amor espontâneo,
Nada me estranha em te querer,
Forte,
Intimo,
Que lamba os teus dedos e desculpo-me a meu Deus,
Após ter tocado o teu sexo,
Rosado,
Reflexo de uma nuvem,
Semicoberta pelo sol,
Só por ti,
Molho os lábios nos teus fluidos,
Afundo a minha língua bem por baixo,
Venço o cerrar das tuas pernas,
E perdi o tempo antes de te conhecer,
Cuspo um passado,
Agora sou capaz de te cheirar
Sem as distâncias,
Tanto é o fluido que emana do teu sexo,
Sudoroso,
Suplico às linhas do teu corpo,
Que se aproximem,
Aproximando-se deformo os teus seios altivos,
Penetro onde os lábios
Da tua carne empurram,
Incessantes,
Desejosos,
E chego,
Chego…
Parece ser que chego ao abismo do meu sul,
Onde a minha consciência apaga-se.
Sei que pensa na presença
Viril da minha glande
Que se aproxima para lá,
E com aparente dor da sua
Boca,
Retira-se.
Bem o quisesse seu!

Beijos
J.

Entre folhas ... Há amores ...

Há amores que se desgastam
Com a ausência,
Que assobiam para o ar o nome
Da pessoa que se ama,
Assomem lembranças
Em a cada janela,
Entrando em cada porta,
Há amores que se escrevem
Com letras de fios de prata,
Só se apaziguam os temores
Na distância,
Nem se quebram inquietudes
Pela subtileza,
Não são as mensagens,
Nem os telefonemas,
Nem um eleger de palavras
Para a tua alma.

Há amores que se desgastam
Desgranando dias,
Longas esperas,
Não foi o teu caso,
Foram os meus olhos
De tanto chorar,
Foram-se apagando
Os momentos amargos.

Escrevo palavras,
Que nascem da minha boca,
Deixou a minha alma de chamar-te,
Desprezada ficaste na memória,
De quem observou
Os teus fatos,
E floriu as palavras.

Beijos
J.

Entre folhas ... Amor de juventude …

Deixou um lenço,
Com os seus desejos gravados,
Desejos contidos,
Tanto tempo
Entre os seus lábios,
A fruta por amadurecer,
O fruto sem proibições,
O tempo que não tem sido,
E que se escapa das suas mãos,
O amor de uma juventude tardia,
O beijo às escondidas.

Deixou parte de seu passado,
E foi de viagem,
Convencida de encontrar o gravado,
Entre as suas mãos,
Encontrou outras mãos,
O morno alento do amor,
Durante tanto tempo esperado,
Desatou no seu corpo tempestades,
Sobre ela caiu o maná do esperado.

E teve tempo
De reter entre as suas pernas,
O liquido amargo,
Que tanto tinha procurado,
Provou a fruta madura,
Cheirou jasmim,
Soube do tempo perdido,
Deu-se conta que não há tempo que seja tarde,
Os seus mamilos amadurecidos,
Os seus mornos lábios,
Desejos cumpridos,
Procura o desejo,
Procura,
Que o tenho retido,
Gravado na minha memória,
No canto mais intimo e apreciado,
Espera,
Vem,
Já te disse onde se encontra,
O amor da juventude tardia,
Vem não tardes,
Que o tempo não desate o amarrado.

Beijos
J.

Entre folhas ... Peregrino …

Poderia ter sido
O cumulo da tua poesia,
O colar para o teu decote,
Mas,
O néctar que me negaste
Com outros o compartilhas,
Para ser sincero e justo,
Nunca quis aproximar-me.

Agora sou peregrino
Da mão que me oferece
O seu carinho,
Viajo com a alma
Feita de mirones,
Que até iluminam o nosso caminho.

Beijos
J.

Entre folhas ... O que escondes …

O mar estava sereno,
Não vi o amor no mar,
Nem vi gaivotas a passar,
Nem barco para apreciar.

O mar guardava silencio,
Palavras que não ouvia chegar,
Confundiam-se as ondas
Com o meu lento pestanejar.

Areia de ouro,
Parecesse,
Enganava os olhos cegos
Um silêncio de ouro e prata
A brisa começou a soprar.

