Entre folhas ... Sensações...

Não guardarei o amor
Que não tem sido fiel,
Companheiro,

Das minhas tardes
De estio,

Com as janelas
No meu olhar,
E o olhar perdido
No amor,

Empanarei
As janelas,
E deixarei
Que a ciclotimia
Me abandone,

Pois não há estado
Mais puro para compor,
Que os ciclos dos teus estados,
Impuros.

Beijos
J.

Entre folhas ... Ego ...

Corre o ego
Covarde das horas,
Tem um preço
O beijo que nunca deste,
O amor que sempre escondeste.

Tem um preço,
O desdém dos teus desmaios,
E recaem sobre mim,
Como culpas tenebrosas,
E espelhos partidos.

Tem um preço,
O rosto opaco,
Que nunca descobriste,
O orgasmo fingido,
A infame pornografia
Do teu corpo.

Agora que nós
Nunca fomos,
As silhuetas disformes,
Que imaginamos:

Põem-nos um preço
E ignoramos
O que valemos.

Corre o ego
Covarde das horas,
E a antologia
De uma tentação
Sem nome.


Beijos
J.

Entre folhas ... Hoje, a saudade ...

Hoje,
Precisamente hoje,
Que as minhas mãos
Atraiam a tua calma.

Hoje,

Precisamente hoje,
Que tenho vontade de chorar,
Junto
À tua cama, hoje
Tenho a tua vontade.

...e estás longínqua.

Beijos
J.

Entre folhas ... Infiel ...

Porque vai chegar,
Já não há espera
Nem penso nela,
Ainda que sei que está
Presente,
Em cada instante.

E tarde ou cedo
Interrogar-me
E deixarei seduzir-me
Para sempre.

Ganhei-a na batalha,
De uns anos.

E enquanto,
Doeu tanto a dor,
Da sua ausência...

Que a sigo sendo infiel.
Porque vai chegar,
E já não a espero.

Beijos
J.

Entre folhas ... Rosto nocturno da amante ...

O morno rosto da noite,
Tinha nome de mulher,
De diferentes texturas,
De estrelas coloridas
De beijos encarcerados.

Abertura de uma emoção
Nova e atraente,
Um jardim brilhante,
Um corpo desconhecido
Vontades de amar,
Em corpos felinos.

E souberam amar-se
Como se da primeira vez
Se tratasse, esquecendo
Outros corpos,
E outras noites já passadas.

O seu erotismo incita
A compor um poema,
Enquanto beijam-se
Escrevo a lembrança:

Dos últimos beijos
Nos lábios meus,
E o rosto da
Noite enquanto nos amávamos…

Sem contemplações.

Beijos
J.

Entre folhas ... Sem metáforas ...

O meu sexo, agridoce
Sem metáforas,
Penetra sem fim,
Cavalgando
As raízes mais profundas
Do teu corpo.

Existe um caminho mágico,
Entre o mar e a montanha
E um infinito espaço,
Onde se escondem os actos.

Batem asas,
As borboletas
Entre as nossas pernas
E os teus lábios rosados,
Nos meus lábios
Fazem mel.

Beijos
J.

Entre folhas ... Água da noite ...

Vulcão,
Mulher adormecida,
Água da noite,
Deslizas
Pelo corpo do desejo,
Penetram-te no centro,
Abraçam-te sabiamente,

Acariciam-te a vulva,
Desviam-te as vértebras,
O prazer reclama-te,
A humidade não acalma.

Irrompo erecto no teu sonho,
Acordas, suando,
E penetro em ti,
Como num bosque subterrâneo
Num mar de sensações,

E fazes com que a minha coluna
Entregue-se a ti
Numa erupção
De movimentos
Orgásmicos,

Estalando o sémen
Contra as paredes
Do teu templo mais sagrado.

Beijos
J.

Entre folhas ... Corpos molhados ...

E cai...

E cai
A chuva de Outono
Molhando-me,

Entre as pernas,
Aroma selvagem
Paixão sem limites.

Recolho o néctar
Do teu corpo,
E quando relaxares
Já não choverá.

Regando o teu corpo de esquecimentos.

Que doem.

...E quando estiver saciado
De todos os beijos não dados
Voltará a chover
Sobre os corpos temperados.

Beijos

J.

Entre folhas ... Ritual ...

Neste ritual pagão
Que aprendemos a fazer
Com o toque das nossas mãos.

Quando estamos juntos,
As minhas paixões desbordam-se,
Quando estou só
Fico desbordado
No silêncio,
Mas nunca estou ausente.

É esse instante sublime
Que a minha pele recorda-te
A cada dia à mesma hora.

Os teus lábios húmidos
E a minha luxúria desatada,
Pela fresca manhã.

Beijos
J.

Entre folhas ... Pele e poesia ...

Sou pele e sou poesia
Sou o que soa
O que suspira frágil,
E alça a sua alma ao ar
Sou sol e sou ar,
Sou canção e melodia
Sou a espera agradecida
De quem espera
Um novo dia.

Tu és a estrela
Ela é o vento,
A que converte em turbilhões,

Os meus sentimentos.

Beijos

J.

Entre folhas ... Caminhando ...

É verdadeira a noite

Quando se observa a lua

Nua,

Firme no verso e nas palavras

As estrelas e esses abraços

Que tanto nos deliciam.

Um leve suor

Ao compasso do seu quadril,

Desliza pela fissura,

Para dar lugar

À semente da vida

Num fluxo que não pára.

