Entre folhas ... O teu corpo de seda…


Como a seda na minha alma
que desliza suavemente,
coração entrelaçado,
não consigo decifrar o infinito
nos poros do teu corpo,
perco-me milimetricamente,
é como lamber o orvalho
de cada ramo de erva,
quente.


Para mim,
penetrar na tua boca
com o mastro duro do meu navio,
sinto falta de lamber o vazio,
para ti que entras na espuma
das ondas a bater na proa,
ligamos sentimentos,
sinapses de quem somos,
lobos famintos
desde que nos conhecemos.


Sou os teus sentidos
e sentir
aquele que rouba os teus suspiros,
abandono-me
nas tuas cerejas maduras
o que torna as minhas noites tuas,
que transforma o fogo
dos nossos lábios,
que penetra no mais oculto
derramando os teus desejos,
nas dobras
singelas do teu corpo.


Lágrimas de amor,
derramadas no primeiro dia
em que o teu sonho era o amor,
mas primitivo.


Humedecer o meu sexo,
os meus desejos insanos
só de pensar em ti mesmo,
desequilibras os meus sentimentos,
tonificar os músculos
com as minhas mãos,
ternura expressa em silêncio,
especulando com os
pensamentos,
eu imagino assim,
nus e expostos.


Os teus peitos manchados,
da espuma derramada
dizer que me amas,
enquanto eu te amo;
derramado sobre ti,
a inocência da minha culpa,
rodeia-nos o eco de um passado.


Beijos
J.

Entre folhas ... Delírios ...

Eu bebo a nostalgia
no cálice amargo da ausência,
eu tenho memórias quentes e serenas,
o teu corpo junto do meu,
os meus,
teus pensamentos,
os teus actos de menina,
agridoce
de te ter tido tão pouco tempo
dificilmente te lembrarias,
mas o sabor do teu sexo
ficou embebido no meu desejo,
e a candura dos teus lábios molhados.

Alguém disse que beijos pagos
não sabem a nada,
por isso,
eu bebo o meu desejo,
alojado nos meus lábios,
o cálice do meu corpo de madrugada,
na íntegra.

E a tua ilusão é a minha loucura.

Alguém disse que beijos pagos
não sabem a nada,
será que são pagos
com o amor das profundezas da alma?

Beijos
J.

Entre folhas ... Sonham os amantes, e eu… ...



Olho os dois amantes
que se olham,
toco as suas carnes
antes que eles se toquem,
sonho os sonhos
que eles sonharão,
sonho na noite dos amantes
que eles sonharam,
gozo dos gritos
dos amantes que se gozam
sou ternura e sou amor,
sou pranto na minha alma,
as minhas mãos não abarcam,
onde as tuas chegam
sucedem-se noites em solidão,
contradigo-me se te digo
que como eu ninguém amar-te-á,
porque amo-te como ninguém,
contradizem-se os meus olhos,
e tu não estás para acariciar os teus.

Diz-me se me amas,
olhando os amantes,
sonha comigo,
sussurra-me amor ao ouvido,
no mundo dos sonhos reais,
diz-me se me amas,
sem contradições,
faz  amor até que não aguente a
noite,
ou
o dia amanheça leve
para te aliviar.

Beijos
J.

Entre folhas ... Feridas sem sangue ...

Sou das raízes da árvore
que perdura,
da terra lavrada,
queimada,
abandonada,
da água que regressa sempre à sua
origem,
sou do que se sente,
povo amado,
respostas irónicas de gente
que de mim lucra
e trato de dar com palavras
em mãos..

Sou acto e actor
da própria vida
sem contratos sou,
e sem contrastes,
fábula da noite que se meteu com a
dama,
abandonado à sua sorte sou,
sou e seguirei sendo
o que dita o verbo,
tratando de acertar no alvo.

Ainda sabendo
de que poucas vezes
se acerta,
e tantas outras
em que se metem
os dedos em chagas
que não sangram.

Beijos
J.