Entre folhas ... Contornos suaves ...

Contornos suaves,
Perfilam a minha noite,
Sobre as estrelas,
Estranho esse,
O teu nome.

Faz com que alguma vez
Eu possa cavalgar
Sobre as tuas nuvens
E chegar ao eterno céu.

Existe uma disciplina
Que ignoro,
Tormenta no meu interior
Furiosa,
Da tua luxuriosa carne.

Contornos suaves,
Ao amanhecer avivam,
Recordo-te vagamente,
E volto a ser eu.

Com os olhos abertos
Recordando sonhos,
Que nunca existiram
E inventando futuros,
A teu lado.

E não há futuros
Que a teus pensamentos
Eu traia,
Sem aleivosia.

Beijos
J.

Entre folhas ... Oásis de sonhos ...

O que tem essa mulher?

Com o seu olhar azul,
Transparente
De negações,
Ar,
Água,
Fogo e vento.


E eu sem a merecer…

O que tem essa mulher?

De palavra extrema,
Profunda,
Tranquila
Que ao meu fundo chega.

O que tem essa mulher?

Que me propõe um oásis,
No meio de uma selva,
Com tão só o tormento
Dos sentidos,
Sensatos.

Essa mulher tem,
Um violino rasgado,
Por notas de beijos,
Que quando o toca,
Assomam as notas,
Por todo o meu corpo.

Que têm as suas mãos?
Que tem o seu corpo?
Onde ficam as suas carícias?
Onde ficam as suas vivências?
Onde ficam os seus sentidos?
Ai, tanto sentimento...

E eu sem o saber...

Beijos
J.

Entre folhas ... Os teus cumes e o meu amor …

Amo-te agora,
Ainda que nem possa
Dar-me todos os instantes
Neste sentir.

Amo-te e partilho
A tua imagem nos meus olhos
Ainda que não caminhemos
Pela mesma senda.

Amo-te,
Porque compartilhamos
O mesmo sentir,
Amo-te,
Porque o meu coração
Hoje bate por ti.

Respiro o alento,
Que do teu respirar emanas,
Percorro esse teu corpo
Que o meu corpo ama,
Pensando em ti,
E sonhando-te sou o vulcão,
Que lança do teu cume,
O amor que se dilui na minha cama,
E não me importo
Que não me ames,
Tão só que recordar-te
É suficiente,
E esse sentir de te ter
Sempre.

Não me acobardo,
Sinto-me menino,
Quando te intuo
Serena e sensata,
Brincando com o meu corpo,
Nua sobre as minhas costas.


Beijos
J.

Entre folhas ... Os meus uivos ...

Como o meu ânimo,
Há um rumo que vai e vem,
Desde que nasci
As noites são minhas,
Compartilho-os com quem quero.

E das minhas noites
Fazem-se escritos,
E dos meus dias
Plagiam e fazem-se donos,
E não me importo,
Também sou dono
Dos meus dias,
Dos meus pensamentos,
De quem compartilho o meu Sol,
E a quem ofereço as minhas luas.

Há outros
Que circulam à minha volta,
Mas não sabem
Que caminho com sandálias invisíveis,
Para que ninguém note os meus passos,
Nada quero com o passado
Como se fosse o presente,
E esse, o meu presente conservo-o,
Intimamente e internamente.

Pois ninguém que eu queira,
Tem de saber,
Em que estrela costumo cavalgar,
Por um beijo,
Por uma carícia,
Por uns abraços,
A quem ofereço sonhos,
A quem me entrego,
Quem sabe do meu coração,
Sabe que vive em mim,
Sempre presente.

Ainda que outros queiram me colocar,
Com um rótulo do meu passado,
Que tem perdido todo o meu sentido
E o meu presente é infinito.

Será melhor que eu advirta,
Que posso caminhar só,
Ou acompanhado das estrelas
Que eu eleja,
Uivando nas minhas noites.

Beijos
J.

Entre folhas ... Se da minha razão ...

Se da minha razão
A harmonia,
O equilíbrio perfeito
De pensar com a cabeça,
Querer com o coração
E esquecer com a alma.