E silencia a alma

Que o corpo clama.

Caminhando...

Beijos

J.

Entre folhas ... Reflectindo ...

Olho os instantes
Das marcas deixadas
Pelo tempo,
O silêncio nocturno,
O do sangue
Que percorre as minhas veias.

O calor perdido
De um abraço
Entre os teus lábios,
O tempo produzido
O voo da tua saia,
O sexo que imaginei,
A realidade que me desborda,

A imaginação
Que vence os meus jogos,
Não há volta a dar,
Ficaram para trás
Os nossos melhores anos,
Os que têm de chegar
Serão fontes para a minha fogueira,
O pasto do meu lume,

Os meus ossos serão pó,
Ou quem sabe terra,
Ou quiçá seja tão só
Um substantivo,
Mesclado com um advérbio
De tempo,
Um verbo,
Poderia ser um verso,
E deixar cair todos os meus pecados,
No ar,
Ou no mar,
Ou na própria terra,
Pois não há Deus que os julgue.

Apesar das minhas façanhas,
Os meus cabelos raros,
E as minhas lembranças
De um homem de meia-idade,
Considero intactos.

Eu sou, só o deus
Dos meus sucessos,
Ou dos meus fracassos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Instintos primitivos ...

Descem as minhas
Mãos nuas
Pela tua pele
Adormecida,
Arrancando os teus sonhos
Roubando as tuas paixões.

Apalpam com frequência
Os meus prazeres
Com as tuas mãos
Os meus instintos
Primitivos.

Desço ao epicentro
Das epidermes
Fica a minha humidade,
adormecida...

E desperto o sonho
Luxurioso,
Com a tua flor húmida.

Beijos
J.

Entre folhas ... Reflexos da lua ...

Reflecte-se a lua
No parte direita,
Da tua cintura.

Beijo-te,
Enquanto nas minhas
Noites caladas e solitárias,
Olho a lua,
E está de costas,
Reflectida no meu olhar.

Há uma entrega constante
De imagens claras
A noites escuras,
Umas veias
Que golpeiam fortemente
O pescoço,
Que palpitam mais do que devem,
E uma sombra que oculta
A tua silhueta feminina,
Ao redor da lua.

Reflecte-se a lua
No parte direita,
Da tua cintura.

Vejo o teu reflexo,
Às escuras...

Beijos
J.

Entre folhas ... Horas ...

Horas e horas,
O coração está destroçado,
Uma casa despovoada.

E onde está agora
A razão e o amor
Que necessito?

O medo é uma linha
Um carril de solidão,
Desabrigado.

Deveria saber de ti
Agora que te foste,

De nada servem os meus versos,
Agora que desapareces-te.

Horas e horas,
O coração está destroçado,
Uma casa despovoada.

Agora o teu corpo é uma estrela,
Um resplendor na relva,
Onde se recostam outros seres,
E palpitam outras emoções.

O medo é uma linha
Um carril de solidão,
Desabrigado….

Uma linha descontínua.

Beijos

J.

Entre folhas ... Amor de Outono ...

Este amor de Outono
De tangos descobertos,
Folhas secas,
E manhãs húmidas.

A hora é essa,
O olhar triste
Que se aprisiona
Entre os dedos,
E se retém
No olhar inerte.

Não costumo perguntar
Como vai a noite
Ou como vão os meus dias.

Este amor de Outono
De reencontros
Faz com que me nutra
De censuradas lembranças.

Avivam-se as minhas razões
As correntes oprimidas
E não deixei de ser eu,

O que sempre tenho sido,
Um amor ao descoberto...


Beijos
J.

Entre folhas ... Memórias ...

Olhos iluminados
Traços do teu rosto
E a minha língua
Questiona,
Como será o tacto,
Da tua pele,

Divirto-me
Com a minha memória
Para esquecer-te,
E logo de seguida
Trato de recordar-te,
De novo…

É então,

Quando um espasmo suave
Percorre as minhas costas,
Um tremor ligeiro…

É então,

Quando as minhas mãos
Acariciam o teu templo…


Beijos
J.

Entre folhas ... Reflexão da realidade ...

Desde o meu silêncio,
Faço a reflexão
Que a vida é um reflexo
Do que somos,
Um espelho deformado
Da realidade,

Às vezes a vida
Passa longe
As hipocrisias
Abrem passo,
Impassíveis,

Deixando os espelhos:

Distorcidos.

Beijos
J.

Entre folhas ... A espera ...

Amordaça-me
Na tua espuma,
Divide a ansiedade que me invade...


Faúlha na noite,
Vem a meu encontro
Eu tenho a lua
Que procuras
E o embrulho dos sonhos

Que são teus.

Beijos

J.

Entre folhas ... Assim ela o quer ...

Roçando os teus mais íntimos
Segredos,
De nuvens esbranquiçadas
Entre lençóis de rosas,
Acariciando os teus peitos
Mordendo-te os lábios,

E se dói
É o amor
Que ela,
Amor, o quer…

Levo-lhe à sua lembrança,
Às sábias pupilas
Dos seus olhos.

Procuro no adentro
Dos meus olhos,
Desta vida já algo vivida,
Invalida-me o cheiro
Desse teu corpo,
Minha aparência,
Minha certeza,
De que existiu a emoção
De saber que fui teu querido,
Agora que a minha vida
Vai por outros caminhos,

E como não espero que venhas
Procurar-me,
As razões encaminham-me
Ao instinto primitivo, e
Caio no sonho,
De que nada foi,

Do que nada é,

Entre lençóis rosas
Mordendo-te os lábios.


