Entre folhas ... Cedo ou tarde ...

Cedo ou tarde,
Nunca é tarde
Para encontrar
Uma boa alma,
Onde se possa refugiar.

Tarde ou cedo
Tenho de a encontrar.


Beijos
J.

Entre folhas ... Geografias ...

O ponto exacto
Ao que os meus olhos,
Avistam,
Um banho de ilusão,
Ao que nunca chego,
Talvez porque não existe.

Mas existe
O brilho dos teus olhos
No que encontro
O meu reflexo,
E o teu reflexo
Se me reflecte,
No lado direito
Da geografia dos meus sentimentos,
No esquerdo tu reflectes-me
Ausente.

Dói o amor,
Dói a dor,
Dói a dor do amor
E dói antes de mais nada,
Ver ausência no olhar
Da tua inflexão perpétua.


Beijos
J.

Entre folhas ... Hemisférios evidentes ...

Nunca termino
De constatar
O evidente.

O supérfluo
Escapasse-me
Das mãos.

E a realidade
Que se finca
No hemisfério.

Da porção de terra,
Onde deixaste
A tua loucura
Ontem à noite,
Com as minhas vontades.


Beijos
J.

Entre folhas ... Direcções opostas ...

Procuro entre os meus lençóis
Os versos que jamais dar-te-ei,
Permito que caia a tristeza,
Por baixo da cama,
Alheia,
Onde dormes as ultimas noites
Com esse alguém,
E que imaginas,
Que seja eu.

E eu encontro-me do outro lado
Da cama,
Do hotel conhecido
Que um dia compartilhamos,
Já não morro pelos teus suspiros,
Nem caio na tentação das palavras,
Que um dia foram minhas,
E hoje,
As presenteias a outros.

Obrigado de todos os modos
Por me teres amado um dia,
Por teres permitido,
Fazer parte do teu mundo,
Ao que não foi fácil entrar,
Nem sair.

Mas não permito
Que um perfume de mulher
Dure para sempre
Entre a minha roupa interior,
Por muito forte que este seja.

De que serve a maldita compaixão?
De um jogo esquecido,
Que nunca jogamos profundamente,
Ainda que profundamente
Nos tivemos.

Há palpitações
Que não deviam existir.

E hoje os versos tomam o rumo
De outro porto,
Que me abriga,
Antes do amanhecer.

E as palpitações persistem.

Existiu um tempo
Que nada tivemos,
E esse nada
Que nos segue,
Negando-nos.

Beijos
J.

Entre folhas ... Conhecendo-me ...

E
Porque não me descobres?

Até o fundo
Do meu corpo,
Conhece as minhas fantasias,
Os meus mais profundos segredos.

A emoção que produz
A cada um dos seus gestos,
A luxúria que produz
A cada um dos seus movimentos,
Conhece,
O sentido dos meus versos.

Por conhecer,
Conhece os meus gestos,
E eu
Jamais lhos ter contado.


Beijos

J.

Entre folhas ... Luxúrias ...

Retorceu as pregas da sua carne
Um grito surdo,
Na sua garganta,
Descobriu que a tinha possuído,
Até ao fundo,
Rompeu a sua entranha
Na intimidade,
Afinal era o amor…

Esse tão temido,
E esperado,
Nem um sozinho poro
Ficou por preencher.

A luxúria fez-se presa,
Deixou-se fornicar,
Intensamente
E as pregas da minha carne
Voltaram-se tensas e alisados,
Descobrimos um novo sentimento
Que parecia nunca ter existido...

Entre as suas nádegas,
E desde então
Tem ficado
Um vulcão em erupção,
Que quando acorda,
Faz que conheça
A luxúria
No seu estado mais primitivo.

O suor ficou nos lençóis
Como única testemunha…


Beijos
J.

Entre folhas ... Cimeiras ...

Ainda me fica a ressaca
Dos seus beijos,
Ainda ressoam em mim,
Os resplendores do seu corpo.

E sei que lhe agrada
Dizer que a quero,
E não o digo no momento,
Agrada-me ver os olhos,
Desejosos, semi-abertos,
É o momento cimeiro,
Onde se fundem os sonhos.

E fica-lhe a ressaca
De ter-me tido dentro,
Ainda não sabe se do céu,
Ou do inferno.

E não se importa,
Que se me caiem os meus egos,
No meio do firmamento,
Ela pôs as estrelas,
Eu as coloquei no solo,
Ela pôs o sentimento,
E juntos fazem o resto.

