Entre folhas ... Fantasiando ...

Longínqua,
Às vezes inexpugnável,
Eterna como a pedra que resiste,
Tão feminina e sensual
Que dói.

Pobre explorador,
Perdido nos caminhos do teu corpo,
Traçando o mapa dos seus desejos,
Curvas nos teus peitos,
Marmóreos,
Acerados,
Que atravessam as suas mãos
Como,
As de um Cristo destronado.

As luas do seu sorriso
Conto-as,
Para não perder
A noção do tempo,
E o vento de sua boca
Refresque-me nas noites claras,
Nas que sorrio,
Olha para ela,
Radiante e estrelada.

E o mapa do vale do seu ventre,
A húmida cascata do seu sexo,
E afogando-me,
Ela é chuva,
Molha-me,
E perco o rastro
Que levar-me-ia a casa,
Sem compreender que nela
É onde tenho o meu lar…

Beijos
J.

Entre folhas ... Cúpido ...

Quero a liberdade do teu corpo
Para sentir os teus movimentos,
A bravura do teu rosto
E afaga-lo suavemente,
Por longo tempo.

Esta hora crepuscular,
Onde o sol se vai embora
Para beijar a lua,
E esse lunar teu
Cerca a tua cintura,
Onde a sempre levas oculta.

E tomo-a,
Sem a tua permissão.

Beijos doces e bom ano.
J.

Entre folhas ... Da água e da tua sede…

Da água e da tua sede,
Da minha fonte tens de beber.

Com a liberdade que se oferece a amar,
Em plena liberdade,
E conscientes de que a lua
Seduz e ilumina-nos,
As nossas almas sentem sem pudor
A noite como um acontecimento,
Da chegada do desejo.

E quando vai o meu corpo menino,
Volta-se em adulto e maduro,
Madura a noite para nós
Para essa mulher que observa,
A minha escrita,
Silenciosa.

Sentir como se acalora o corpo,
A cada noite e a seu lado
Saborear a sua pele,
Enquanto a minha boca ao pensar,
Faz-se água...
Ou líquido,
Elemento que percorre o meu corpo...

Manancial de água fresca,
Penso como as tuas mãos
Acariciam os meus lábios,
Os meus lábios acariciam a ponta
Dos teus dedos,
Beijando-os.

Esta noite quisesse ser lua
Para velar o teu sono,
Esta noite quisesse impregnar-te
Da minha essência,
Que notes como treme,
O meu corpo de menino - homem,
Esta noite quero que vivas,
O amor como nunca o vives-te
Faz de mim, o homem que desejas,
Leva-me pelo caminho
Dos prazeres,
Insanos e ocultos,
Bebe de mim,
Até ao amanhecer.

Da minha água e da minha pele,
Algum dia terás de beber.

Beijos
J.

Entre folhas ... Do poema …

Tenho perdido o cheiro da poesia,
O olhar da puta da frente
A carência de amor e fantasia.
O norte e o sul,
A que chamam os pontos cardiais,
Olho a casa vazia,
Todos os quadros são brancos,
Menos o da janela,
Que penetra
Em linhas rectas no meu olhar.

Um poema
Agora são mil metros
A parte alguma,
Ou quinhentos,
Ou mil quinhentas tentativas,
De palavras e horas vazias.

Um poema agora é retornar
A ter algo de real e fantasia,
E coloco isto aqui,
Porque pode ser que tenha gente,
Que ainda pense que isto
É poesia da desgraçadinha,
E eu;
Não creio em nada,
No nada,
Mais absoluto do tudo,
E o tom que me honra
A ser o mesmo a cada dia.

Tenho perdido o norte e a poesia,
Desde que os meus olhos

Se fixaram-se nela,
Aquela tarde que eu mais me afastava
E ela mais se aproximava,
Ao fundo do lado mais doente e infiel,
Da puta dor que jazia na frente,
Do amor mais pleno,
Frio e inconstante,
Do mais vil dos metais temperados.

Beijos
J.