Entre folhas ... Há amores ...

Há amores que se desgastam
Com a ausência,
Que assobiam para o ar o nome
Da pessoa que se ama,
Assomem lembranças
Em a cada janela,
Entrando em cada porta,
Há amores que se escrevem
Com letras de fios de prata,
Só se apaziguam os temores
Na distância,
Nem se quebram inquietudes
Pela subtileza,
Não são as mensagens,
Nem os telefonemas,
Nem um eleger de palavras
Para a tua alma.

Há amores que se desgastam
Desgranando dias,
Longas esperas,
Não foi o teu caso,
Foram os meus olhos
De tanto chorar,
Foram-se apagando
Os momentos amargos.

Escrevo palavras,
Que nascem da minha boca,
Deixou a minha alma de chamar-te,
Desprezada ficaste na memória,
De quem observou
Os teus fatos,
E floriu as palavras.

Beijos
J.

Entre folhas ... Amor de juventude …

Deixou um lenço,
Com os seus desejos gravados,
Desejos contidos,
Tanto tempo
Entre os seus lábios,
A fruta por amadurecer,
O fruto sem proibições,
O tempo que não tem sido,
E que se escapa das suas mãos,
O amor de uma juventude tardia,
O beijo às escondidas.

Deixou parte de seu passado,
E foi de viagem,
Convencida de encontrar o gravado,
Entre as suas mãos,
Encontrou outras mãos,
O morno alento do amor,
Durante tanto tempo esperado,
Desatou no seu corpo tempestades,
Sobre ela caiu o maná do esperado.

E teve tempo
De reter entre as suas pernas,
O liquido amargo,
Que tanto tinha procurado,
Provou a fruta madura,
Cheirou jasmim,
Soube do tempo perdido,
Deu-se conta que não há tempo que seja tarde,
Os seus mamilos amadurecidos,
Os seus mornos lábios,
Desejos cumpridos,
Procura o desejo,
Procura,
Que o tenho retido,
Gravado na minha memória,
No canto mais intimo e apreciado,
Espera,
Vem,
Já te disse onde se encontra,
O amor da juventude tardia,
Vem não tardes,
Que o tempo não desate o amarrado.

Beijos
J.

Entre folhas ... Peregrino …

Poderia ter sido
O cumulo da tua poesia,
O colar para o teu decote,
Mas,
O néctar que me negaste
Com outros o compartilhas,
Para ser sincero e justo,
Nunca quis aproximar-me.

Agora sou peregrino
Da mão que me oferece
O seu carinho,
Viajo com a alma
Feita de mirones,
Que até iluminam o nosso caminho.

Beijos
J.

Entre folhas ... O que escondes …

O mar estava sereno,
Não vi o amor no mar,
Nem vi gaivotas a passar,
Nem barco para apreciar.

O mar guardava silencio,
Palavras que não ouvia chegar,
Confundiam-se as ondas
Com o meu lento pestanejar.

Areia de ouro,
Parecesse,
Enganava os olhos cegos
Um silêncio de ouro e prata
A brisa começou a soprar.

Um amor de outro tempo,
Ao longe vi passar,
E passou,
Passou tão depressa, que esqueci
O ruído do mar,
Enquanto o meu amor verdadeiro,
Transportava-me até ao lugar,
Onde a realidade habita.

O coração esconde verdades
Que compartilho
Tantas vezes contigo,
Como tudo isto me faz falta.

Beijos
J.

Entre folhas ... Para chegar ao teu corpo ...

Deixa-se a vida deslizar,
Como uma lágrima no rosto suave
Deixa que te fale do silêncio,
Da compostura que o amordaça,
Do pranto triste,
Da melodia amarga,
No ar, sons ocos,
Na tua pele ninguém escreveu versos.

De tanto a muito recordo-te,
Os meus olhos libertam-se espontâneos
O teu ventre inclinado para a minha pélvis,
Dois corpos nus e em silêncio
Atados, nossos olhos à lembrança
A vida deixa-se deslizar,
De amor engana-se a noite
Percorre a minha pele sem cadências
Unem-se as raízes mais profundas
Encontrando-se as vértebras,
Sem temores de julgamento,
Amo-te
Ao vértice das minhas noites silenciosas,
A lágrima com vida
Deixa-se deslizar pelo rosto.

Para chegar mais longe,
Os nossos pés
Têm de seguir a realidade incerta
Atrevemos-mos a falar,
Chamam-nos loucos
Neste mundo de sensatos.

O teu rosto deixa-se pela minha vida,
A vida deixa-se deslizar pelo teu rosto.

Beijos
J.