E se dói o amor
Que me doam os olhos

De chorar-te...

Beijos
J.

Entre folhas ... Pele opaca ...

Mancha sem contorno
É a minha pele opaca

Cunhado pela vida,
Abraças-me
Tão longe e distante

Amante silenciosa
Amar-te não é castigo
Injusto é não te ter.

Tremem os meus sentidos
Caladamente esculpo
Os teus versos na minha voz.

E a pele opaca
Deixa de abraçar-me
Injusto é o caminho

E não fiz nada de mal
Para merecer este castigo.

(In http://perdidoscomotempo.blogspot.com/ )

Beijos
J.

Entre folhas ... Abandono ...

Mil vezes fui negado
Pelo frio alento
Dos teus lábios

Outras tantas abandonastes
Os meus sentimentos
À pura sorte

E outras tantas mais
Não encontraste
O caminho adequado
Para compreenderes-me.

Poderia ter sido feliz
Como um rio sem fim,
E verdadeiramente
O fui,

Mas nunca contigo.

Beijos

J.

Entre folhas ... Desterro ...

Hoje
Um dia
Como outro qualquer,
Agasalhado
Pela minha própria sombra,

Sem a tua luz,

Choram os sentimentos,
A profunda tristeza
Cala-se,
Enaltecem os sentidos,

Sem a tua voz,
Hoje,
Não escrevo poesia.

É lenta a agonia
E triste o desterro.


Beijos
J.

Entre folhas ... Presságio ...

Pressagio num instante puro
Sem as luzes dos tempos
Passados,

Nem dos tempos

Presentes,
Às escuras,

Um tempo não marcado
No calendário,
Passados desterrados
De amargura.

Se a lembrança permanece
Em um instante,
Com a tua permissão
Penso e vivo,
Penso em ti
Em cada instante.

Para ti
Eu quero a cada dia
O amor que nunca se esquece
A vida que não passe
Nem que me pese,
Viver não é necessário
O inverso é ousadia,
Escritos de dias e dias,

Transíto pela árida cinza
Da verdade e ternura.

Não me fica tempo
Do tempo para pressagiar
O esquecimento,
O escondido…

Demasiado é o querido.

Beijos
J.

Entre folhas ... Não me pertences ...

Poderia odiar os meus sentidos
E negar-me a mim mesmo
Esquecer o caminho percorrido,
E voltar a nascer no
Esquecimento.

Bem sabes que há vazios,
E não há silêncios,
Vivemos entre a realidade
E os sonhos,
A memória
É o aliado eterno,
Dos nossos sentimentos.

Porque escapam-se-me
Os beijos,
Quando respiro,
E chegas quando sonho
Ainda que não te veja,
Sempre te tenho,

Porque escapam-se-me
Os beijos da minha boca
E vão parar à tua boca,
Porque levo impregnada
A pele com o teu nome.

Poderia odiar os teus sentidos
E negar-te,

Mas não faz sentido,
Porque,
Jamais serás minha.


Beijos
J.

Entre folhas ... Supondo ...

Supondo que recobro
A memória exacta
O fogo apagado
Ou as brasas acendidas,

Supondo que suponho
Uma ausência breve
E um adeus longínquo.

Suponhamos
Que a vida acorda
E não recordamos
Das nossas lembranças.


Beijos
J.

Entre folhas ... Noite lenta ...

Morde forte
Os meus desejos,
Aperta com força
A minha voz,
Molha-me
Os lábios de amor,
Amamenta
Os meus amanheceres,
Deixa-me
Saciado e seco...

O vento
Na minha cara,
Toco as tuas pernas,
Nas noites
Quentes e sem pressas,
Entre os lençóis…

E não tenho
Mais lembranças,
Se foi ontem
Hoje,
Ou no amanhã.

Volto a escorregar
Nos meus sentidos
A percorrer
Palmo a palmo
Os meus afazeres,
A dizer-me
Entre silêncios,
Que me queres…

Tem chegado o momento
Que não sei onde guardar
Tanta tristeza,
Partilhar,
Não são só palavras…

E não estás,
Entre as minhas pernas...

Beijos
J.

Entre folhas ... Tanto ...

O coração pesa-me
De pensar tanto em ti,

Tanto,

Tanto é o que estou a amar
Que não sinto carinho,

Sinto um rasgo
Como quando te rasgas.

Tanto que te estou a amar
Tanto,
E tu a ignorares outro tanto,

Tanto que o meu coração
Pesa-me
De te desprezar tanto.

Tanto e tu continuas a amar-me.

Beijos
J.

Entre folhas ... Querida ...

Querida:

Imagina,
Como magoa a ausência
Quando a ausência perdura.

Imagina também
Como me mata o silêncio
Na tua ausência,

E o silêncio não expira.

Teria que te explicar
O som do vento,
Recordar no teu corpo
Os orgasmos sentidos
Tudo o que levo dentro,

E não tenho palavras.

Imagina querida...

Beijos
J.

Entre folhas ... Maldita dúvida ...

Dói a dúvida
Dúvida nua
Na minha mente,

Porque talvez sejamos
Ou tu e eu seremos,
Beijos por todos os lados
Menos na minha boca,

Porque pago o preço
De umas traiçoeiras palavras
Pronunciadas no dia,
Que surgiu a dúvida
Duvida nua,

Sempre soubeste
E sabes
Sem qualquer remédio
Que amo-te
Intensamente,

Que acendes em mim
Uma paixão sem freios
Brasas de gelo
De fogo no corpo
Coração e alma.

