Entre folhas ... Eco longínquo ...

Crescem-me as mãos,
Alongam-se os olhares,
Estrelas movem-se
Rapidamente,
De tanto as olhar…

Enche-se o coração,
O sangue estala,
Entre as veias,
Fios de seda,
Percorrem-me…

Não que tenha ganho,
Ou simplesmente
Perdido,
Mas sim o vivido…

Ainda perguntam se vivo?

Num eco longínquo,
Abraçados,
Tu e eu,
Desarmados,
Despidos,
Fazemos amor.

E num eco longínquo,
Esquecemos…


Beijos
J.

Entre folhas ... Há vezes ...

Há vezes,
Que a vida pergunta-te
E não respondes
Caem-te estrelas
Do céu
E não as recolhes…

Há vezes,
Que se perde
O mais amado
E a lua
Chora
O seu desconsolo
A teu lado…


Beijos
J.

Entre folhas ... O percorrido ...

Ao fundo,
Entre as marés,
Num espaço impagável
A água das lágrimas,
Desliza…

Onde o amor perde,
O ruído
Ainda sem ti,
Estou contigo…

Assim é a vida,
Única e absurda,
Como estar na ponta de um abismo.

Quem roubou-me as chaves?

Do caminho já percorrido.


Beijos
J.

Entre folhas ... Sonhando ...

Acordo do sonho
Sonhando vivo
Vivendo morro,
Sempre acordo
Sonhando o sonho,
Sonho contigo.

Sonhando morro
Quando acordo
Tudo foi um sonho…

Sinto-me morto
Quando descubro
Que estou sozinho,
Sonho…

E não te tive
Estando vivo.

Sonhando morro,
Se não te tenho.

Beijos
J.

Entre folhas ... Uma amiga ...

Tenho,
Por amiga uma estrela
Que se zanga com a lua,
Quando eu me nego a ela…

Desespera em lua nova
Quando aparecem estrelas
Perto, bem perto dela…

Tenho,
Uma estrela que me guia,
Mas ela ainda,
Não se deu conta.

Beijos
J.

Entre folhas ... Tenho ...

Tenho,
Um mar, onde deixo gravadas
Sobre algumas ondas,
Relatos de sentimentos,
Que passaram pela minha vida
Na popa de um veleiro
No mar de entre sonhos…

Tenho,
Uma montanha sagrada
Com um vulcão de lava branca,
E uma cabana com livros
Da cor esmeralda brilhante,
Onde forjo ilusões
Ainda que pareça mentira
Isto não é o que parece…

Tenho,
Instinto para soltar a âncora
Pregada sobre a areia,
A areia é frágil
E o pensamento
Volátil.

Ainda que não o pareça.

Beijos

J.

Entre folhas ... Desejo humido ...

Desejos húmidos
Incrustados na minha pele

Amar-te não é simples
Esquecer-te é impossível

Desejos húmidos
Voltar a ver-te

Sentir a tua voz
E em silêncio
Ver-te em ti:

Este desejo húmido
De fundir com a tua pele.


Beijos
J.

Entre folhas ... Sozinhos ...

Sozinhos
Partilhamos uns instantes de silêncio,
Muitas palavras no nosso encontro,
Poemas soltos,
Cheiros que ainda perduram,
Rimas compostas
Em noite calorentas…

A mão por baixo da tua blusa
O pensamento aceso,
Sozinhos
Fizemos o que o instinto nos dizia,
Beijos esperados
Fizeram-se eternos
Das esperas intermináveis,
Para,
Tão só isso.

Sozinhos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Trémula carne ...

Fundimos o calor dos nossos corpos
Desafiando a intensidade do desejo,
Trémulas carnes esperam
Um vulcão de lava em erupção,
Entre as minhas pernas…

A funda gruta espera
Sábia e com formosura,
Que com prazer,
Trespassa a minha cabeça,
Marcando a corrente sanguínea,
Não há um acto que não deixe,
Um sabor amargo
E agridoce entre os meus lábios.
Quando estamos juntos,
O norte escapa-se-nos
Porque não há estrelas no céu
E o sul está tão longe…

Fundimo-nos num só espaço
Permanecemos
Esperando
Um final que nem tinha começado…

É a trémula carne imaginando.

Beijos
J.

Entre folhas ... Há amores ...