Um amor de outro tempo,
Ao longe vi passar,
E passou,
Passou tão depressa, que esqueci
O ruído do mar,
Enquanto o meu amor verdadeiro,
Transportava-me até ao lugar,
Onde a realidade habita.

O coração esconde verdades
Que compartilho
Tantas vezes contigo,
Como tudo isto me faz falta.

Beijos
J.

Entre folhas ... Para chegar ao teu corpo ...

Deixa-se a vida deslizar,
Como uma lágrima no rosto suave
Deixa que te fale do silêncio,
Da compostura que o amordaça,
Do pranto triste,
Da melodia amarga,
No ar, sons ocos,
Na tua pele ninguém escreveu versos.

De tanto a muito recordo-te,
Os meus olhos libertam-se espontâneos
O teu ventre inclinado para a minha pélvis,
Dois corpos nus e em silêncio
Atados, nossos olhos à lembrança
A vida deixa-se deslizar,
De amor engana-se a noite
Percorre a minha pele sem cadências
Unem-se as raízes mais profundas
Encontrando-se as vértebras,
Sem temores de julgamento,
Amo-te
Ao vértice das minhas noites silenciosas,
A lágrima com vida
Deixa-se deslizar pelo rosto.

Para chegar mais longe,
Os nossos pés
Têm de seguir a realidade incerta
Atrevemos-mos a falar,
Chamam-nos loucos
Neste mundo de sensatos.

O teu rosto deixa-se pela minha vida,
A vida deixa-se deslizar pelo teu rosto.

Beijos
J.

Entre Folhas ... Semeia comigo ...

Sal,
Do recanto solitário
Que te habilita,
Deixa-te mexer
Pelo incansável caminho
Do prazer,
Abre as mãos
Como se abrisses as pernas
Deixa-te vencer,
Um turbilhão
De sentires, de ti.

Não podes
Amarrar o desejo ao porto,
As tormentas
Rebentam com as correntes
Queimam tabus.

Semeia comigo o mel
Dos teus lábios,
No meu corpo,
Regozijo das tuas ânsias,
A minha pele arrepiada,
Torna-se
Da cor que te agrada,
Semeia comigo o alento
Da palavra amor,
Encaixa-te nas minhas noites
Respira devagar,
Descobre como penetram-te
O profundo
Como arde-te as vontades,
Arde comigo no inferno.

Sal,
Rasga as ondas,
Procura uma praia
Aproxima-te da minha,
Sou areia de amor,
Verbo e sentir,
Alvo dos teus desejos,
E tuas noites
Tirando-te o carmim.

Beijos
J.

Entre folhas ... Resfriados …

Seduzem-me as tuas eleições
Noturnas,
Onde o prazer
Habita nas palavras,
Entre lençóis,
Fica o suor
De dois corpos amados
Sexo contra sexo,
Num mesmo poema,
O da carne,
O do amor.

Este gozar terreno
Que vai para além dos corpos,
Ficam as manchas
E o contorno na parede
Dos movimentos,
Que nos elevam a alma
Sem contemplações.

Não escondas o desejo
Que habita em ti,
E deixa fluir as palavras
Livres,
Livres como
O vento sem barreiras,
Arqueias as costas
E encontro-te.

Livres somos,
Enquanto queiramos
E o nosso Deus permita,
Livres,
Seremos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Brisas de prata ...

No eco da tua voz encontro
O sentimento que me alberga,
Acariciando os sonhos,
Próximos,
No longínquo,
O desamor vai-se
Entre dias e cinzas.

Não atinge a minha vista
Tanto horizonte,
Nos meus pensamentos
Da tua vida faço a minha.

Sem que tu o saibas
Acendes a minha alma,
Tempo é de voltar a crer
Na oração sem medo
Que pronuncio a cada noite.

Enquanto nomeias-me,
Sonhos de prata,
O teu alento
Refresca as minhas costas
E,
Levantam-se
Sonhos de magia,
Que estão por sonhar.

Beijos
J.

