Entre folhas ... Na borda do abismo




Dias e anos, muitos sofrem,
amam em silêncio
quando são abandonados,
parecem as vítimas de um amor
que só entrou por um lado da cama.

No dia seguinte são pessoas
novamente apaixonadas,
pensando em quem as deixou
gozam com outro na cama,
com o primeiro ou o segundo
que passo a passo encontram.

Amor sem sentido,
que se perdem no nada.

Traz-me uma noite a vertigem
dos dois lados da cama,
quando chores a valer,
saberás que é por estares apaixonada.

Sinceramente,
sem complexos.

À beira do abismo.

Beijos
J.

Entre folhas ... incerto ...



Unifica o silêncio
em solidão,
harmonia e presença,
sem tratar de procurar
o encontro do amor
no nosso eu mais íntimo.

O que chega de fora
Confunde-nos cm tumultos,
há pessoas que dizem se ter
quando na realidade se querem.

A mesma solidão que as une
as separa de uma causa,
parecida à chamada palavra
justiça.
Ninguém costuma compreender o injusto
da mesma forma, e ninguém
costuma ter a culpa quando se apresenta.

Beijos
J.

Entre folhas ... Nevoeiro cerebral ...




Uma neblina,
um segredo de dúvidas
tira-me a voz e deixa-me nu,
o deserto é um remanso de paz
onde o silêncio corrompe almas,
fracassam os beijos que te outorgo
impera a lei do que mais grita,
nus e diminutos,
as gretas
mais profundas,
as feridas
mais ásperas,
e a vontade de as sanar…

Por sorte,
tornam-se
bem mais importantes,
duas,
somos duas feridas das almas
dois impulsos sepultados,
e entre tanta multidão não escutamos
o pulso frenético da ternura,
que nós temos.

Sem sermos capazes de demonstrá-lo,
ninguém te quer tanto,
como eu te quero.

Devora o meu corpo debilitado,
e se a minha ingrata presença
comeu as tuas palavras,
a minha torpe cegueira é sábia,
tanto,
como os meus erros.

Beijos
J.