E de mim
Tudo
Sem temor entrego-me,
Justo nesse instante
Surge a dúvida,

A traiçoeira dúvida
De saber
Se é que me queres.

Ou és a rameira
Que se aproxima de mim
Para apenas,
Afiar o lápis.

E se é assim,
Permite-me
Ser o teu complemento.


Beijos
J.

Entre folhas ... Fica-me o sonho ...

Rasgo o mapa com as unhas,
Olho desde o vértice mais alto
Vejo-te ao longe,

Penso em ti.

Também tento-o desde o oceano
Desde uma orla até essa praia
Bloqueiam-me os braços na tentativa,

De ver-te.

Cruzando constelações
Viajando entre nuvens altas
Desata-se-me a alma do corpo,

E nunca chego.

Fica-me o sonho
Sempre a ver-te
E não atingir-te,

Mas penso em ti.


Beijos
J.

Entre folhas ... Um sentido ...

Tens um sentido, mulher
Onde habita o silêncio
Um minuto olhando-te ao espelho
Para descobrir
Que ainda ficam vontades de amar
Sentir, vibrar e tremer

Com a mão esquerda
Refugiada no teu sexo
Sabem a sal, os poros
Dessa parte do teu corpo,

Os beijos que imaginas
O corpo que desejas,
O fogo que se esconde
A carícia intuída.

Tens um sentido, mulher
Para descobrir o corpo
Enquanto a mão direita
Acaricia os desejos,

Uns minutos inacabáveis
Pelo éden do teu corpo.

Sabem a mel as lembranças…


Beijos
J.

Entre folhas ... Vazio ...

As vértebras
Fizeram-se
Côncavas
Depois convexas,

Assim mil vezes
Até parir
Este escrito
Que queima.

E não fiquei extasiado
De tanto pensamento
Mas ao invés,

Voltaria a percorrer
Esse corpo,
Que inspiraram
Estas letras.

E está perto
O umbigo no fim do mundo
O cordão umbilical,
Que mexe num vaivém
De sentimentos...

Os que me inspiram...

O seu corpo.


Beijos
J.

Entre folhas ... Missão ...

No solo,
Com os joelhos fincados
Pelo pó do caminho,
Assim olho-te
Com os olhos fechados
De prazer,
E enterrando o pescoço
Entre as minhas pernas,
Cabeça baixa.

As mãos arranhadas
De apoiar em tuas costas
O peso do teu corpo contra a terra.

Com a tua garganta molhada
Esperando,
Sem falar
O que sempre tens desejado.

Assim olho-te
Presa desta minha noite
Submissa,
Como tu,
Como eu,

Como os dois queremos.
Sem interrupções pelo meio,
És a fêmea,
Desta noite...

Minha.

Beijos
J.

Entre folhas ... Instantes meus, teus ...

Aberta de pernas
Esperando
Um sopro brutal
Até aos seus encantos

Agrada-me olhar-te
Explicas-te
Tanto e tão claro
Sem dizer uma única palavra

Só esperando
Um orgasmo que se reduz
A uns instantes de espasmos

O monte não é de Vénus
Hoje faço-o,
Meu
Teu,
Nosso …

Para o cavalgar
Descalços entre a terra.

Beijos

J.

Entre folhas ... Liberdade ...

Não necessito dar saltos
Desde a terra até ao céu
Nem de asas para chegar ao firmamento
Se ao fechar os olhos,
Sinto-te.

Não preciso de asas para voar
Acompanho o teu corpo
Desde que o tempo foi
Nosso…

Geme a ferida oxidada
Sangra e chora por dentro
Desde aquele preciso instante
Em que tudo demos por acabado.

Não preciso de asas para voar
Acompanho o teu ritmo
Ainda que o tempo
Não seja nosso...

Caminho sem segredos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Razões ...

Não existe uma razão
Ainda que a procure
Etérea
Por mais que fosse
Às vezes pergunto-me:
Porquê?

A sombra é alongada
E vejo a luz,
Quando a encontro
Olho-te e não te sinto.

Não há razão para ocultar-te
Quando olho a tua sombra,
A tua sombra reclama-me
E não vou

Jamais caminhamos tão juntos.

Beijos

J.

Entre folhas ... Estás ...

Estás
Porque sou parte do teu passado

Estou porque foste parte do meu corpo.

E o meu corpo não esquece,
A dor do teu
Olhar.

Lágrimas azuis
Confundem-se com o meu horizonte
E entre as ondas
Chegam-me à beira da cama
Para dar-me um beijo
E
Dizer-me até amanhã,
Tristeza da ausência
Mas que terrível é esta.


O pior era o amanhecer
Acordar de novo

Sentir a tua presença longínqua
Prisioneira na distância

E perguntar-me de novo:

Porque caminhas-te?

Em sentido contrário...

Beijos

J.

Entre folhas ... Dúvidas ...

Não sei
Se sinto ausência

Se sinto
Os meus sentidos

Ou é o sentido
Da ausência
O que me faz
Sentir feliz.

Beijos
J.

Entre folhas ... Fugas perpétuas ...