Entre folhas ... Reclamo-te …

O agridoce sabor dos teus peitos,
As minhas mãos moldando as tuas formas,
A conjunção do teu ponto de Vénus,
O ponto exato de onde saltas,
Da realidade ao desejo.

O pronome que te diz que te amo,
A cúspide do teu pensamento,
O verbo primitivo e sincero
Nisso pensas,
Em minhas mãos o teu sexo,
Enquanto isso, excito-me,
Os meus lábios reclamam-te.

E não te encontro.
Onde te escondes
Mulher de fogo?

Beijos
J.

Entre folhas ... Mutuamente ...

Após roubar-nos o alento
Mutuamente,
Entre caricias e beijos
Depois das nossas mãos
Terem saciado o desejo
Teu, meu, nosso,
Mutuamente,
Após tanto tempo
Sem saborear o universo
Dos corpos,
depois...
Após germinar
Voltaremos a roubar-nos
O alento
Teu, meu, nosso,
Nada é tão longínquo
Como a tua lembrança,
Nem tão grato para o meu corpo,
Que as minhas mãos acariciando
O teu peito,
Mutuamente…

Beijos
J.

Entre folhas ... Tremor nas mãos ...

Sempre fica o tempo de pensar,
Ao pensar que amanhã sobrará
Tempo,
Enquanto pensamos,
O tempo escapa-se-nos das mãos,
Enquanto amamos.

Costuma desaparecer o desassossego,
Esse tremor nas mãos,
Essa inquietude no peito,
Que nos oprimia ontem.

Um suspiro leve
Vai-se em lembranças
No que fui,
E não cheguei a tempo,
Dependendo da vida,
À mesma,
Dependendo do fio,
Do mesmo,
Do pretérito imperfeito
Amar.

Beijos
J.

Entre folhas ... Cama com quarto vazio …

É meu propósito esta noite
Sórdida que se avizinha,
Deixar uma cama
A transbordar de beijos,
Com as suas formas plenas,
Mensagens de querer,
Encaixes de lençóis
Onde deixar o amor eterno.

Num quarto com pouca luz,
Quero amar e seguir a estrela
Encontrar-me-ás
Estendido na seda fria,
Onde os sonhos são eternos.

Como eterna é a vida
Do que vivendo,
Vive morrendo,
Trato de soltar da minha alma
Os encaixes onde habitam,
Os sonhos,
Que nunca se cumprirão...

Beijos
J.

Entre folhas ... Ás de trevo ...

Ontem de ti,
Infundada de alegria,
Coagulaste os instantes dos meus olhos,
Sangraram os meus beijos levemente
No espaço,
A lembrança dos teus passos
Constantes pela minha vida,
O fio da vida em si mesma,
Peregrino amante dos teus olhos,
Recordo-te como és,
Com a convicção de que nada
Tem mudado para sempre,
A lembrança de amor que desfrutamos,
Permanece.

Nada tem mudado para sempre,
No entanto nos teus olhos delatam-te,
Enquanto os meus falam-te,
Nomeando-te,
Só o teu nome permanece à espera
De o ter por perto,
Para o acariciar.

Encarcero-me no abismo do tempo,
E espero-te,
Sem sangrar o as de trevo.

Beijos
J.

Entre folhas ... Suores nocturnos ...

Arrepia-se a minha pele,
Atravessando noites na tua ausência,
Adagas e punhais traem
E não deixam sanar
As cicatrizes da minha alma.

Títeres penduram-se nos meus sonhos,
Ingratas presenças,
Pendurados de uns fios invisíveis,
Sujeitam-me,
Coagula-me o sangue,
Arrastam-me a um acordar cedo,
Na realidade nocturna das horas
Dos meus passos constantes,
Sou peregrino da tua pele,
A minha pele arrepia-se:
Quando te recordo longínqua e ausente,
Tens deixado de existir,
Os restos da tua pele,
In grávidos voam,
Para a casa do esquecimento,
Sem pretextos.

Demasiado tempo a não lembrança
Das tuas pernas abertas.

Perco,
Demasiado tempo com as letras
Ao descoberto de outro amante.

Beijos
J.

Entre folhas ... As gretas do meu corpo …

Senta-se nas minhas noites,
Caminha de frente ao que chega
Mas vira-lhe as costas ao sentir.

