Entre folhas ... Viajante de sonhos ...

Eu que me fiz viajante de sonhos
Tomei da minha mão as palavras,
Que pintei rascunhos no céu,
Eu que tanto pude e nada devo,
Devo-lhe a ela este amor sincero.

Soube contar as horas que em ti:
Estive,
Mordendo-te,
Abraçando-te,
Beijando-te, ardendo,
Fodendo de palavras.
De corpo e alma,
Semeei no teu corpo
A semente do amor,
E como tudo acaba
O nosso acabou sendo,
Um casal desfeito.

Sempre encontrou o que procurava
Nessa ocasião,
O meu sangue não estava correndo,
Terminou com ela,
Ficaram as suas vontades
De vingança na almofada.

Beijos
J.

Entre folhas ... Flor de vida e morte ...

Pétalas brancas,
Fúcsias ou violetas,
Quem o diria?
Dos seus condutos lactíferos,
Da cápsula extraindo
O veneno que mata.
Quem o diria?
De olhar tanto a flor
Por dentro brilho
Por fora mata,
Os meus olhos desatam-se.
Se achar quisesses o conduto do amor
Que regula a minha vida,
Procura nas minhas veias
Endurecidas,
Paralógica a vida.
Quem o diria?
Pétalas brancas que matam
Fazem-te seguir, vivendo,
Na força de alcançar o veneno
Que com tudo acaba.
Flor não deixe de crescer
Seguirei cortando os teus condutos,
E tu,
Emborrachando a minha vida
Às vezes quente, às vezes fria,
A flor da dormideira,
Que faz amar às cegas.
Sem reparos.

Quem o diria?

Beijos
J.

Entre folhas ... Do amor estremecido ...

Sobe e desce
A sua língua ousada
Sobre o meu ventre
Engole-me,
Estremece-me,
O seu rastro de saliva
Convertido em sua presa
Os seus lábios manchados,
Com o carmim
Que desprende do meu membro,
Estremecido,
Tem de se apoiar no meu corpo,
Não suporta a sensação
De tanto sentir,
O equilíbrio não obedece.

No seu corpo a minha essência
Ela, a essência da minha vida,
A que me rouba os sonhos,
Desequilibramos e ficamos
Quando se fazem dos sonhos
Realidades.

São as suas raízes,
E os meus sonhos
O brote dos meus sentimentos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Libertando-me ...

Liberta-me o suave alento
Que da minha boca desprende,
Liberto os meus pensamentos
Com os meus atos,
Ao mesmo tempo em que liberto
De mim mesmo,
Aquilo que nunca quis.

Libertam-se os meus dias,
E nas minhas noites encontro
Os reproches ao meu feitio,

O silêncio cobiça-me.

De madrugada os meus sentidos
Agudizam-se e ditam,
As sentenças nos meus dias,
Sem juízes alheios.

Beijos
J.

Entre folhas ... Náufragos ...

Ficam os restos de um naufrágio,
Ficam,
Pelo tempo espalhados,
Ficam,
As lembranças, ficam, intactos
Entre os sentidos,
Fica o amor escondido,
Fica o tempo vivido.

Ficam silêncios,
Fica-me a dúvida do que não tem sido,
Fica a dúvida encoberta
De tanto te ter querido.

Beijos
J.

Entre folhas ... Só por ti liberto-me …

Só por ti molho o umbigo,
Beijo os teus lábios,
Mordo os teus ombros,
Arranho as tuas costas,
Só por ti hoje vivo,
Amor espontâneo,
Nada me estranha em te querer,
Forte,
Intimo,
Que lamba os teus dedos e desculpo-me a meu Deus,
Após ter tocado o teu sexo,
Rosado,
Reflexo de uma nuvem,
Semicoberta pelo sol,
Só por ti,
Molho os lábios nos teus fluidos,
Afundo a minha língua bem por baixo,
Venço o cerrar das tuas pernas,
E perdi o tempo antes de te conhecer,
Cuspo um passado,
Agora sou capaz de te cheirar
Sem as distâncias,
Tanto é o fluido que emana do teu sexo,
Sudoroso,
Suplico às linhas do teu corpo,
Que se aproximem,
Aproximando-se deformo os teus seios altivos,
Penetro onde os lábios
Da tua carne empurram,
Incessantes,
Desejosos,
E chego,
Chego…
Parece ser que chego ao abismo do meu sul,
Onde a minha consciência apaga-se.
Sei que pensa na presença
Viril da minha glande
Que se aproxima para lá,
E com aparente dor da sua
Boca,
Retira-se.
Bem o quisesse seu!

Beijos
J.