Entrelaçaram os corpos
Num puro entendimento.

Beijos
J.

Entre folhas ... Beijos ...

Quando pronuncio o teu nome,
Acordo na madrugada,
Fico um momento absorto,
E penso que não sou nada.

Quando sinto a tua presença,
Um não sei quê, reflecte-me,
Leva-me do outro mundo,
E arrasto-me até à tua ausência.

Acariciando o teu corpo esperas,
Um sentir de primaveras,
Flores de saramago abertas,
Para as tuas noites sinceras.

Quando te olho nos olhos,
Transparentes e serenos,
Atravesso o teu olhar,
Entrego-me porque te entregas
Procuras-me porque te procuro,
Quero-te de forma,
Que também me queres.

Isso dizem-me os teus olhos,
Através das tuas pupilas,
Serenas como sinceras.

Quando pronuncio o teu nome,
Recordas outros beijos,
Fico um momento absorto,
Descobrindo os teus segredos.

Assomarão os meus devaneios?

Quando pronuncio o teu nome,
O teu nome sabe-me a flores,
De um jardim plantado,
Com os nomes de outros homens.

Isso dizem-me os teus olhos,
Sinceros como suspeitos,
Sustento,
De almas inquietas,
Cúmplices de madrugada.

Quando pronuncio o teu nome
O teu nome sabe-me a beijos
Eu quero ser quem sou,
Colheita generosa,
Que no todo me questiona.

Beijos
J.

Entre folhas ... O seu amor, os meus instintos ...

O seu amor
Desata os meus instintos,
Não há tempo que esqueça
Que estive com ela,
Ela faz com que os gestos,
Permaneçam insistentes
Nas minhas lembranças.

Amor só há um,
Disse-me
O seu, o meu,
O nosso.

E eu
Respeito a sua ordem,
O seu amor tem sido primeiro,
E eu digo
Fui o último.
Beijos
J.

Entre folhas ... Ao cruzar a ombreira ...

Ao cruzar a ombreira
Da minha porta,
Estou a aceder
A um espaço,
Entre o céu e a terra
Para além,
Tudo me recorda,
Um vasto horizonte
Que vai desde o solo até o tecto,
O espaço aberto que imagino,
Imagino-o contigo,
E através da janela há dias
Que só vejo,
A união dos nossos corpos,
E espalho no ar
Rosas de esperança
Para encontrar o teu olhar,
Neste espaço que imagino,
Imagino-o contigo.


Beijos
J.

Entre folhas ... Raízes do teu corpo…

Abrir-se-á
A tua carne palpitante,
Para que devore as tuas raízes
Com o desejo da luxúria,
Para cavalgar nos teus instintos,
Entrar até às entranhas,
Do fundo do túnel da tua carne.

E gritos rasgados
Delatarão que estive
Perto,
Bem perto,
Dos teus sentidos.

Ao misturar-se,
Sangue,
Lodo,
Varro e terra,
Até formar
As sementes.

Eu não me importo...


Beijos
J.

Entre folhas ... Sempre a viver ...

E sempre a viver,
Doendo-me o corpo
Às vezes também a alma,
Respiro
Há momentos que não quero
Mas faço-o,
Penso em ti, a cada dia
Não há instante que não passes
Despercebida,
Mas o fazes,
Repudio e amaldiçoo essa distância
Que nós conhecemos,
Também amaldiçoo o tempo
Esse diferencial…

Muitas vezes penso
Na paixão desenfreada,
Trato de ser transparente
Ainda que o que diga,

Diga-o subtilmente,
Costuma muito dizer "quero-te"
Envergonhado,
Digo-o
Expresso-o com um carinho verdadeiro,
Por isso vivo.

Ainda que doa-me a alma
Rasgo o corpo
Por isso vivo,
Para dizer-te: “quero-te”
Para perpetuar um instante
E a vida escapa-se-me,
Em um instante atrás de outro.


Beijos

J.

Entre folhas ... Gotejos ...

Por saber-te tido,
Em mim adentro
Ter-te-ei tido por querer-te,
Terás aprendido ou renegado
Ao querer-me.

Mas não poderás negar
Que me tendo querido
Às vezes intenso,
Entreguei-me,
Profundamente desde adentro.

Tudo passa com o tempo,
Menos estas lembranças,
Que te escrevo
Como penso,
Demasiada a urgência
Gotejando entre as mãos
Demasiada a urgência,
De retomar o esquecido.

Sem pressas...

Beijos

J.