Em alto voo
Sem poder deter-se
Como a noite se perfila
Em mil pedaços
E no desejo habita
A mão do amor…

O pulso das horas,
Vai-se avariando,
Como se quisesse saber
Das fugas perpétuas…

Enquanto espera,
A crosta dos anos,
A consciência erguida,
E confusa
Rompe-se em mil pedaços…

Sonhos de estrelas,
A noite se perfila
Em mil pedaços
Sem poder dormir,
A consciência dita,
Seguir...

Amante sem condicionalismos,
O seu tempo vai deixando
As suas lembranças,
São os seus anos,
Os seus sonhos rompidos
Que no papel vai deixando,
Passam os dias
E assim, segue amando...

Beijos
J.

Entre folhas ... Estalidos ...

No meio das águas cristalinas,
Essas brisas marinhas,
Esse espaço,
Não queriam,
Se retinham
Um breve estalido seco
Numa essência adamada
Um afogado silêncio
Um grito surdo
Uma mordaz persistência
Sem mais,
Eram duas
Agora só fica uma.

De um suave disparo
Tão certeiro como estúpido
Acabou com o primeiro
As águas correm a dor do seu sangue
A brisa cheira a morte
Um afogado silêncio
Um grito surdo
Acabou com a sua vida...

Quando mais a queria.

Beijos
J.

Entre folhas ... Espectros ...

Quis ser espuma
Para rodar pelo teu corpo,

Lama incandescente
Para fundir em tentativas
A nuvem de espuma,
Fogo no teu ventre
Espectro real
Silêncio inerte…

Quis ser espuma
Rodear a tua cintura
Cúspide secreta
Das minhas desventuras.

Apontam ao norte
As carícias rasgadas,
E encontro-me ao sul
Dos teus horizontes.

Beijos
J.

Entre folhas ... Sou amor quando o amo ...

Sou amor quando o amo
Sou amor quando o escrevo
Sou a sua diferença instável
Cunhado não amo
O amor escapa-se-me
Da caneta,
Pela minha mão,
Sou o amante de amado.

Beijos
J.

Entre folhas ... Lá se vai a minha vida com isso …

Estendida
Como asas ao vento
Brincando entre as nuvens,
Excitas-me.

Abrindo
As tuas delicadas pernas
Ensinando-me,
As tuas grutas mais profundas,
No universo de teu corpo,
Excitas-me.

Só de pensar,
Ai a minha vida…


Lá se vai a minha vida com isso.

Os teus seios,
Duas ilhas em alto mar
Por ele navegam os meus veleiros,
Só com os meus dedos…

Lá se vai a minha vida com isso.

Estendida,

Esperando o meu amor,
Dizes-me que este verso é o mais belo,
Mas, equivocas-te,

Quero que me digas: amor, amado, amante,
Não há nada mais preciso neste instante,
Que gozar do teu corpo,
Olhar o teu sexo,
Abraçar os teus seios,
Encostar-me ao teu leito,
Por tudo isso...

Lá se vai a minha vida com isso.

Amor,
Dás-me tu a cada instante
Sozinho recordando-te,
Navegar no teu corpo sussurrante,
Plantar raízes,
Nas tuas grutas mais escuras,
E perder-me entre: amor, amado, amante.

Lá se vai a minha vida com isso.


Só recordando-te,
Excitas-me.

Vai-me a vida com isso
Quando digo: amo-te,
E não permaneço a teu lado.

Beijos
J.

Entre folhas ... Acoplar ...

Uma extensão do teu corpo
De frente ao meu corpo,
Na humidade do silêncio.

Do acoplar das almas
Às palavras escondidas
Desejos,
Gotas de orvalho.

Formigueiros no corpo
Quando encontro-me contigo
O desejo de te reter.

As tuas mãos no meu quadril
E as tuas entranhas ardentes
Quando as minhas mãos te sentem.

Cruel a espera,
Agonia de pensar-te,
E não te ter
E de escrever a poesia
Quando encontras-te ausente.


Beijos
J.

Entre folhas ... Testemunha ...

Tenho de pedir perdão
De vez em quando,
O meu lápis
Escreve sem muita sensatez…

Os humanos pecam
De sentir ardentemente
A tinta entre os nossos dentes,

As palavras fluem sem recato
Fazendo passar maus momentos.

O vento assobia esperanças
O meu dedo oprime-o ardente
Quando encontro-te ausente,
E o meu lápis abertamente
Empena-se em recordar-te
Saciando as tuas lembranças.

Sou testemunha que no meu peito
Mora a tua recordação,
Sincero,
Mas parece mais uma queixa
Que um lamento.

Eu sou sincero comigo
Não me esqueço do esquecimento
Levo-te sempre comigo,
Quando te digo: esqueço-te
Estou a dizer: quero-te.

Tão sincero sou contigo
Como o fui comigo.


Beijos

J.

Entre folhas ... Como destino ...

E a luz iluminou-me,
Acariciando-me os sentidos
Transportando os meus desejos,
Para além do infinito,
Fazendo-me participar
De todos os teus batidos,
Dando,
Recebendo
E tornamo-nos
Como amantes…

Amas-me sem pedir,
Dás sem receber,
É tua luz a que me outorga
As tuas carícias sem sentido,
Os teus beijos compartilhados,
E as tuas palavras comovidas.

Dando, sentindo e tomando,
Como amantes…
A luz como destino.

Suspirando como se hoje
Fosse o último dia dos nossos encontros,
O momento,
O instante,
Percorrendo a infinidade de paixões,
Escondidas no tempo,
Aproximando-me de ti,
Com delícia,
Com esmero,
Sentindo
O que almejo sentir,
São os teus momentos…

Compreendidos entre a noite e o dia,
Sussurrando ao ouvido,
Poemas de amor,
Embargando os meus vestígios e…
A luz do teu interior como destino,
O meu destino…


Beijos
J.

