Entre folhas ... Caminhando ...

É verdadeira a noite

Quando se observa a lua

Nua,

Firme no verso e nas palavras

As estrelas e esses abraços

Que tanto nos deliciam.

Um leve suor

Ao compasso do seu quadril,

Desliza pela fissura,

Para dar lugar

À semente da vida

Num fluxo que não pára.

E silencia a alma

Que o corpo clama.

Caminhando...

Beijos

J.

Entre folhas ... Reflectindo ...

Olho os instantes
Das marcas deixadas
Pelo tempo,
O silêncio nocturno,
O do sangue
Que percorre as minhas veias.

O calor perdido
De um abraço
Entre os teus lábios,
O tempo produzido
O voo da tua saia,
O sexo que imaginei,
A realidade que me desborda,

A imaginação
Que vence os meus jogos,
Não há volta a dar,
Ficaram para trás
Os nossos melhores anos,
Os que têm de chegar
Serão fontes para a minha fogueira,
O pasto do meu lume,

Os meus ossos serão pó,
Ou quem sabe terra,
Ou quiçá seja tão só
Um substantivo,
Mesclado com um advérbio
De tempo,
Um verbo,
Poderia ser um verso,
E deixar cair todos os meus pecados,
No ar,
Ou no mar,
Ou na própria terra,
Pois não há Deus que os julgue.

Apesar das minhas façanhas,
Os meus cabelos raros,
E as minhas lembranças
De um homem de meia-idade,
Considero intactos.

Eu sou, só o deus
Dos meus sucessos,
Ou dos meus fracassos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Instintos primitivos ...

Descem as minhas
Mãos nuas
Pela tua pele
Adormecida,
Arrancando os teus sonhos
Roubando as tuas paixões.

Apalpam com frequência
Os meus prazeres
Com as tuas mãos
Os meus instintos
Primitivos.

Desço ao epicentro
Das epidermes
Fica a minha humidade,
adormecida...

E desperto o sonho
Luxurioso,
Com a tua flor húmida.

Beijos
J.

Entre folhas ... Reflexos da lua ...

Reflecte-se a lua
No parte direita,
Da tua cintura.

Beijo-te,
Enquanto nas minhas
Noites caladas e solitárias,
Olho a lua,
E está de costas,
Reflectida no meu olhar.

Há uma entrega constante
De imagens claras
A noites escuras,
Umas veias
Que golpeiam fortemente
O pescoço,
Que palpitam mais do que devem,
E uma sombra que oculta
A tua silhueta feminina,
Ao redor da lua.

Reflecte-se a lua
No parte direita,
Da tua cintura.

Vejo o teu reflexo,
Às escuras...

Beijos
J.

Entre folhas ... Horas ...

Horas e horas,
O coração está destroçado,
Uma casa despovoada.

E onde está agora
A razão e o amor
Que necessito?

O medo é uma linha
Um carril de solidão,
Desabrigado.

Deveria saber de ti
Agora que te foste,

De nada servem os meus versos,
Agora que desapareces-te.

Horas e horas,
O coração está destroçado,
Uma casa despovoada.

Agora o teu corpo é uma estrela,
Um resplendor na relva,
Onde se recostam outros seres,
E palpitam outras emoções.

O medo é uma linha
Um carril de solidão,
Desabrigado….

Uma linha descontínua.

Beijos

J.

Entre folhas ... Amor de Outono ...

Este amor de Outono
De tangos descobertos,
Folhas secas,
E manhãs húmidas.

A hora é essa,
O olhar triste
Que se aprisiona
Entre os dedos,
E se retém
No olhar inerte.

Não costumo perguntar
Como vai a noite
Ou como vão os meus dias.

Este amor de Outono
De reencontros
Faz com que me nutra
De censuradas lembranças.

Avivam-se as minhas razões
As correntes oprimidas
E não deixei de ser eu,

O que sempre tenho sido,
Um amor ao descoberto...


Beijos
J.

Entre folhas ... Memórias ...

Olhos iluminados
Traços do teu rosto
E a minha língua
Questiona,
Como será o tacto,
Da tua pele,

Divirto-me
Com a minha memória
Para esquecer-te,
E logo de seguida
Trato de recordar-te,
De novo…

É então,

Quando um espasmo suave
Percorre as minhas costas,
Um tremor ligeiro…

É então,

Quando as minhas mãos
Acariciam o teu templo…


Beijos
J.

Entre folhas ... Reflexão da realidade ...

Desde o meu silêncio,
Faço a reflexão
Que a vida é um reflexo
Do que somos,
Um espelho deformado
Da realidade,

Às vezes a vida
Passa longe
As hipocrisias
Abrem passo,
Impassíveis,

Deixando os espelhos:

Distorcidos.