Vozes nocturnas acordam-me,
Decidem deter-me
A vida fica curta por instantes,
Os meus passos constantes difundem-se,
Procuro na noite o calor
Encontro a dor,
No profundo.
O lugar que queria voltar,
Perdeu-se na memória.

Quebradiça é a arma que arrojas
Alboroto do teu corpo
Ainda dizes que me tens,
Esgotador prazer emergente,
Mas nunca tenho sido teu...

Beijos
J.

Entre folhas ... Reclamo-te …

O agridoce sabor dos teus seios
As minhas mãos moldando as tuas formas
A conjunção do teu ponto de Vénus,
O ponto exato onde transitas,
Da realidade para o desejo.

O pronome que te diz: amo-te,
A cúspide do teu pensamento,
O verbo primitivo e sincero
É nisso que pensas,
As minhas mãos no teu sexo,
Enquanto nisso ardo,
Os meus lábios reclamam-te.

E não te encontro.
Onde te escondes,
Mulher de fogo?

Beijos
J.

Entre folhas ... Do momento …

São seus
Os pensamentos do momento
Que nos elevam ao mundo espiritual,
As suas mãos
As que circulam constantes
Pelo mapa do meu corpo,
As suas caricias
As que me fazem descer dos céus,
Até ao infinito inferno,
Os meus pensamentos
Aqueles que a levam
A desejar noites de encontros,
Os meus movimentos
Os que percorrem
As suas costas,
O meu sexo
O que a penetra
Suave,
Lento,
Ou violento,
Sabe bem o que lhe agrada,
Sabe que tem sido descoberta,
Eu sigo o seu caminho
As minhas mãos traçam,
Abrem as portas do seu mundo
Mais intimo
Quando nos damos conta,
Estamos de novo no firmamento.
Onde o mundo espiritual deixa
De ser um conto,
E multiplicam-se os orgasmos
Nas portas do inferno.

Sabe do que preciso,
Faz com que vá ao seu encontro,
E a encontre preparada
Para absorver
O que lhe oferece o meu corpo,
Desde o seu rosto
Até o fundo do seu leito.

Beijos
J.

Entre folhas ... Pressentimentos …

Hoje,
O meu escrito é oração,
Uma súplica, um reverso
Uma nova mensagem,
Para que te chegue, amor
Impercetível e sincero.

Pressinto de novo
Que de esperar tanto,
Morro,
Mas ainda sabendo que te quero,
Espero de novo.

Os meus beijos são sentimentos,
Que saem dos meus lábios
Aproximando-se dos teus peitos
Nus,
Cálidos,
Ternos.

Pressinto de novo
Que este beijo é o primeiro
Mas ainda sabendo que é o primeiro
Mas ainda sabendo que te quero
Escrevo de novo.

O meu escrito é admiração,
Aos teus mornos pensamentos
Os olhos são premonição
Do que assoma primeiro.

Cálida como o sol
Doce em âmbar
Canção de encontro,
Embalos e caricias,
A tua mão espera a minha vida,
Para alimentar de novo
A minha alma adormecida.

Pressinto de novo,
O último beijo
E os primeiros escritos
Desde os meus silêncios.

Beijos
J.

Entre folhas ... Já quisera …

Contra o azul dos teus olhos
Incrustam-se os desenhos dos meus,
Silenciosos,
Já quisesse o sangue das minhas veias,
Nuas,
Rebentar contra a maré do teu corpo,
Valerá a pena recordar,
O idioma do teu amor
Com as minhas mãos manchadas
Das tuas lágrimas,
Já quisesse poder dizer ao mundo
Gritando em voz alta,
Ser ouvido lá no céu,
Que valeu a pena fusionar os templos,
Num Deus só,
Que não foi em vão
Que se fusionaram sangue e sémen.

Já quisesse que se alguma vez prejudiquei,
Se soubesse que não quis,
Burlando-me do tempo,
Já quisesse que os teus olhos,
Agora,
Nada visse do que meus olhos desenham,
E a propósito,
Vejo o que os teus olhos desenham.

