Entre folhas ... Noite lenta ...

Morde forte
Os meus desejos,
Aperta com força
A minha voz,
Molha-me
Os lábios de amor,
Amamenta
Os meus amanheceres,
Deixa-me
Saciado e seco...

O vento
Na minha cara,
Toco as tuas pernas,
Nas noites
Quentes e sem pressas,
Entre os lençóis…

E não tenho
Mais lembranças,
Se foi ontem
Hoje,
Ou no amanhã.

Volto a escorregar
Nos meus sentidos
A percorrer
Palmo a palmo
Os meus afazeres,
A dizer-me
Entre silêncios,
Que me queres…

Tem chegado o momento
Que não sei onde guardar
Tanta tristeza,
Partilhar,
Não são só palavras…

E não estás,
Entre as minhas pernas...

Beijos
J.

Entre folhas ... Tanto ...

O coração pesa-me
De pensar tanto em ti,

Tanto,

Tanto é o que estou a amar
Que não sinto carinho,

Sinto um rasgo
Como quando te rasgas.

Tanto que te estou a amar
Tanto,
E tu a ignorares outro tanto,

Tanto que o meu coração
Pesa-me
De te desprezar tanto.

Tanto e tu continuas a amar-me.

Beijos
J.

Entre folhas ... Querida ...

Querida:

Imagina,
Como magoa a ausência
Quando a ausência perdura.

Imagina também
Como me mata o silêncio
Na tua ausência,

E o silêncio não expira.

Teria que te explicar
O som do vento,
Recordar no teu corpo
Os orgasmos sentidos
Tudo o que levo dentro,

E não tenho palavras.

Imagina querida...

Beijos
J.

Entre folhas ... Maldita dúvida ...

Dói a dúvida
Dúvida nua
Na minha mente,

Porque talvez sejamos
Ou tu e eu seremos,
Beijos por todos os lados
Menos na minha boca,

Porque pago o preço
De umas traiçoeiras palavras
Pronunciadas no dia,
Que surgiu a dúvida
Duvida nua,

Sempre soubeste
E sabes
Sem qualquer remédio
Que amo-te
Intensamente,

Que acendes em mim
Uma paixão sem freios
Brasas de gelo
De fogo no corpo
Coração e alma.

E de mim
Tudo
Sem temor entrego-me,
Justo nesse instante
Surge a dúvida,

A traiçoeira dúvida
De saber
Se é que me queres.

Ou és a rameira
Que se aproxima de mim
Para apenas,
Afiar o lápis.

E se é assim,
Permite-me
Ser o teu complemento.


Beijos
J.

Entre folhas ... Fica-me o sonho ...

Rasgo o mapa com as unhas,
Olho desde o vértice mais alto
Vejo-te ao longe,

Penso em ti.

Também tento-o desde o oceano
Desde uma orla até essa praia
Bloqueiam-me os braços na tentativa,

De ver-te.

Cruzando constelações
Viajando entre nuvens altas
Desata-se-me a alma do corpo,

E nunca chego.

Fica-me o sonho
Sempre a ver-te
E não atingir-te,

Mas penso em ti.


Beijos
J.

Entre folhas ... Um sentido ...

Tens um sentido, mulher
Onde habita o silêncio
Um minuto olhando-te ao espelho
Para descobrir
Que ainda ficam vontades de amar
Sentir, vibrar e tremer

Com a mão esquerda
Refugiada no teu sexo
Sabem a sal, os poros
Dessa parte do teu corpo,

Os beijos que imaginas
O corpo que desejas,
O fogo que se esconde
A carícia intuída.

Tens um sentido, mulher
Para descobrir o corpo
Enquanto a mão direita
Acaricia os desejos,

Uns minutos inacabáveis
Pelo éden do teu corpo.

Sabem a mel as lembranças…


Beijos
J.

Entre folhas ... Vazio ...

As vértebras
Fizeram-se
Côncavas
Depois convexas,

Assim mil vezes
Até parir
Este escrito
Que queima.

E não fiquei extasiado
De tanto pensamento
Mas ao invés,

Voltaria a percorrer
Esse corpo,
Que inspiraram
Estas letras.

E está perto
O umbigo no fim do mundo
O cordão umbilical,
Que mexe num vaivém
De sentimentos...

Os que me inspiram...

O seu corpo.


Beijos
J.

Entre folhas ... Missão ...

No solo,
Com os joelhos fincados
Pelo pó do caminho,
Assim olho-te
Com os olhos fechados
De prazer,
E enterrando o pescoço
Entre as minhas pernas,
Cabeça baixa.

As mãos arranhadas
De apoiar em tuas costas
O peso do teu corpo contra a terra.

Com a tua garganta molhada
Esperando,
Sem falar
O que sempre tens desejado.

Assim olho-te
Presa desta minha noite
Submissa,
Como tu,
Como eu,

Como os dois queremos.
Sem interrupções pelo meio,
És a fêmea,
Desta noite...

Minha.

Beijos
J.

Entre folhas ... Instantes meus, teus ...

Aberta de pernas
Esperando
Um sopro brutal
Até aos seus encantos

Agrada-me olhar-te
Explicas-te
Tanto e tão claro
Sem dizer uma única palavra

Só esperando
Um orgasmo que se reduz
A uns instantes de espasmos

O monte não é de Vénus
Hoje faço-o,
Meu
Teu,
Nosso …

Para o cavalgar
Descalços entre a terra.