Entre folhas ... A noite tocou-me as costas ...

A noite a seu passo
Tocou-me as costas,
A sua sombra alongada
Roçou as minhas entranhas,
Os meus dedos furtivos,
Procuraram a tua saia,
Quando tu não estavas.

Entre as lembranças,
Inventei um amanhecer
Desenhei-te no céu
Junto à minha janela,
Iluminei a tua estadia,
Simulei que estavas
Pecados ansiosos
Procuravam a tua calma.

Ao fechar os olhos
Desenhei o teu rosto
Os meus lábios ansiosos
Procuravam a tua alma
Na maré calma,
Deixei as lembranças
Do fugaz instante
Que me presenteastes.

A noite a seu passo
Tocou-me as costas
Quando tu não estás
Eu sigo-te amando,
Sigo desenhando-te…

Já vês...

Beijos
J.

Entre folhas ... Sem respiro, a sensação ...

Agrada-me o cheiro
Do esquecimento,
Da tua pele
A sensação amarga
De não ser teu…

A consideração prévia
Do que nunca foi nosso,

A debilidade humana
Da lembrança desprezada,
A sensação que fica
Após ter querido...

Nada é comparável,
À sensação de saber

Que se pode amar de novo.

Sem respiro,
Apenas a sensação…


Beijos

J.

Entre folhas ... Desejos de morte ...

Vítimas de maus tratos.

Digo-vos: Ganhem força e denunciem.


Caminha de casa com os olhos
Vazios,
Calca caminhos de terra
Que marcam desejos de vida
Charruas na frente,
Em forma de morte…

Fala do percurso longo,
Não sabe o caminho,
Apenas anda,
Como se fosse um desconhecido
E não vê a seu passo,
Tudo o que a vida lhe mostra…

Só vê,
Nos anos mal vividos,
A palavra morte
Entranha-se no olhar,
E nesses desejos
Que nunca procurou,
Apareceram,
Semeando vidros…

Uns olhos que se fecham
Deixando batidos,
Por viver,
E vontades de morrer,
Intensas.

Caminha devagar,
E é triste,
Demasiado triste.

Alguém,
Não a deixa retornar
A ter desejos de vida,
A não encontrar o caminho.


Beijos
J.

Entre folhas ... Nu ...

Nu pela rua do desejo
No fio da meia-noite,

Os meus dedos
Procuram esse instante
Brincam com o meu corpo,

Gato faminto
Na procura do nada

Porque tudo,
Volta ao mesmo instante
Como dantes...

Ternura,
Esvazia a boca
Entre os lençóis de algodão
Manchados,

De desejos
indecentes...

Penso...

E volto ao cheiro dos meus dedos
E sentir o meu corpo,
Chama-me…
O fogo,
Do desejo.


Beijos
J.

Entre folhas ... Vem ...

Vem
Ainda tenho uns instantes,
Para olhar a curva da lua,
Juntos.

Vem
Enreda-te nas minhas pernas,
Pinta o meu peito de malva,
Não digas nada
E ama-me...

Vem
Faz-me crer que o amor
Existe,
Mente-me se queres,
E desenha um poema
De amores irreais...

Vem
Eu tenho as lágrimas precisas,
Batem lentamente,
No meu interior,
Deixa-me levar-te
Suplicante até à tua boca...

Não digas nada,
Diz,
Pede-me um poema…

Deixa-me,
Enganar-te novamente
Dizendo que te quero,
E tu,
Mentes-me de novo…

Beijos
J.

Entre folhas ... Ácido liquido branco...

Amanhece,
Um cinzento pálido no ar,
Os meus olhos entreabertos
Procuram o tom adequado,
Para olhar-te,
Devagar…

Para olhar-te devagar
Percorrendo as tuas pupilas,
Desde o ângulo ácido
Que fixou-se no teu olhar,
Quando estavas a sonhar…

Ácido liquido branco,
Sabor amargo
Enfeitando o sonho,
Acordo sonhando,
Os meus olhos no alvo…

Alvo de papel amargo,
Onde me deixo,
Um instante...


Beijos
J.

Entre folhas ... Espaços ...

Chegará o dia em que o ar
Da tua respiração,
Unir-se-á
Entre os meus lábios,
Seremos o mesmo ar
Em diferentes espaços…

Enquanto eu,
Continuarei esperando…



Beijos
J.

Entre folhas ... Ao meu anjo ...

Ao meu querido anjo que suporta paciente as minhas noites de insónia, a minha neura, os meus sonhos, as minhas infidelidades e os meus escritos.

Faz algum tempo
Que o teu corpo...

O teu corpo
Estabeleceu a distância
Para o desejo
Do meu corpo.

O meu corpo
Separou a incógnita
Precisa do teu silêncio.

Caminhou um dia,
Chegou a noite,
Como círculos concêntricos,
Os corpos se uniram
No ponto exacto
Dos sentimentos.

Abstractos...

E perduram
Após tantos anos,

No ponto exacto
Onde fundem-se
Amores,
Sentimentos
E poesias.


Beijos
J.

Entre folhas ... Respirando paixões ...