Se da minha razão para
Que me deixes
Que esta noite me ajoelhe
A teus pés e te abrace
Desde baixo até cima
Apanhar os teus tornozelos,
As minhas mãos acariciando
Os teus dedos,
Subindo pelos teus joelhos,
As tuas coxas,
Utilizo a minha boca
Para beijar o teu umbigo
E as minhas mãos
Para agarrar as tuas nádegas
E aí,
Deter-me um pouco…

Aproximas o teu rosto,
Aproximo o meu rosto,
Para que te olhe de frente,
E os meus olhos castanhos,
Na profundidade
Dos teus olhos azuis,
Levam-nos ao mar
Onde os nossos beijos
Serão os primeiros.

Foder e ver o mar,
E as estrelas,
A primeira vez
Que me fizeste teu
Fazendo-me entender
As razões desse porquê.

Se de minha razão
E não oculto os meus desejos,
De o realizar,
Olhando as estrelas.

Beijos
J.

Entre folhas ... Quereres ...

Olha,
Se te quero;
Quero,
Que por te querer
Mais,
Eu quisesse,
Querer-te mais
E não posso.

Olha
Se te quero
Quero,
Que voo contigo,
Queira,
Ou não queira,
Até chegar
Ao céu,
E cantar juntos
Boleros.

Olha
Se tu queres,
Quer,
Vêm comigo
Até ao inferno.

Beijos
J.

Entre folhas ... Como encher estes vazios ...

Com toda a vontade,
De apagar a fogueira,
Malévolo incentivo,
Somando barreiras,
Abatido pelo argumento vazio,
Concebido na luxúria primitiva,
Do pensamento adormecido.

Como encher estes vazios?

Quando a paixão estala,
Quando entro em ti,
Sobre os teus poros,
Os meu beijos,
Viajarão contigo
Pelos vales dos desejos escondidos,
Sentiremos como a pele,
Queima e fala,
Como o fogo trémulo,
E nas nossas mãos,
Intercalaram-se com gemidos crispantes,

Como tocar o teu corpo,
Numa viagem de ida e volta
Para regressar de tanto em tanto,
À nudez,
Aos suores esgotados,
Ao teu sexo molhado
Quando o meu sexo
No profundo do teu corpo,
Só seja a manifestação
De um amor de pétalas,
Miúda acorda!
Eu durmo num leito de flores,
Sobre os teus peitos,
Com os braços estendidos.


Como encher estes vazios?

Da tua ausência,
Nos meus pensamentos
Quando não estás comigo,
Os meus olhos abertos
Descobrem que o amor, amada minha,
É um ser vivo
Que habita no meu coração,
Adolescendo nos teus batidos,
E à fé da promessa de ser teu abrigo,
Quando tu queiras,
E o tempo não seja prejuízo.

Como esvaziar estes sentidos?

Beijos
J.

Entre folhas ... Palavras e nostalgias ...

Caminho sobre o fogo,
Não me importo,
Seguir os teus passos
Na tua vida,
A não ser que me peças
Que te esqueça,
O meu coração não esquece
O que contigo fala.

O meu coração diz
Que o pensamento é livre,
Mas eu o contradigo,
Constantemente,
Creio em mim,
As dúvidas necessárias,
Tenho da as viver,
Já sabeis que me agrada
Vos despir,
Com palavras,
Elegias,
Com metáforas,
Com suores,
Com a minha pele,
Com a minha nostalgia,
Ainda sabendo que ao escrever,
És tu,
Quem me desnuda
De corpo e alma,
Como também sabeis
Que não me importo,
Sempre fica algo
Na minha alma que não digo,
Por muito que trateis,
De rebuscar nas minhas palavras.

Já vos deixo,
Que hoje quero passar o dia,
Num bordel de palavras,
Que tenham os meus lábios,
Da cor do teu sorriso,
Sem metáforas.

Beijos
J.

Entre folhas ... Desabafo ...

Desde uns dias a esta parte,
Escrevo por escrever,
O volume dos meus dedos,
Nervosos, batem sem tom,
As teclas são a vingança,
De aliviar as palavras da tensão.