E fujo...

Beijos
J.

Entre folhas ... O entendimento …

Com a ambiguidade que me caracteriza
Ser tudo ou não ser nada,
Ou ambas simultaneamente,
Sou Deus Sou Demónio,
Anjo ou querubim,
Vácuo ou plenitude,
Fogo ou terra,
Escuridade ou luz,
Brisa ou tormenta,
Relâmpago ou raio.

Com a forma de dizer que a poesia
É uma máscara que utilizamos
Que outros tratam de desmascarar,
Escrevo em pensamento,
Medito por baixo dos choupos,
Na brisa,
A lembrança assume,
Aqui de novo
E trespassa os meus próprios
Pensamentos, sem pensar
Nos outros que também pensam,
Caminhando
Livremente e sem complexos de escrita,
Não estou presente,
Não vejo o que escrevo,
Essa ambiguidade
Em permanente luta
Faz com que lance no ar,
Estas palavras,
Esta escrita,
E quem a recolha
Forme a sua opinião,
Tendo em conta
Que hoje caminho disfarçado de falso poeta,
O que sou,
Um eterno apaixonado
Das letras e da palavra.

Palavra para assentir,
Ou para divergir
Para recolher, ou para lançar,
E cada qual que opine o que queira,
Como eu opino de vocês à minha maneira.

Ambíguo de testamento e nascimento
Permaneço intacto ao pensar alheio,
E amarro-me
Às minhas próprias consequências
E saibam,
Que o faço de livre vontade
E sem complexos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Ao cair da noite …


Ao cair da noite,

Abre-se tempestivamente

Do fundo da minha alma,

A lembrança,
Um itinerário completo,
Um mapa,
Uma geografia,
O vento acariciando o seu corpo
Estendida na areia,
O sorriso nos seus lábios ternos.

O tempo não levou as palavras
Que permanecem a cada noite
Nos meus sonhos,
Sonho com ela,
Assomam lágrimas tímidas
À alva,
E se por vezes esquece-me,
Recordo-lhe que retenho o seu olhar
Aquele amor de outrora,
Transforma-me.
Com a nostalgia próxima,
Com os seus beijos,
O meu olhar finca-se nas lembranças,
E sem dar conta amanheço
Num mar
Sendo ela a orla onde deposito
As minhas ondas
E os meus beijos nos seus lábios.

Beijos
J.

Entre folhas ... Sonhos molhados …

A minha palidez encaixa no seu rosto,
Tímida como nenhuma,
A dor involuntária da sua partida,
Entristece
A tarde fria de inverno.

Deixo atrás,
O olhar de quem amo
Passam as palavras caladas,
Sem nome,
Mulher de pecado inesperado
De um passado amoroso,
Silenciam as tardes
Daqueles que viram,
Temerosas e inquietas as noites,
Dos sonhos que faltam cumprir,
Somando dias,
O prazer vai se derretendo,
Solitário.

Não sei se voar serve para recordar
Ou para deixar cair a tristeza no teu colo,
Têm passado os abraços,
As horas e os dias,
Restam vir,
As realidades,
Enquanto o meu corpo à deriva
Vai ao teu encontro,
Desprotegido,
O tentador contorno do teu corpo,
Com as tuas mãos,
Masturbas a carne,
Que na minha boca
Esteve um dia prisioneira,
Sem correntes.

Um sorriso natural,
Prediz que esse tempo foi realidade,
O tempo não nasce
Com o esquecimento
Se do sonho se alimenta.

Beijos
J.

Entre folhas ... Linhas paralelas …

Detenho-me na estação doida,
Onde o amanhecer se rompe,
Indago entre os sonhos
Que nunca foram,
Invento contos,
Perco-me em labirintos de fumaça,
Espero o comboio seguinte,
Que passa,
Nesta estação de linhas paralelas.

Atrapalha-me o pensamento irracional
Esse que me vem,
Com sobressaltos,
Acolho o primeiro café amargo,
Sento-me no banco dos arguidos,
A minha garganta silencia
O melhor segredo,
Os meus lábios
Pronunciam as minhas visões,
Mítico ou humano
Sempre serei,
Sem pronunciar o teu nome serás livre,
Não acuso ninguém
Nem descrevo a verdade,
O juiz confundido dar-te-á a razão
A que nunca tiveste,
E eu pagarei
O tempo dos pecados compartilhados.