Ressaca do esquecimento
Com os beijos que nós demos
Recordando uma despedida
Que nunca existiu…

Escrevendo com lágrimas de prata,
Unindo laços,
Continentes e marés,
Apareceste-me em forma de ar
Dizendo-me adeus…

Não poderia ser?

Que este,
Do outro lado…

Fora só tu e eu?

Ressaca do esquecimento
Viverei,
Estando ao teu lado
Respirando esta paixão.

Ressaca do esquecimento
Sempre encontro-me contigo,
Pareces tu e eu,
Parecendo ser
Sempre tu.

Beijos
J.

Entre folhas ... Equação ...

Escura ideia,
Equação por resolver
Incógnita no ar
Trapézio de matéria,
Inerte...


Quando penso em ti
Leio-te, e pouso
Sobre a íris dos teus olhos,
Acaricio a manhã...


As tuas mãos têm encontrado
A fórmula exacta
Para fugir de mim,
Da mesma forma,
Que chegas-te...

Uma incógnita agridoce
Fugir do tempo
Que nunca foi compartilhado.

Beijos
J.

Entre folhas ... Recordando as tuas lembranças ...

Os braços estendidos
Querendo apanhar os sonhos
As mãos abertas
Querendo tocar o teu corpo.

Os sentimentos expandidos
Transitando
Pelo éden da lembrança.

Não há tempo
Que decorra
Sem recordar-te de novo.

Nem sonhos que não se sonhem
Recordando os sentimentos…

Beijos
J.

Entre folhas ... Dor de ti ...

Sinto perder parte da minha vida,
Lentamente,
Contemplando as tuas feridas,
Fugazmente,
Desde aqui,
Onde o espaço
Se perde…

Desde ali,
Lentamente chegam-me
Gemidos,
Não sinto a dor que emano…

Sinto,
A dor que produz a ausência,
Lamento
Tudo o que não pude te oferecer
E gosto de me rir,
Em acto paranóico,
Da dor do desejo,
Esse que não mata.


Beijos
J.

Entre folhas ... A tua voz ...

A tua voz:

Penetra-me para além da razão,
Até à carne de mim
Estremece-me,
Derrete-me,
Enerva-me,
Enfurece-me.

Provoca-me,
Lastima-me,
Engrandece-me,
Come-me, come-me.


Desliza-se-me pela boca.

Liquidifica e desce pelo meu pescoço...

Saboreia-me,
Endurece-me,
Palpita-me.


Desespera-me,
Substitui-me,
Acorda-me.


Apressa-me,
Abranda-me,
Come-me.
Come-me.


Ziguezagueia pelo meu ventre,
Faz-me côncava,
Abre-me,
Arde-me.


Encontra-me,
Sustenta-me,
Lambe-me.


Completa-me,
Encharca-me.

Culmina-me.

Beijos
J.

Entre folhas ... Companheira ...

Por companheira quisesse,
Uma lua nova
Ou uma lua cheia,
E que ela soubesse
Que eu sou a sua estrela,
Nas noites frias
Abrigava
As suas cálidas mãos,
Seriam o meu refúgio.

Flor em primavera,
A que eu regara,
O seu perfume,
Seria a minha morada,
Conservava,
No meu silêncio eterno,
Ou escravizava-me
Com palavras vãs.

Oásis sem água,
Chuva que cai,
Água que nasce nas primaveras,
Orvalhos internos,
Deles eu beberia.

Por companheira quisesse
Uma musa
Que inspirasse os meus escritos,
Ou um anjo sem asas
Que fosse a sua sombra,
A que eu olhasse
Sem lhe dizer nada,
A que dissesse
Quero-te
Sem ter lido os escritos,
E entendesse que o amor
É respeito mútuo,
Afecto, compreensão
Dose de ilusão
E uma dor eterna
No coração.

Por companheira quisesse
Uma lua nova
Ou uma lua cheia
E que ela soubesse
Que eu sou a sua estrela.


Beijos
J.

Entre folhas ... O cheiro do seu vestir ...

Levava no seu vestir um aroma
Semelhante a amores derretidos,
A noites de suores quentes
Entre lençóis frios,
As palavras encurtadas
Pela madrugada,
A cópulas fantásticas,
Também do seu corpo emanava
Esse cheiro…

Acariciava-me a alma
Para sentir coisas estranhas,
Em algum momento sonhava,
Nas suas palavras
Esse cheiro
Penetrava-me nas entranhas
Enquanto dizia-me: quero-te.


Agarradas as suas mãos,
Às minhas costas
Sussurrava com rouquidão,
Que eu era o amor,
Das suas manhãs,
O ar que respirava…

Um cheiro,
Que se impregnava na minha pele
E agarrava-se à minha alma,
E não era meu,
Não fui eu…
Quem lhe tinha acariciado a alma…

Beijos
J.

Entre folhas ... Essência e garras ...

Há uma essência minha
Dentro do teu corpo,
Espreitando o momento
Oportuno e discreto,
De abalar os teus sentimentos
Adormecidos.

Há uma essência
Que me corrói a alma,
Fragmentos brancos
De asas e garras,
Depois do teu voo
Despistado.

Há um terno nevoeiro
Adiante dos teus olhos
Que não te deixam ver
Esta minha essência…

Que espreita-te em silêncio
Por baixo do teu ventre
E o meu ventre resiste
À tua essência...

... E às tuas asas e garras.


Beijos
J.

Entre folhas ... Desenhando paisagens ...

Pelas suas mãos a tinta deslizava
Como a água entre-os-rios
Desenhando paisagens,
Traçando sonhos
E a seu passo,
Ia deixando sentimentos...

