Entre folhas ... Sonhos ...

Ficam para trás,
Talvez,
Os melhores anos,
O abraço da cada manhã,
A saudade incerta.

Somos muitos os paranóicos,
Que vivemos o presente,
Com um,
"Deixa lá…"
Que não é assim,
Tão verdadeiro,
Porque quando recordamos,
Ainda trememos…

Dorme a musa ensonada,
Dorme o que de dia trabalha,
Dorme aquele que não é o teu sonho,
Dorme em teus sonhos o teu dono,
Dorme a vida nos teus sonhos,
E eu durmo entre os teus sonhos,

Quando não te tenho, vivo sonhando...

Beijos

J.

Entre folhas ... Seduz-me ...

Seduz-me a tua poesia
Convertida em desejo,
Pele contra pele,
Alma contra alma,
Numa dura batalha.

Entre os beijos e abraços,
Deixo a intenção doce
E as manchas de sémen
Nos teus lençóis azuis,
Com a consciência limpa
De ter-te querido,

Sem sentido.
Toda a noite.
E as que nos esperam...

Beijos
J.

Entre folhas ... Interpreto ...

Interpreto
Sons saídos pelo nariz,
Soltando bafos pela sua boca,
Recolhendo o próprio veneno,
De pernas abertas…

Rodeada de enganos,
Luzindo os seus melhores vestidos,
Calçando pensamentos
Que não eram seus…

Sabendo-se quente,
Às vezes mundana
Outras fria,
Passavam assim os seus dias.

Saindo pelo nariz,
Todas as mentiras.

Beijos

J.

Entre folhas ... Ausente a lembrança ...

Se não morro de amor
Morro a cada dia
Querendo-a…

Vivo o ausente
Sonhando que não morro
Vivendo como morto…

Se não morro de amor,
Pressinto que não
A vou voltar a ver,
Pelo menos a minha sombra
Está com ela…

Se não morro de amor,
Ausente a lembrança,
Palpita-me a pele
De tanta a recordar,
E vivo sem os seus sonhos,
Porque ela assim o quer
E eu o aceitei,
Sem contemplações.

Beijos
J.

Entre folhas ... Sonetos ...

Podia desenhar-te
Sonetos
Em todas as partes
Do teu corpo,
Podia ser um vulcão
Em fogo,
Lava incandescente
Que te queimasse,
Coluna erecta
Que penetrasse,
Até ao fundo
Do teu templo
Mais sagrado,
E fazer-te pagã,
Das minhas noites
Consagradas.

E ainda esperas...

Beijos

J.

Entre folhas ... Tormento ...

Inóspito tormento
Entumecido,
Anos sombrios,
Ausentes,
Carícias desaparecidas,
Nestes dias sinuosos,
Caminho,
Lamento e morte lenta,
Desenho-te,
Na sombra,
Que só em mim habita.

Para além,
Sem mim,
Dos prazeres insanos
Contigo,
Sentindo de algum modo
A ignorância,
De te ter conhecido
Fulmino-me lentamente,
E abandono
As lembranças,
Metendo a alma,
Num batido silencioso,
Do meu coração,
Para que nem eu mesmo,
O ouça.

Diz-me onde e que estás,
Porque afinal
Já te foste,
Para sempre
E possa rir-me,
Em altas gargalhadas
De mim mesmo.

Beijos

J.

Entre folhas ... Costumes ...

Acostumar-me
À absurda impotência,
De saber que não és minha,
Às horas de impaciência baldias,
A tua forma de querer,
Que não é a melhor.

Acostumar-me
A encostar-me sobre os teus seios nus,
A tocar a tua pele,
Olhar as tuas costas arqueadas,
A guardar silêncio,
Quando tu te calas,
A tua forma de dizer,
O que eu não quero ouvir.

Acostumar-me
A pressagiar como serão as tuas noites,
E as minhas quando estás ausente
No desgarrar dos meus sentimentos,
Quando não te tenho por perto,
Tenho de me acostumar.

Acostumar-me
Distante do mundo,
Respirar serenidade,
Quando não te tenho,
A gritos afogados
Esconder-me na minha alma,
A dizer palavras,
A imaginar os teus lábios,
Sublimes,
A minha saliva entre a tua púbis,
Nos teus mamilos, também,
Acostumar-me em definitivo.

Acostumar-me.
Aflição, esta do domínio alheio
Respeitando as consequências,

E tu passaste por isso...

Sem o conseguires…

Beijos

J.

Entre folhas ... Princesa da noite ...