Há amores que se desgastam
Com a ausência
Que inundam o espaço
Com o nome da pessoa amada,
Assumem lembranças em cada janela
Entrando em cada porta…

Há amores que se comunicam
Com letras de fios de prata
Não se apaziguam os temores
Na distância,
Nem desmancham inquietudes
Pela bonança,
Não são as fitas-cola, nem a coragem
Nem um eleger de palavras
Para a tua alma…

Há amores que se desgastam
Desgranando dias, esperas longas,
Não foi o teu caso.

Foram os meus olhos
De chorar tanto,
Que fui apagando-te…

Beijos
J.

Entre folhas ... És tu o meu verso ...

És tu que desnudas todos,
Os meus pudores,
Os meus desejos,
Abres com as tuas chaves,
O horizonte da minha fronteira,
Dobras as minhas vontades,
As minhas subtis carícias,
Voam,
Pelo teu ar,
Pelos teus movimentos…

És tu que habitas,
Os meus sonhos,
Aqueces o meu corpo,
Escalas nas delicias,
Do meu corpo incendiado,
Na brisa suave,
Perpétua,
És o vento através da minha pele…

És tu a luz dos meus olhos,
Fazes-me prisioneiro dos teus braços,
Das tua mãos,
Da destreza das tuas palavras,
Que inspiram-me,
E nascem versos pela tua presença,
Pela tua distância…

És tu o meu tempo,
E que junto a ti,
Hora após hora,
Imerso nos teus lábios,
No teu corpo…

Penso só no teu nome,
Encerro os meus sentimentos,
No meu interior…

És tu o meu verso,
Mais profundo,
As páginas que escrevo,
A plenitude do amor…

Beijos

J.

Entre folhas ... Último Adeus ...

Enquanto caminhava,
Sentia a sua presença,
Cheirava a sua voz,
Recolhia no meu voo,
Um adeus…

Enquanto caminhava,
Um ai de tristeza,
Inundou o meu coração,
Ficou a lembrança,
Vazia,
As fotografias,
As suas risadas
Em forma de melancolia…

Esse cheiro,
A ela,
Ficou impregnado,
Em cada palavra,
Em cada canção ouvida...

Desde então,
Chora-se,
Lamenta-se,
Esse cheiro a ti,
Esse que me faz sentir,
Bem perto dela…

Enquanto caminhava,
O seu último adeus,
Ficou alojado no meu coração,
Impregnado com o cheiro,
A ela …

Beijos
J.

Entre folhas ... Obrigado ...

Pelos teus gestos,
Obrigado,
Por despenderes algum tempo,
Dentro dos teus pensamentos,
Existem momentos,
Em que a vida derrapa,
Aonde menos se espera…

Uma alma,
Que de repente aparece,
Pede-te para escreveres,
Pede-te para navegares,
E escreves,
E navegas entre conversas,
Agradáveis,
Desagradáveis,
Na escadaria do infinito,
O quotidiano entrelaça-se,
Com marés de ilusões e detalhes…

Fazem-te sentir vivo,
O tempo escapa-se,
É bom encontrar o tacto amigo,
Obrigado,
Por estares comigo…

Pelo sentir dos teus gestos,
Disse uma vez:
“ Que ao morrer,
A alma vai para o céu,
Sem saber que o firmamento,
Está completo.”
Mas não,
Enganei-me,
Ainda fica lugar para dois...

Beijos
J.

Entre folhas ... Copulando ...

Pombas brancas, levantam voo,
Enquanto os nossos olhos,
Olham o céu,
Reflectido em pupilas dilatadas,
Filões de sorrisos,
Dos nossos rostos,
Deitados na relva fria,
Copulamos…

Nos momentos de gelo,
Convertemo-nos em vulcões de fogo,
Sabendo quem somos,
Peles no mesmo espaço,
Olhando as vontades,
Desde a distância…

Outra pomba,
Branca,
Levanta voo,
Pelo meio de dois corvos,
Que fecundam versos,
Nos abismos do firmamento...

Brincando,
Encontro-me contigo,
Almas diferentes,
Caminhos iguais,
Não existem espaços desconhecidos,
Que não copule contigo,
Nas solidões do destino…


Beijos
J.

Entre folhas ... Desejos ...