Poemas soltos no ar,
Do corporal fazia etéreo
O etéreo voava,
E pelas suas veias circulavam versos,
A sua boca ia desprendendo beijos,
A chuva convertia-os em pensamentos...

A distância encurtava,
Em silêncio,
As vontades molhavam-na com lembranças…

Entre as suas mãos a tinta deslizava
Desenhando paisagens
Traçando sonhos,
E eu tentava atracar entre os meus dedos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Deixa-me ...

Deixa-me que te diga
Num breve suspiro,
A ilusão que se entranha
Em querer-te a meu lado
Sentir-te na distância.

Deixa-me que te ame
Como se ama um ser que se sente
Ausente,
E como se estivesse presente
Deixa-me dizer-te ao ouvido
Que amo-te.

Deixa-me que num suspiro breve
Dizer-te que me doem os olhos
De não te ver.

Deixa-me levar-te comigo
Ao encontro eterno,
Das minhas palavras escritas
Com tão claros sentimentos.

E nessa brevidade descobre que amo-te...

Deixa-me sonhar devagar,
Descobrir os sonhos do teu espaço,
E na tua ausência beijar-te os lábios.

Às vezes descubro a tua imagem
Nua na noite...

Vazia.

Beijos
J.

Entre folhas ... Uma ponte ...

Dizem tantas coisas,

Dizem que temos de atravessar

O rio por onde queiramos,

E por mais que procuremos

Só temos uma ponte,

A vida.


Nascemos a chorar,

Com o passar dos anos

Começamos a entender o porquê.


Acabamos mortos,

Outros continuam a chorar.

Dizem tantas coisas…


Beijos

J.

Entre folhas ... Correntes ...

O nosso instinto

Que marca a corrente

De um rumo

Que não é nosso…


Continuamos a beber

Da fonte do esquecimento,

Enquanto não estivermos despidos

De falsos pudores…


A norte das tuas nádegas,

E ao sul da minha corrente,

A esse ponto exacto

Onde o esquecimento

É impossível…


E os corpos unem-se,

Não há bússola

Que marque o norte.


Estando cheia,

Brilhas como a lua

Os teus poros são as estrelas,

E os meus olhos o céu.


O nosso instinto de amar

Que nos queima adentro,

De um rumo

Que não é o nosso.


Beijos

J.

Entre folhas ... Com Sentido ...

Após horas

Que parecem anos

Após pensar,

De caminhar tanto.

Deves-me um sorriso

Com sentido,

Sentindo,

Após tanto.


Devo-te um beijo

De uns lábios

Desesperados

De tanta espera,

Estão a matar-me.


Concreta e concisa

Agrada-me a tua presença

E o teu sorriso.


Beijos

J.

Entre folhas ... Formas obliquas ...

Porque sentimos

O cheiro dos nossos corpos

E nos arranham os sentidos

Do desejo,

Horas convertidas

Em esperas

Porque conhecemos bem

O que queremos…


E as palavras raciocinam

De químicas conjuntadas

Não há dias que passemos

Sem pensarmos,

Sem cheirarmos...


Oblíquos os sentimentos

Enredam-se

Nos nossos lençóis,

Porque há mais,

Uma conjunção de palavras

Olhares entrelaçados,

Olhando um horizonte

Ao alcance das nossas mãos…


Mãos que se deslizam

Entrecruzam-se obliquas,

Pelas nossas nádegas

Procurando o ponto exacto


Onde a realidade

Se confunde com o desejo.


Por quê?

Se conhecemos os danos

A terceiros,

E dói-nos que outras mãos

Percorram os nossos corpos.


Será porque quero-te...

Ainda que não te tenha.


Por quê?

Se desejamos o sabor

Dos nossos corpos.


Beijos

J.

Entre folhas ... Amor de Amantes ...

Amor de amantes,

Que gozam o proibido,

Aquele que é momentâneo,

Que vive de um suspiro…



Amor que desafia a vida

Por não ter o seu destino,

Amor que no silêncio estranha-te,

Em não estares a meu lado.

Amor que flui no sangue,

Que vibra em ver-te,

Sabe que os teus olhos

Não me enganam,

São os teus lábios que me mentem…



Amor que dilata ao presente,

Consome o futuro inerte,

Só vive porque te ama

E morre porque te sente...



Se a vida presenteia-me,

Por segundos os teus beijos,

Só um curto tempo do destino,

Bastasse um olhar cúmplice da alma,

Para unir os nossos corpos,

Neste furacão proibido…



Corpos que sem culpa se sentem livres,

Sem culpa sinto-te em mim,

Sentimento que nasce,

Quando estás a meu lado,

Que vive ao fundir-se comigo…



Perdoa-me por hoje,

Minha doce amante,

Vagueio neste mundo,

A mar aberto,

Longe da tua vida,

Longe dos teus beijos,

Só por te amar e não morrer no desejo…



Promete-me,

Minha fiel amante,

Que levar-me-ás em segredo,

Sentir-me-ás na tua pele,

No teu sangue,

Manter-me-ás vivo no teu corpo…



Só na distância tentarei esquecer-te,

Por não te ter por completo,

Por não aceitar compartilhar-te,

Por desejar-te a cada momento…



Mas não creias nesta mentira,

Que só finge num simples e curto tempo,

Porque tu sabes que levo-te,

No coração e alma,

Selado na minha vida,

Fundido no meu corpo.



Beijos

J.