Grávida,
A saudade chora,
O comboio que nunca parte
Não esperará a nossa partida,
Enquanto,
Os amanheceres
Nos recordem o que fomos
Seremos o reencontro,
Dos nossos próprios destinos,
Sem distâncias,
Sem estações,
Que a qualquer lugar nos levem.

Beijos
J.

Entre folhas ... O alento …

Entrega-me o puro alento
Dos seus lábios,
A indolência nobre do seu coração terno,
O brilhante olhar dos seus olhos,
A eterna palavra esperada
O verbo feito realidade,
Deixa os imperativos afastados
Os pronomes pessoais
Suspira-os,
Não os diz,
Falando entre nós
É mais do que aparenta,
Tanto,
Tanto e mais,
Que não sei como a nomear.

Acostumei-me a dizer-lhe amor
E o seu amor corresponde-me.
Entregou-se em alento.
... E corpo.

Beijos
J.

Entre folhas ... Madrugadas mornas …

Escreve na noite,
Em solidão,
Da mesma forma que sonha,
Igual ao que ama,
Tem visto amanhecer,
As estrelas,
Tem sentido o vazio dessa solidão,
O frio
Que deixa a noite escura.

Vence a tristeza
E deixa-a passar
Quisesse a tibieza de umas mãos,
A humidade de uns lábios,
A paixão
Colada a seu corpo,
E o amor apertando o coração,
Pensa que pede demasiado
Neste amanhecer,

E eu,
Penso o mesmo...

Beijos
J.

Entre folhas ... Gosto de … Sentir o teu tesão …

Gosto de saber que me lês,
Que as minhas letras não caem no vazio,
Que não morrem,
Num pestanejar de olhos,
Nem ao desligar o blogue.

Gosto de saber que o vives,
Que te transporto
Ao lugar que dos meus sonhos
Ou das minhas lembranças nasce,
Que vestes a pele do protagonista
E sentes,
O que ele sente,
Que vês pelos meus olhos.

Gosto de imaginar que linha a linha,
A tua pulsação acelera,
Com cada palavra,
Com cada frase,
E que o inicio de um parágrafo,
Seja o nascimento de um suspiro,
De um gemido entre dentes,
Afogado,
Oculto de todos e a todos.

Gosto de sentir o teu coração,
Que se acelera sem conta dares,
Que o rubor manche
De vermelho as tuas bochechas,
E que nas tuas veias,
O sangue comece a bulir,
Que os teus peitos ascendam
E baixem,
Ao ritmo acelerado da tua respiração.

Gosto de ver como notas,
Que os teus mamilos se endurecem
E querem romper o tecido que os tapa,
E ficam marcados,
Pequenos mas torturadores,
Mas ainda não torturados
Pelos teus experientes dedos.

Gosto do aroma que emana o teu corpo,
O elixir perfeito,
Que nenhum perfumista
Poderá igualar,
O perfume que me enlouquece
Quando mo dás,
O que aspiro
Até saturar os meus sentidos.

Gosto que notes como o teu sexo se altera,
E ficas inquieta na cadeira,
Enquanto a acção se desenvolve
Ante os teus olhos,
Dentro de ti,
Sentindo cada carícia,
A cada beijo,
A cada traço desenhado
Pelas minhas torpes letras.

Gosto que sintas os teus lábios humedecidos,
Sedenta de outra saliva
Que não seja a tua,
Faminta de outra carne
Que não seja a dos teus próprios lábios,
Enquanto os teus olhos
Percorrem as linhas
E devoras o meu texto.

Gosto que os teus dedos brinquem,
Por baixo da tua roupa interior,
Molhados de ti,
Julgando ser ela,
Vir-se como ela,
A gemer e a gritar como ela,
A forma como separas os joelhos,
Para que as tuas carícias,
Sejam
Ainda mais profundas,
Para chegar
Onde o meu sexo chega,
Para que a corrente
Entre o texto e o teu tesão,
Seja o curto-circuito dos teus sentidos.

