Entre folhas ... Entre boleros ...



Não entendo a luz no teu refúgio,
nem acontece no presente a tristeza,
avanço fiel e sem tempo
dando o rosto em contracorrente.

Quem amasse sem temor as suas vergonhas,
de temer só teme a sua vertente,
não deixeis abandonada a vossa sorte
o amar livre de expressão e de palavra,
caminhando livremente,
despimos,
o profundo que encerra,
a nossa mente.

Dançando boleros,
Passam as minhas noites
entre as tuas pernas,
no indiferente sentir
dos meus dias,
a bondade está na semente
do sentir como sentes,
a cadencia das notas
tornam-se fortes,
ao notar no meu perfil
os suores frios que me vêm de frente.

Não entendo a luz no teu refúgio,
Escape-se-me
a alegria na tua ausência,
devolve-me a voz
para te dizer,
que quero-te intensamente.

Sempre fica tempo
para uma promessa.
Ainda que nunca chegue...
entre boleros…

Beijos
J.

Entre folhas ... Indômita ...



Parece que foi ontem
que te disse adeus,
parece que o tempo não passa,
de tanto amor que tenho,
de tanto dizer: quero-te.

Hoje de alguma forma
sigo sendo um ontem
que nunca morre,
amanheces comigo,
ainda em sombras,
sendo dia,
hora vermelha,
cumeeira plana,
serra indômita.

Não te quero no esquecimento,
não é o mesmo,
o tempo de permanência
entre mim,
contigo,
ou sem ti.

Não me posso perder
na tormenta,
é a tormenta que me guia.

Beijos
J.

Entre folhas ... agulhas oxidadas ...




Como agulhas que se espetam nas palavras,
na epiderme que me acolhe à noite
independentemente do que dizem,
para não ferir o que já padece em demasia.

Invadido pela noite, apesar de já ser dia,
os sonhos que não foram cumpridos,
abraços, como aranhas entre os olhos,
as madrugadas de desejos,
enterrados.

Admitir um pouco da bondade humana,
um pouco de calor de uns lábios húmidos,
um hino ao amor,
sem justificações,
um pouco do que falta ou não sei,
estendo os meus braços ao vazio,
do nada,
encontro agulhas oxidadas,
as palavras,
feitas de trapos, mesquinhez
esse desejo com preço que ninguém pagará...

Exceto a melhor metáfora da alma
onde os desejos se escondem,
e os sonhos repoisam entre agulhas
oxidadas.


Beijos
J.