Entre folhas ... Ironia idiopática ...

Acolhe no dever dos meus dias,
o acaso que se avizinha,
pergunta-me sobre o amor,
todos os dias,
e silêncio é o que a alma grita.

Restauro a minha própria
e fina ironia,
e alheio a tudo o que me rodeia
e acabo por a empregar contra mim.

Quisesse uma lua contigo
em quarto crescente
duas noites de amável sintonia,
em minguante
três beijos intermináveis,
olhando as estrelas.

Olho para o céu e está nublado,
a sangue e fogo pelo teu amor
queimo-me, desespero,
jogo com a esperança,
sei que visitas este canto,
rancorosa apontas ao alvo
das minhas palavras,
e quando crês ter vencido
dás-te conta que tens perdido
todas as batalhas comigo,
se queres fazer amor
primeiro limpa a tua mente,
das impurezas acumuladas,
para que a tua consciência fique despida.

Inconcluso sempre baixo,
como o 23 de Janeiro
o Dia de S. João,
sim,
eu sei,
eu coloco os santos onde quero,
não tenho dono.

Preso da minha liberdade,
drogado das palavras
por prescrição amorosa,
sofro de SESP,
um diagnóstico idiopático.

Uma doença comum
hoje em dia,
já existia
no dia que te conheci,
mas não se contagia.

Se vestisse de negro
não seja que a minha dor,
arraste-te,
ao fundo da primeira declinação
do verbo morrer.

Tem uma imaginação manifesta,
e na ruína da sua palavra,
edifica a dor que nunca teve,
o meu pesadelo,
parece ser a sua sombra,
quando olho a minha sombra a renego,
o andar,
com o verbo amar.

Sou ex preso da minha própria guerra,
sou preso da minha alma,
e nestas mudanças,
ela é livre.

Beijos
J.