Beijos
J.

Entre folhas ... A espera ...

Amordaça-me
Na tua espuma,
Divide a ansiedade que me invade...


Faúlha na noite,
Vem a meu encontro
Eu tenho a lua
Que procuras
E o embrulho dos sonhos

Que são teus.

Beijos

J.

Entre folhas ... Assim ela o quer ...

Roçando os teus mais íntimos
Segredos,
De nuvens esbranquiçadas
Entre lençóis de rosas,
Acariciando os teus peitos
Mordendo-te os lábios,

E se dói
É o amor
Que ela,
Amor, o quer…

Levo-lhe à sua lembrança,
Às sábias pupilas
Dos seus olhos.

Procuro no adentro
Dos meus olhos,
Desta vida já algo vivida,
Invalida-me o cheiro
Desse teu corpo,
Minha aparência,
Minha certeza,
De que existiu a emoção
De saber que fui teu querido,
Agora que a minha vida
Vai por outros caminhos,

E como não espero que venhas
Procurar-me,
As razões encaminham-me
Ao instinto primitivo, e
Caio no sonho,
De que nada foi,

Do que nada é,

Entre lençóis rosas
Mordendo-te os lábios.


E se dói o amor
Que me doam os olhos

De chorar-te...

Beijos
J.

Entre folhas ... Pele opaca ...

Mancha sem contorno
É a minha pele opaca

Cunhado pela vida,
Abraças-me
Tão longe e distante

Amante silenciosa
Amar-te não é castigo
Injusto é não te ter.

Tremem os meus sentidos
Caladamente esculpo
Os teus versos na minha voz.

E a pele opaca
Deixa de abraçar-me
Injusto é o caminho

E não fiz nada de mal
Para merecer este castigo.

(In http://perdidoscomotempo.blogspot.com/ )

Beijos
J.

Entre folhas ... Abandono ...

Mil vezes fui negado
Pelo frio alento
Dos teus lábios

Outras tantas abandonastes
Os meus sentimentos
À pura sorte

E outras tantas mais
Não encontraste
O caminho adequado
Para compreenderes-me.

Poderia ter sido feliz
Como um rio sem fim,
E verdadeiramente
O fui,

Mas nunca contigo.

Beijos

J.

Entre folhas ... Desterro ...

Hoje
Um dia
Como outro qualquer,
Agasalhado
Pela minha própria sombra,

Sem a tua luz,

Choram os sentimentos,
A profunda tristeza
Cala-se,
Enaltecem os sentidos,

Sem a tua voz,
Hoje,
Não escrevo poesia.

É lenta a agonia
E triste o desterro.


Beijos
J.

Entre folhas ... Presságio ...

Pressagio num instante puro
Sem as luzes dos tempos
Passados,

Nem dos tempos

Presentes,
Às escuras,

Um tempo não marcado
No calendário,
Passados desterrados
De amargura.

Se a lembrança permanece
Em um instante,
Com a tua permissão
Penso e vivo,
Penso em ti
Em cada instante.

Para ti
Eu quero a cada dia
O amor que nunca se esquece
A vida que não passe
Nem que me pese,
Viver não é necessário
O inverso é ousadia,
Escritos de dias e dias,

Transíto pela árida cinza
Da verdade e ternura.

Não me fica tempo
Do tempo para pressagiar
O esquecimento,
O escondido…

Demasiado é o querido.

Beijos
J.

Entre folhas ... Não me pertences ...

Poderia odiar os meus sentidos
E negar-me a mim mesmo
Esquecer o caminho percorrido,
E voltar a nascer no
Esquecimento.

Bem sabes que há vazios,
E não há silêncios,
Vivemos entre a realidade
E os sonhos,
A memória
É o aliado eterno,
Dos nossos sentimentos.

Porque escapam-se-me
Os beijos,
Quando respiro,
E chegas quando sonho
Ainda que não te veja,
Sempre te tenho,

Porque escapam-se-me
Os beijos da minha boca
E vão parar à tua boca,
Porque levo impregnada
A pele com o teu nome.

Poderia odiar os teus sentidos
E negar-te,

Mas não faz sentido,
Porque,
Jamais serás minha.


Beijos
J.

Entre folhas ... Supondo ...

Supondo que recobro
A memória exacta
O fogo apagado
Ou as brasas acendidas,

Supondo que suponho
Uma ausência breve
E um adeus longínquo.

Suponhamos
Que a vida acorda
E não recordamos
Das nossas lembranças.


Beijos
J.