Entre folhas ... Valham-me ...

Valha-me as forças
para suportar a dor e
a palavra para desafogar-me,
o coração para bater ao ritmo
da vida que me acompanha.

Valham-me as minhas lembranças íntimas
como muito próprias e intensas,
as que preciso,
para seguir o caminho da forma
que posso,
sem complexos,
sem preconceitos.

Valha-me o seu amor,
como alimento da minha alma,
o seu horizonte onde albergar
o meu olhar,
a sua calidez,
onde aceitamos mutuamente,
não falamos em silêncio.

Valha-me a minha consciência
antes de mais nada,
e ante todos,
para me sentir livre e sem fardos
de nada que pudesse fazer
contra a minha força e vontade.

Beijos

J.

Entre folhas ... Amor extremo ...

Tens de roçar a minha pele na madrugada,
quando sentires o alvorecer,
quando sentires o som do amor
entre as tuas mãos,
quando a lua aparecer
fazermos amor na alvorada.

Tens de assinar um contrato comigo,
onde eu seja o lençol ou o travesseiro
para que tu pises,
a almofada na tua cabeça,
o roçar leve do amor,
o teu último suspiro.

Já sabes do meu injusto
amor e tempo
à fidelidade do destino,
sabes da
noite que oramos
no templo onde nada se isenta.

Tens conhecido na tua garganta
o sal espesso
que do meu corpo desprende,
a trégua que não cessa ao ter-te,
o Deus que me bate,
 a palavra exata
que nomeio ao falar-te.

Da minha caridade
 tens conhecido um instante
inacabável,
onde tudo começa e termina
de ti já sabes amor
que os teus lábios reclamam-me,
a cada noite,
e entre sonhos falo-te,
tenho-te,
acaricio-te
tão perto do teu templo,
que me converto em espuma
 e penetro-te,
com a suavidade de uma pluma
que acordas molhada e com vontades,
tanto que no dia seguinte
pronuncias-me.

Invocas-me,
e não me venho.

Lástima de corpo castigado
em tanto,
pele,
dor e sentimento,
enquanto vai-se deslizando o tempo.

Conheço de ti o teu amor extremo,
e tu, o sabes.

Tens de roçar com os teus dedos
a comissura da minha alma
e na ponta de uma estrela
onde a deixam pendurada,
acalma-a.

Tens de abrir caminhos na pele
gargantas embebidas de sal
e converter em cristal
as madrugadas de mel.

Tens de compartilhar
as letras que formam o teu poema
para sentir o aroma
do jasmim do Inverno,
que floresce no escuro
do salão onde ela amor,
sai e roda...

Beijos

J.

Entre folhas ... Lícito ...

Chamo-me vida,
ao teu nome
chamo-te amor,
amor que dorme
nos meus sonhos,
chamo-te amor
e dava a vida para te ter
metida no segundeiro do relógio
que aprisiona,
a boneca da minha vida.

Lícito:
ter-te até em sonhos,
possuir-te
sem fazer danos
a quem rodeia a tua vida.

Chamo-te amor,
coloco a minha vida
nos teus contrastes,
quebras os meus pensamentos,
lícito escrever-te
amor em tom de claro sentimento,
enquanto a vida passa à altura
dos meus costumes,
o meu calçado resiste
à intempérie das minhas lágrimas,
dói a vértebra que faz girar
a minha cabeça
para o teu mundo,
lícito é o dizer sem que me escutem.

ilícito ter-te e não te abraçar
chega a hora,
que outros chegam
para beijar-te,
quando me sentes
tão próximo.

Lícito e explícito.

Beijos

J.

Entre folhas ... Desenhando futuros ...

Há dias que escrevo com a coragem
do coração pleno de pesares,
opacam-se os meus dias e renascem puros,
alimentando tudo aquilo que se espera,
o sentir mútuo dos sonhos semeados.

Pelo menos tenho vivido um tempo
reservando a minha vida ao compasso
da maturidade dos meus anos,
tenho molhado os meus ossos
algumas vezes
no equivoco do descoberto,
hoje
ontem,
talvez amanhã,
invoque ao amor puro,
talvez  fracasse
na tentativa.

Desenho o meu futuro
lambendo o meu orgulho,
e sem ser ninguém sou,
o que se pronuncia amor,
resmungando liberdade,
fábulas mal contadas
depositadas num querer mais,
desejo amanheceres
que nunca chegam.

No letargo dos meus pensamentos
como se fosses o centro,
mesmo de tudo,
o sendo,
passeias-te pela minha pele,
desenhas o meu coração
da cor âmbar quando ele está cinza,
és o pincel da minha manhã,
 o teu sorriso devolve-me a vida,
essa que me pica insistente
na solidão que dança sobre a minha cama.

Há dias que escrevo com a coragem
do coração ao descoberto,
a alma humedecida em penas,
fecho os olhos e imagino,
o amor em plena sementeira,
estendo os meus braços
e encontro-te
no centro  das minhas lágrimas,
amadurecendo sentimentos
queimando-me o peito
difíceis de explicar,
por intangíveis,
picotei os meus ânimos,
sinto falta dos caminhos,
 pensando
que a vida foi ontem,
sendo hoje
o futuro que me inspira acomodado.

Beijos

J.