Beijos

J.

Entre folhas ... Liberdade ...

Não necessito dar saltos
Desde a terra até ao céu
Nem de asas para chegar ao firmamento
Se ao fechar os olhos,
Sinto-te.

Não preciso de asas para voar
Acompanho o teu corpo
Desde que o tempo foi
Nosso…

Geme a ferida oxidada
Sangra e chora por dentro
Desde aquele preciso instante
Em que tudo demos por acabado.

Não preciso de asas para voar
Acompanho o teu ritmo
Ainda que o tempo
Não seja nosso...

Caminho sem segredos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Razões ...

Não existe uma razão
Ainda que a procure
Etérea
Por mais que fosse
Às vezes pergunto-me:
Porquê?

A sombra é alongada
E vejo a luz,
Quando a encontro
Olho-te e não te sinto.

Não há razão para ocultar-te
Quando olho a tua sombra,
A tua sombra reclama-me
E não vou

Jamais caminhamos tão juntos.

Beijos

J.

Entre folhas ... Estás ...

Estás
Porque sou parte do teu passado

Estou porque foste parte do meu corpo.

E o meu corpo não esquece,
A dor do teu
Olhar.

Lágrimas azuis
Confundem-se com o meu horizonte
E entre as ondas
Chegam-me à beira da cama
Para dar-me um beijo
E
Dizer-me até amanhã,
Tristeza da ausência
Mas que terrível é esta.


O pior era o amanhecer
Acordar de novo

Sentir a tua presença longínqua
Prisioneira na distância

E perguntar-me de novo:

Porque caminhas-te?

Em sentido contrário...

Beijos

J.

Entre folhas ... Dúvidas ...

Não sei
Se sinto ausência

Se sinto
Os meus sentidos

Ou é o sentido
Da ausência
O que me faz
Sentir feliz.

Beijos
J.

Entre folhas ... Fugas perpétuas ...

Em alto voo
Sem poder deter-se
Como a noite se perfila
Em mil pedaços
E no desejo habita
A mão do amor…

O pulso das horas,
Vai-se avariando,
Como se quisesse saber
Das fugas perpétuas…

Enquanto espera,
A crosta dos anos,
A consciência erguida,
E confusa
Rompe-se em mil pedaços…

Sonhos de estrelas,
A noite se perfila
Em mil pedaços
Sem poder dormir,
A consciência dita,
Seguir...

Amante sem condicionalismos,
O seu tempo vai deixando
As suas lembranças,
São os seus anos,
Os seus sonhos rompidos
Que no papel vai deixando,
Passam os dias
E assim, segue amando...

Beijos
J.

Entre folhas ... Estalidos ...

No meio das águas cristalinas,
Essas brisas marinhas,
Esse espaço,
Não queriam,
Se retinham
Um breve estalido seco
Numa essência adamada
Um afogado silêncio
Um grito surdo
Uma mordaz persistência
Sem mais,
Eram duas
Agora só fica uma.

De um suave disparo
Tão certeiro como estúpido
Acabou com o primeiro
As águas correm a dor do seu sangue
A brisa cheira a morte
Um afogado silêncio
Um grito surdo
Acabou com a sua vida...

Quando mais a queria.

Beijos
J.

Entre folhas ... Espectros ...

Quis ser espuma
Para rodar pelo teu corpo,

Lama incandescente
Para fundir em tentativas
A nuvem de espuma,
Fogo no teu ventre
Espectro real
Silêncio inerte…

Quis ser espuma
Rodear a tua cintura
Cúspide secreta
Das minhas desventuras.

Apontam ao norte
As carícias rasgadas,
E encontro-me ao sul
Dos teus horizontes.

Beijos
J.

Entre folhas ... Sou amor quando o amo ...

Sou amor quando o amo
Sou amor quando o escrevo
Sou a sua diferença instável
Cunhado não amo
O amor escapa-se-me
Da caneta,
Pela minha mão,
Sou o amante de amado.

Beijos
J.

Entre folhas ... Lá se vai a minha vida com isso …

Estendida
Como asas ao vento
Brincando entre as nuvens,
Excitas-me.

Abrindo
As tuas delicadas pernas
Ensinando-me,
As tuas grutas mais profundas,
No universo de teu corpo,
Excitas-me.

Só de pensar,
Ai a minha vida…


Lá se vai a minha vida com isso.

Os teus seios,
Duas ilhas em alto mar
Por ele navegam os meus veleiros,
Só com os meus dedos…

Lá se vai a minha vida com isso.

Estendida,

Esperando o meu amor,
Dizes-me que este verso é o mais belo,
Mas, equivocas-te,

Quero que me digas: amor, amado, amante,
Não há nada mais preciso neste instante,
Que gozar do teu corpo,
Olhar o teu sexo,
Abraçar os teus seios,
Encostar-me ao teu leito,
Por tudo isso...

Lá se vai a minha vida com isso.

Amor,
Dás-me tu a cada instante
Sozinho recordando-te,
Navegar no teu corpo sussurrante,
Plantar raízes,
Nas tuas grutas mais escuras,
E perder-me entre: amor, amado, amante.

Lá se vai a minha vida com isso.


Só recordando-te,
Excitas-me.

Vai-me a vida com isso
Quando digo: amo-te,
E não permaneço a teu lado.

Beijos
J.