Gosto que o meu ponto final,
Sejas tu,
Com aquele grito louco e afogado
Baixando a tua mão,
Que onde eu acabo, e,
Tu acabas comigo,
Que vivas o que sonho,
Que sonhes o que vivo.

Gosto que me leias…

Beijos
J.

Entre folhas ... Abusamos, abusando-nos …

Depois do abuso do amor,
Do abuso de beijos,
De palavras,
Do abuso do teu corpo,
E do meu,
Que acalmam a minha paixão,
O meu coração,
A minha alma,
E os meus lábios dormentes,
Quando já nada tenhas a dizer,
Guarda silêncio,
Diz que me amas,
Murmura-me,
E o teu eco chegará a mim,
Como uma lembrança,
Como se da primeira vez
Tivesse sido,
Vamos nos fundir,
Como a tarde na noite.

Sou cúmplice da tarde,
Dos teus lábios e pestanas,
Do teu ardor,
Da tua luxúria e da minha.

Somos cúmplices da linguagem
Do amor,
Que se esconde
Por detrás dos nossos corações.

Quando apagas a luz,
Os teus olhos iluminam,
Abusando-nos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Da vida e dos meus sonhos …

Vai-se-me a vida,
Pensando como passam os dias,
E esse pensamento,
Impulsiona-me a pensar
Como chegará o dia,
Nesse momento da vida
Que reclama,
Os meus pensamentos
Afastam-se ao infinito dos meus sonhos,
E os meus sonhos reclamam-me...

Nunca me encontrei tão próximo
Do eixo dos meus pensamentos,
Enquanto os meus sonhos
Afastam-se do centro
Das minhas palavras.

Sinto agora o que sinto,
À fumaça da lareira,
E ao calor da fogueira,
Desnorteia-se o capricho
Da minha debilidade,
Retida na minha memória.

...Com as mãos fortes,
E o coração débil,
Deixo-te um beijo doce.

Beijos
J.

Entre folhas ... A pele da alma …

Rasga-me selvagem o esquecimento,
Fica a lembrança de ti,
Liberta-me de te ter conhecido
E foge,
Foge para o fim,
Antes de eu,
Perder as recordações.

Rouba-me a pele da alma,
Leva contigo as horas
Que te sonhei,
Deixa,
Se queres escrito o vivido,
Antes que eu escreva por ti
O sentido,
E tu escrevas o vivido
Junto de mim.

A lembrança e o esquecimento
Habitam neste mesmo sentir,
Foge,
Foge,
Para mim.

Beijos
J.

Entre folhas ... Inverno na primavera …

Inverno na primavera
Sonhando contos
Que nunca chegam,
Armazenando estrelas
Ou jurando a mim mesmo
Uma felicidade
Que demora.

Quebro as correntes
Que habitam na minha memória
E fujo para longe,
A esse conto
De inverno na primavera
Que ainda está por inventar.

Sonhando contos
Que nunca chegam
Porque estão nas estrelas,
E é grande a distância,
No momento.

Seremos de novo,
Tempo de uma lembrança,
De um mês de Janeiro
De qualquer ano.

E quando tu fores,
Eu serei a mão
Dos teus desejos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Da minha ignorância …

Às vezes é fácil
Ser homem,
Ignorar,
O mundo que nos rodeia
Pensamos no Deus nosso,
Na nossa própria confusão,
Encontramo-nos com ele,
Mantemos silenciosas
As falas solitárias,
Nocturnas fibras
As que nos percorrem
Quando o encontramos,
E não o reconhecemos,
Paz,
Amor,
Controle,
Traição.

Tudo está à nossa volta,
Absorve-me a energia,
Esses momentos delicados
Onde somos dois,
Em um,
A loucura parece branca
E doente,
Planto tulipas,
E crescem espinhos.

Quero fazer-lhes saber
Que nas minhas noites mais intimas,
Essas eternas de insónia
E caminhadas permanentes,
Penso nela,
Não me aflige pensar,
Que pensará como me sinto,
E uma voz trémula
Ainda diz que a amo.

