Entre folhas ... Sonhos molhados …

A minha palidez encaixa no seu rosto,
Tímida como nenhuma,
A dor involuntária da sua partida,
Entristece
A tarde fria de inverno.

Deixo atrás,
O olhar de quem amo
Passam as palavras caladas,
Sem nome,
Mulher de pecado inesperado
De um passado amoroso,
Silenciam as tardes
Daqueles que viram,
Temerosas e inquietas as noites,
Dos sonhos que faltam cumprir,
Somando dias,
O prazer vai se derretendo,
Solitário.

Não sei se voar serve para recordar
Ou para deixar cair a tristeza no teu colo,
Têm passado os abraços,
As horas e os dias,
Restam vir,
As realidades,
Enquanto o meu corpo à deriva
Vai ao teu encontro,
Desprotegido,
O tentador contorno do teu corpo,
Com as tuas mãos,
Masturbas a carne,
Que na minha boca
Esteve um dia prisioneira,
Sem correntes.

Um sorriso natural,
Prediz que esse tempo foi realidade,
O tempo não nasce
Com o esquecimento
Se do sonho se alimenta.

Beijos
J.

Entre folhas ... Linhas paralelas …

Detenho-me na estação doida,
Onde o amanhecer se rompe,
Indago entre os sonhos
Que nunca foram,
Invento contos,
Perco-me em labirintos de fumaça,
Espero o comboio seguinte,
Que passa,
Nesta estação de linhas paralelas.

Atrapalha-me o pensamento irracional
Esse que me vem,
Com sobressaltos,
Acolho o primeiro café amargo,
Sento-me no banco dos arguidos,
A minha garganta silencia
O melhor segredo,
Os meus lábios
Pronunciam as minhas visões,
Mítico ou humano
Sempre serei,
Sem pronunciar o teu nome serás livre,
Não acuso ninguém
Nem descrevo a verdade,
O juiz confundido dar-te-á a razão
A que nunca tiveste,
E eu pagarei
O tempo dos pecados compartilhados.

Grávida,
A saudade chora,
O comboio que nunca parte
Não esperará a nossa partida,
Enquanto,
Os amanheceres
Nos recordem o que fomos
Seremos o reencontro,
Dos nossos próprios destinos,
Sem distâncias,
Sem estações,
Que a qualquer lugar nos levem.

Beijos
J.

Entre folhas ... O alento …

Entrega-me o puro alento
Dos seus lábios,
A indolência nobre do seu coração terno,
O brilhante olhar dos seus olhos,
A eterna palavra esperada
O verbo feito realidade,
Deixa os imperativos afastados
Os pronomes pessoais
Suspira-os,
Não os diz,
Falando entre nós
É mais do que aparenta,
Tanto,
Tanto e mais,
Que não sei como a nomear.

Acostumei-me a dizer-lhe amor
E o seu amor corresponde-me.
Entregou-se em alento.
... E corpo.

Beijos
J.

Entre folhas ... Madrugadas mornas …

Escreve na noite,
Em solidão,
Da mesma forma que sonha,
Igual ao que ama,
Tem visto amanhecer,
As estrelas,
Tem sentido o vazio dessa solidão,
O frio
Que deixa a noite escura.

Vence a tristeza
E deixa-a passar
Quisesse a tibieza de umas mãos,
A humidade de uns lábios,
A paixão
Colada a seu corpo,
E o amor apertando o coração,
Pensa que pede demasiado
Neste amanhecer,

E eu,
Penso o mesmo...

Beijos
J.

Entre folhas ... Gosto de … Sentir o teu tesão …

Gosto de saber que me lês,
Que as minhas letras não caem no vazio,
Que não morrem,
Num pestanejar de olhos,
Nem ao desligar o blogue.

Gosto de saber que o vives,
Que te transporto
Ao lugar que dos meus sonhos
Ou das minhas lembranças nasce,
Que vestes a pele do protagonista
E sentes,
O que ele sente,
Que vês pelos meus olhos.

Gosto de imaginar que linha a linha,
A tua pulsação acelera,
Com cada palavra,
Com cada frase,
E que o inicio de um parágrafo,
Seja o nascimento de um suspiro,
De um gemido entre dentes,
Afogado,
Oculto de todos e a todos.

Gosto de sentir o teu coração,
Que se acelera sem conta dares,
Que o rubor manche
De vermelho as tuas bochechas,
E que nas tuas veias,
O sangue comece a bulir,
Que os teus peitos ascendam
E baixem,
Ao ritmo acelerado da tua respiração.

Gosto de ver como notas,
Que os teus mamilos se endurecem
E querem romper o tecido que os tapa,
E ficam marcados,
Pequenos mas torturadores,
Mas ainda não torturados
Pelos teus experientes dedos.

Gosto do aroma que emana o teu corpo,
O elixir perfeito,
Que nenhum perfumista
Poderá igualar,
O perfume que me enlouquece
Quando mo dás,
O que aspiro
Até saturar os meus sentidos.

Gosto que notes como o teu sexo se altera,
E ficas inquieta na cadeira,
Enquanto a acção se desenvolve
Ante os teus olhos,
Dentro de ti,
Sentindo cada carícia,
A cada beijo,
A cada traço desenhado
Pelas minhas torpes letras.

Gosto que sintas os teus lábios humedecidos,
Sedenta de outra saliva
Que não seja a tua,
Faminta de outra carne
Que não seja a dos teus próprios lábios,
Enquanto os teus olhos
Percorrem as linhas
E devoras o meu texto.

Gosto que os teus dedos brinquem,
Por baixo da tua roupa interior,
Molhados de ti,
Julgando ser ela,
Vir-se como ela,
A gemer e a gritar como ela,
A forma como separas os joelhos,
Para que as tuas carícias,
Sejam
Ainda mais profundas,
Para chegar
Onde o meu sexo chega,
Para que a corrente
Entre o texto e o teu tesão,
Seja o curto-circuito dos teus sentidos.

Gosto que o meu ponto final,
Sejas tu,
Com aquele grito louco e afogado
Baixando a tua mão,
Que onde eu acabo, e,
Tu acabas comigo,
Que vivas o que sonho,
Que sonhes o que vivo.

Gosto que me leias…

Beijos
J.