Agrada-me olhar a lua,
Em quarto crescente,
Respiro o ambiente
E a poesia,
Cola-se pelos meus poros,
Por mim dentro.

As tuas poesias da meia-noite
Alimentam a minha alma
Nas noites que posso olhar a lua.

Hoje dispo os meus versos
E os meus beijos são para ti,
Princesa da noite,
Lua de todas as estações
Mentora das minhas emoções,
Turbilhão de paixões,
Amor sem nome.

Sem pressagiar o caminho
Um tempo,
Que se nos vai
Num presente infinito.

Beijos

J.

Entre folhas ... Sou água, sou terra ...

Desconfiado infiel
Com mais de uma mulher
Sendo homem
De uma sozinha companheira.

Não preciso de negar
Que quis muitas
Às vezes ao mesmo tempo,
Outras,
Uma a uma…

E com o passar do tempo
Tenho chegado a saber,
Que na realidade
As sigo,
Amando-as a todas.

Depois da palavra amor
Depois de um só querer
Esconde-se uma mulher,
Sozinha,
E vários corações.

Ainda que alguns não o entendam...

Beijos

J.

Entre folhas ... Permanências ...

Os beijos dos teus lábios,
Sabem-me a pouco,
Tens de os dar a tragos,

Entre grades invisíveis
Rodeada de folhas secas e caducas

Permaneces,

Mornos olhos,
Que ao os ver
Vê-se acomodada na lua
Dos dias que pela tua vida
Passaram felizes,

Os beijos dos teus lábios,
Bebem-se a tragos
Como duende trémulo
No fundo dos meus olhos,

Permaneces

Entre grades invisíveis
Rodeada de antigas primaveras
E solidões secas,

Como quem olha o vazio
Esperando ser enchida de orvalho.

E nunca tenho sido teu,
Por completo.


Beijos
J.

Entre folhas ... Envolta em fumaça ...

Envolta em fumaça,
A tua silhueta,
Denotando amor e talvez fastio,
Falando como falas
Com todos os teus sentidos,

Basta-me um olhar
Para compreender que sabes
Ou que soubeste,
Talvez o que imaginas,
Amor de uma noite inquieta

Revolta entre a tua fumaça
E os meus silêncios.

O teu ventre
Não pode receber a semente,
Que tanto desejavas,
Mas o teu corpo
Soube do meu estado
E da minha presença.

Quando mais o necessitava.

Beijos

J.

Entre folhas ... Encontro ...

Encontrou o homem,
Do outro lado do espelho
Estava no eixo do seu quadril,
O epicentro do suor
De uma noite luminosa,
Os seus montes,
As suas pregas,
As suas curvas,
As suas tentações
E no centro
O amor dos seus amores.

E suas flores.

Beijos
J.

Entre folhas ... Madrugada ...

De madrugada,
Luzes ténues,
Ninguém saberá nunca,
A hora exacta,
Talvez nem tu,
Nem eu,
Nem a lua que observava,
O cheiro a rosas junto à almofada,
Olhares cruzados,
Dizem tudo,
Calados,
Uma intuição,
Um beijo ardente,
Baforada,
Mil pensamentos,
A entrecruzaram-se,
Só foi um segundo,
Preciso e certeiro,
Tudo estava em calma,
Menos os desejos.

Ninguém pode culpar,
Quem foi o primeiro
Em tirar a roupa,
Ficarmos nus,
Olhamo-nos devagar,
Pelo corpo inteiro,
Beijar as nossas peles,
Saciar os desejos.
Abraço-te,
Beijo-te,
Acolho-te no meu corpo,
Tens-me,
Tenho-te, beijo-te, tens-me,
Descubro-te inteira,
Vês os meus segredos.

Abatidos e desarmados,
Quiséramos ver-nos,
Cheios de prazer e ternura,
Descansando,
Sobre as horas
Que os teus lábios pousaram
No meu corpo,
E o teu corpo reclamava um olhar,

Pensando no tempo,
Que nossos corpos
Reclamar-se-ão de novo,
Sem darmos conta
Que esse tempo não existe,
Porque o meu corpo
Reclama-te de novo.

Digo o teu nome.

E digo paz.
E sai-me amor,
E amo
Ainda sabendo
Que haverá um amanhecer melhor.

E tu o sabes...

Envolvido entre os teus lençóis
Ignominia dos nomes
Nação do mundo
Amor sem nome.

Caminhamos pouco tempo
O tempo justo,
Para compreender
Que fica muito por dar.
E todo para receber...

Caminhamos...

Beijos

J.