Entre folhas ... Para chegar ao teu corpo ...

Deixa-se a vida deslizar,
Como uma lágrima no rosto suave
Deixa que te fale do silêncio,
Da compostura que o amordaça,
Do pranto triste,
Da melodia amarga,
No ar, sons ocos,
Na tua pele ninguém escreveu versos.

De tanto a muito recordo-te,
Os meus olhos libertam-se espontâneos
O teu ventre inclinado para a minha pélvis,
Dois corpos nus e em silêncio
Atados, nossos olhos à lembrança
A vida deixa-se deslizar,
De amor engana-se a noite
Percorre a minha pele sem cadências
Unem-se as raízes mais profundas
Encontrando-se as vértebras,
Sem temores de julgamento,
Amo-te
Ao vértice das minhas noites silenciosas,
A lágrima com vida
Deixa-se deslizar pelo rosto.

Para chegar mais longe,
Os nossos pés
Têm de seguir a realidade incerta
Atrevemos-mos a falar,
Chamam-nos loucos
Neste mundo de sensatos.

O teu rosto deixa-se pela minha vida,
A vida deixa-se deslizar pelo teu rosto.

Beijos
J.