Entre folhas ... Oculto entre o nevoeiro ...


Sei quem és porque foste
acompanhando os meus passos,
estiveste nas ausências,
nas horas das minhas noites,
sei quem és ainda quando os teus lábios
não me pronunciam,
estiveste a brincar,
muito próximo da minha
essência,
nesta lonjura não cabe recordar os
substantivos,
há vezes que sou pele oculta entre o nevoeiro,
outras tão próximo e sensível às tuas
ausências,
que se detêm a meu tempo
 a distância de um instante,
fugaz,
a solidão da noite , sinto-a
menos fria
que o corpo ardente de que não tive ,
nem o teu aroma de primavera solarenga,
nem a tua água,
abraço-me à tua lembrança na primeira pessoa,
sendo a terceira, a que te contempla
doce,
mulher,
fugaz como a nota composta de um arpejo,
sons de um amor bem estruturado dos
anos
da juventude  primaveril,
que ainda te chama,
da maturidade acompassada de ilusões
terna como o mais terno dos talos,
de seios duros e complacentes
olhares.

Sei quem és porque ainda me acelera o
pulso pensando-te,
as minhas lembranças mantêm-se vivas
como se ontem estivesse ao teu lado,
aceleram-se as artérias e propagam sangue
pelas minhas veias
ainda não perdendo o julgamento,
não me engano.

Mulher ,
vi-te através da tua nudez,
o meu pretérito perfeito,
não me tentes
a percorrer  a tua geografia numa única viagem
sem volta.

E tentou vir procurar-me.

Beijos
J.