Entre folhas ... A minha vida sem ela …

Quiçá encontremos,
a realidade do nosso sentir
quando tenhamos esquecido
que fomos livres amando,
presos do tempo,
que compartilhamos sem destino
armazenando horas de espera,
para fazer juntos o mesmo percurso.

Foram tempos difíceis
a ausência não guardou
tudo o que sentíamos,
no final da ausência
chegou o encontro;
seja para bem a ausência
compartilhada.

E quiseram julgar-nos
pessoas como nós
de carne e osso,
adúlteros da própria vida,
trouxeram estrimónios,
e ninguém lhes deu crédito.

Tivemos tempo para falar da alma
e não o aproveitamos
preferimos…
jogar com os nossos nus corpos
ao limite de todos os sentidos.

Não se perderam as horas compartilhadas,
ficaram no baú das lembranças,
ficaram para sempre,
nos nossos sentidos,
quando a ausência de novo se aproximar,
chegarão os dias, que daremos crédito
a todo o vivido.

E ansiaremos que chegue a noite
para recordar todo o acontecido,
as minhas mãos sobre os teus ombros,
os teus braços nas minhas costas nuas,
será o tempo de sentir
os nossos próprios silêncios.

Na flor da noite,
a vida sem ela
é mais triste,
sem ti,
todos os espelhos
são escuros e,
a pena é mais obtusa,
o desejo vai roer-se com as unhas,
e os nossos corpos ficam
abandonados à sua mercê.

Beijos
J.