Entre folhas ... Pressentimentos …

Hoje,
O meu escrito é oração,
Uma súplica, um reverso
Uma nova mensagem,
Para que te chegue, amor
Impercetível e sincero.

Pressinto de novo
Que de esperar tanto,
Morro,
Mas ainda sabendo que te quero,
Espero de novo.

Os meus beijos são sentimentos,
Que saem dos meus lábios
Aproximando-se dos teus peitos
Nus,
Cálidos,
Ternos.

Pressinto de novo
Que este beijo é o primeiro
Mas ainda sabendo que é o primeiro
Mas ainda sabendo que te quero
Escrevo de novo.

O meu escrito é admiração,
Aos teus mornos pensamentos
Os olhos são premonição
Do que assoma primeiro.

Cálida como o sol
Doce em âmbar
Canção de encontro,
Embalos e caricias,
A tua mão espera a minha vida,
Para alimentar de novo
A minha alma adormecida.

Pressinto de novo,
O último beijo
E os primeiros escritos
Desde os meus silêncios.

Beijos
J.

Entre folhas ... Já quisera …

Contra o azul dos teus olhos
Incrustam-se os desenhos dos meus,
Silenciosos,
Já quisesse o sangue das minhas veias,
Nuas,
Rebentar contra a maré do teu corpo,
Valerá a pena recordar,
O idioma do teu amor
Com as minhas mãos manchadas
Das tuas lágrimas,
Já quisesse poder dizer ao mundo
Gritando em voz alta,
Ser ouvido lá no céu,
Que valeu a pena fusionar os templos,
Num Deus só,
Que não foi em vão
Que se fusionaram sangue e sémen.

Já quisesse que se alguma vez prejudiquei,
Se soubesse que não quis,
Burlando-me do tempo,
Já quisesse que os teus olhos,
Agora,
Nada visse do que meus olhos desenham,
E a propósito,
Vejo o que os teus olhos desenham.

E fujo...

Beijos
J.

Entre folhas ... O entendimento …

Com a ambiguidade que me caracteriza
Ser tudo ou não ser nada,
Ou ambas simultaneamente,
Sou Deus Sou Demónio,
Anjo ou querubim,
Vácuo ou plenitude,
Fogo ou terra,
Escuridade ou luz,
Brisa ou tormenta,
Relâmpago ou raio.

Com a forma de dizer que a poesia
É uma máscara que utilizamos
Que outros tratam de desmascarar,
Escrevo em pensamento,
Medito por baixo dos choupos,
Na brisa,
A lembrança assume,
Aqui de novo
E trespassa os meus próprios
Pensamentos, sem pensar
Nos outros que também pensam,
Caminhando
Livremente e sem complexos de escrita,
Não estou presente,
Não vejo o que escrevo,
Essa ambiguidade
Em permanente luta
Faz com que lance no ar,
Estas palavras,
Esta escrita,
E quem a recolha
Forme a sua opinião,
Tendo em conta
Que hoje caminho disfarçado de falso poeta,
O que sou,
Um eterno apaixonado
Das letras e da palavra.

Palavra para assentir,
Ou para divergir
Para recolher, ou para lançar,
E cada qual que opine o que queira,
Como eu opino de vocês à minha maneira.

Ambíguo de testamento e nascimento
Permaneço intacto ao pensar alheio,
E amarro-me
Às minhas próprias consequências
E saibam,
Que o faço de livre vontade
E sem complexos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Ao cair da noite …


Ao cair da noite,

Abre-se tempestivamente

Do fundo da minha alma,

A lembrança,
Um itinerário completo,
Um mapa,
Uma geografia,
O vento acariciando o seu corpo
Estendida na areia,
O sorriso nos seus lábios ternos.

O tempo não levou as palavras
Que permanecem a cada noite
Nos meus sonhos,
Sonho com ela,
Assomam lágrimas tímidas
À alva,
E se por vezes esquece-me,
Recordo-lhe que retenho o seu olhar
Aquele amor de outrora,
Transforma-me.
Com a nostalgia próxima,
Com os seus beijos,
O meu olhar finca-se nas lembranças,
E sem dar conta amanheço
Num mar
Sendo ela a orla onde deposito
As minhas ondas
E os meus beijos nos seus lábios.

Beijos
J.