As palavras mais triviais
Nessas noites aparecem
E ela não está para me escutar,
Ou talvez não esteja eu
Para a sentir.

Penso nas suas nádegas,
E Deus ajuda-me a mantê-las
Na mente,
Coração e olhos,
Agradeço-lhe,
Aparecem os seus seios ternos,
Duros,
Retenho-os,
E Deus faz-se com eles.

Justo nesse momento,
Pergunto-me
Porquê ele se mantém a meu lado,
Enquanto ela se afasta,
Com o seu olhar transparente,
Os seus olhos vermelhos,
Lábios amplos,
E uma noite mais,
Não creio em nada,
Só no que vêem os meus olhos.

Supõe-se que sou um pobre diabo
Que exerce de poeta,
Quando converso com Deus,
Disfarçado de mulher,
Enquanto ele,
Me arrasta para o sonho,
Que já conheço…

Deambulando.


Beijos
J.

Entre folhas ... É verdade dizer …

É verdade dizer que a amo
Abertamente e sem complexos,
Que adoro os seus lábios carmim,
A sua figura e a sua silhueta.

É verdade dizer que o seu amor
Resulta como pouco correspondido,
Compreendido,
Arguido e temido,
Dado que compartilha a sua vida,
E não é comigo...
A sua solidão não é o seu inimigo.

É verdade dizer que coincidimos
Em sentimentos,
Químicas,
E sem mal entendidos,
É verdade dizer,
Que sempre sou correspondido,
Nos dias que tem estado comigo,
E também os dias ausentes,
Ficou parte da minha alma,
Incrustada no seu pensamento,
E o seu pensamento é grande.

É verdade dizer que sou uma pessoa
Agradecida e correspondida,
Não temo o verbo amar,
E repto à cobardia,
Por isso,
Esses dias vindouros,
Voltará a estar comigo.

Aproxima-se como uma gota de chuva
E cai na minha almofada,
Sussurra-me ao ouvido,
O seu amor por mim,
E o seu desejo acaba,
Molhando-me,
Por completo.

Beijos
J.

Entre folhas ... Insónias às 3 da manhã …

Há uma lembrança,
De roupa interior
Pelo chão,
Doce pensamento
Ao renascer os meus sentidos
Surgindo entre as lembranças.

Lembranças das minhas mãos
Pelos teus seios,
A tua boca no sexo que te procura,
Essa postura imaginária
De dormir juntos,
Esse acordar sabendo
Que estás a meu lado.

Percorres os caminhos
Dos meus pensamentos
A vereda dos meus desejos,
A senda dos meus anseios.

Não precisas de entender
O que nasce inexplicável da alma,
Grande e infinito como é,
Não se pode marcar fronteiras
Nem limites pessoais,
Não se pode marcar o tempo
Não segue ao ritmo do coração,
Há um espaço na minha alma,
Que assim bate ao ritmo do teu.

Só de querer-te quero,
Querer-te espero,
Que tu me queiras,
Sem desenfreio,
Posso esperar,
A te ter de novo.

Quando a noite se identifica
Com a tua imagem
Desaparecem as estrelas,
Só o teu nome é o eco
Que eleva-me
E impulsiona-me
A recordar-te de novo...
A cada dia.

Beijos
J.

Entre folhas ... Quero que tu sejas…

Serás a paixão de carne,
E de ternura,
A noite branca num dia escuro,
Serás a mão que segurará a alma,
Ou o braço que percorra o meu corpo,
O anónimo verso do meu sorriso,
Pronunciando gentilmente amor,
Serás cúmplice dos meus lábios
A palavra que emancipe a alegria,
A que inspire a viver todos os dias
O roce de um descuido,
Desenterrando o desejo
Da minha calma tímida.

Serás eco,
Orvalho da madrugada,
Mão que embala o adormecido,
Ainda que não escute a tua voz,
No grito do teu telefonema,
Sentirei o eco do teu amor
Sem a nostalgia da ausência
Sentida.

E serás cúmplice como te disse
Do amor que sentimos
Nesse dia,
Do amor puro e verdadeiro,
Esse: que muitos desconhecem…

Beijos
J.