Entre folhas ... Em DO menor o amor…

Errante as minhas palavras,
por baixo de mim, a tristeza
em mim mesmo,
encerrado,
ausente,
dor que queima, mata e morre,
renasce ao dia seguinte impertinente,
não se dá conta a morte que não temo,
ao devir negro dos meus dias,
a vida em si é constante morta permanente,
lenta e dolorosa para o que teme,
prematura para quem tudo o sente,
errante passo entre a vida e a morte
sem saber se amanhã estarei irradiante,
ou folha seca que o vento arrasta.

Tem passado o tempo de anestesias
de dizer o que sinto sem ouvir-me,
tenho passado por estações escuras
com passageiros que vão no mesmo destino,
e hoje já vês amada minha,
não sei se concordas o que penso com o que digo,
guarda esta nota;
pode ser que sirva de epitáfio.

Incinera-se o esquecimento pergunto-me,
e alguém lança os restos,
quem vive.
Onde fica o tempo do amor que nunca tem sido?
Onde fica o vivido?
Que queres que te diga hoje ao ouvido?
Demasiadas perguntas,
sem saber se estou dormindo,
sonhando,
nem se te lembras de todo o sentido.

Se da vida e da morte hoje caminho...

Epitáfio:

Fazer amor contigo
é compor música
sussurrada em DO menor,
aproxima o teu ouvido.

Para ti, que não te foste.

Beijos
J.