Quero morder os teus lábios,
Secar os teus olhos,
Bordejar pelos teus peitos,
Roubar o teu tempo,
Acariciar o teu pensamento,
Sentares-te nas minhas pernas,
Molhar-me,
Por ti adentro,
Morrer-me em ti,
Ressuscitar de novo,
Tentar novamente,
Ser teu amante eterno,
Sem pretendê-lo…

Beijos
J.

Entre folhas ... Quero-te ...

E a cada dia,
O desejo louco,
De ouvir dos teus lábios:
“Amo-te, desejo-te, preciso de ti…”...
E a cada dia,
Que amanheces ao meu lado,
Com um sorriso nos lábios,
Dizendo:
“Bons dias amor…”…
Esses pequenos detalhes,
Que preenchem o meu espaço,
E fazem que cada vez seja mais
Indispensável…
E sou zeloso!
Queria ser para ti,
Como o aroma da rosa,
Que tens no teu jardim,
E nesse quarto,
Para que em cada estadia,
Ao entrares,
A cheirasses
E sentisses o aroma
E pensasses em mim…
No entanto amor,
Até as rosas,
Apesar de belas,
Têm espinhos,
E eu também tenho os meus,
Tu o sabes,
Conheces-me bem,
Mas parece não te importares…
Tens uma paciência infinita,
Em não te aborreceres,
Para desfrutares os amores.
Desejava ser diferente,
Oferecer-te cada dia,
Algo melhor,
E cheio de sorrisos,
Dizer-te:
“Amo-te, desejo-te, preciso de ti…”...
E roubar-te um beijo furtivo,
E a olhar-te,
Quando estás comigo.
Desejaria poder oferecer-te também,
Generosidade,
Unida com o meu coração,
Dar a liberdade,
Que os laços do amor tiram
Deste amor egoísta,
Que eu sinto,
Porque para mim
És algo mais
Do que um simples:
“Quero-te” …


Beijos
J.

Entre folhas ... Desejar-te ...

Desejar-te é um sentimento
Que não esperava,
Entras-te em mim,
Devagar,
Roubando a cada dia,
Mais um instante,
Da minha vida,
E enchendo,
Cada vez mais,
Um pedaço do meu coração.

Desejar-te é um sentimento
Que me enche,
Que me dói,
É uma luta constante,
Entre o coração
E a razão;
Amar é ser generoso,
E eu sou tão egoísta,
Só pensando em possuir-te,
De encher-te com prazer,
De encher-te com carícias.

Desejar-te é viver
Constantemente na montanha russa,
Sentindo a vertigem,
Que provoca
Esse sentimento,
Ansiando pelas tuas carícias,
Que são o ar que enchem
Os meus pulmões,
Ansiando um olhar
Que me dê calor,
E desfaça a minha solidão.

Beijos
J.

Entre folhas ... As Cores ...

Azuis são as nuvens,
Vermelhas as rosas,
Verdes são as maçãs,
Cinzentas paisagens,
Tristes olhares,
Quando nada se espera,
Nada guardamos para o amanhã…

Espectro de cores,
Flamejam os meus olhos,
Os lírios vermelhos,
Lábios sedosos,
Beijos ausentes…

Beijos
J.

Entre folhas ... Deixa-me amar-te ...

Deixa-me amar-te,
Sem condicionalismos,
Com este fogo que me queima,
Estas brasas que me afogam,
Quando pronuncio o teu nome...

Deixa-me entrar na tua vida,
Fazer parte dos teus sonhos,
Acolheres-me nas tuas noites,
Respirar o teu alento…

Deixa-me ser o teu protector,
Resguardar-te dos medos,
Ser o abrigo que aquece-te do frio,
Das tormentas do cru inverno…

Deixa-me ser essa flor,
Que perfuma a tua almofada,
Espalhar no ar aromas,
De lírios e alfazemas,
Deixa-me entrar na tua vida…

Deixa-me ser o beijo,
Que cura as tuas feridas,
Quero ser o teu anjo…

Deixa-me ser esse lume,
Que se acende e nunca se apaga,
Que te dê prazer,
Que te faça enlouquecer…

Deixa-me ser a ternura,
Que se esconde na tua alma,
Ser essa voz silenciosa,
Que escuto,
Que aguardo a chegada…

Deixa-me ser a palavra,
Que te incita a falares,
Que apesar de não rimar,
Dão-lhe vida…

Deixa-me ser a tua poesia…

Beijos
J.