Mil lágrimas e um sorriso,
Encaixam no alfabeto do desejo,
Criando um charco de palavras,
Mais ou menos coerentes,
Ao tentar recrear numa noite,
Mas aparece a escuridão.

Por muito procurar,
Não encontro as palavras correctas,
Pelo menos aquelas que fazem sentido,
Estou num estado de carência,
Existencial,
Sinto o vento embriagador.

A falha permanece,
En não saber o que contar,
O significado,
Mal importa,
Se há a inspiração suficiente,
A direcção,
O ritmo,
Ou a melodia que soa bem nos ouvidos.

Esta manhã,
Teclei com a paixão que anseio,
Falei-lhe de cinismo virtual,
Consolo-me,
Esborratando o lado inferior central,
Do meu ecrã,
Com pensamentos,
Muitas vezes em ocasiões,
Contraditórias,
Girando tudo à minha volta,
Mantenho aberta a guerra,
Comigo mesmo.

Palavras adormecidas,
Trato de as segurar,
No meu caminho,
O meu passo delirante
Pela espessura infernal
De quem se pretende,
Exteriorizar,
Que nada tem a dizer,
Que tanto anseia em amar,
E no entanto,
Sente a necessidade de escrever.


Beijos
J.

Entre folhas ... A tua flor ...

Quando te aproximares de mim,
Encontrarás o Verão,
Nu,
E sem ancoradouro,
Contendo um suspiro,
Resta-me receber,
O teu alimento,
O néctar
Das tuas flores intactas,
Acalmarás,
São como a água desta fonte
Que tanto amo,
Sinto que os meus pés
Caminham
Sempre com o rumo
A ser alterado.

Manifesto-me no teu espelho
Grito que Deus é eremita,
E habita no amor
Que professamos,
Para além das religiões,
Sinto o movimento
Dos teus passos a cada noite,
Chegas até mim,
E num grito abafado,
Soltas a voz,
Dizes que me amas.

Recolho essa melodia,
Como se sempre tivesses sido
A minha primeira,
Primavera.

Quando te aproximares de mim,
Recolherei o teu aroma doce,
Misturo com o meu,
E beberás dessa fonte
Que tanto anseias.

Beijos
J.

Entre folhas ... Apenas choras ...

Vejo-te triste,
Encosto-me a ti
E pergunto-te:
Que se passa?
Mas, tu não me respondes,
Apenas choras.

Coloco a mão pelo ombro,
Rodo o teu rosto,
Olho-te os olhos,
Digo-te:
Porque sofres?
Apenas choras.

O silêncio perturba-te,
Só de encarares a vida
Situação tensa
A tua, minha amiga,
Quero impedir,
Quero tratar a tua ferida,
O teu animo congela,
Não libertas a esperança,
Apenas choras.

Ficas a meu lado,
Olhas-me,
Fincas as tuas pupilas
Nas minhas,
Como punhais afiados,
Leio-te como um livro aberto,
Leio-te,
Descubro os teus sentimentos,
Assemelham-se a uma longa epopeia
De batalhas intermináveis.
Sou teu amigo,
E a minha amizade já não acalma
As tuas ânsias,
Fazendo minhas
As tuas penúrias,
Mas tu,
Apenas choras.

Esforço-me por atingir
O inalcançável,
E chegar com a minha mão
Às estrelas,
Ordenar na tua alma
A desordem que tens vivido,
Mas tudo é tão difícil,
Apenas choras.

E dói-me como dói,
Ver cair uma a uma
As lágrimas contadas
Em cada dia passado,
Percorro com o meu dedo
A tua bochecha,
Suavemente,
Roçando a pele dos teus lábios,
Que se separam,
Como cortinas,
Que deixam passar a claridade,
Aparece um pequeno sorriso,
Sou feliz.

Parece que o dia mudou,
O sol apareceu
Os seus raios,
Enaltecem a tua beleza,
A tua sina,
Como posso dizer-te,
Que a esperança,
O amor,
Activa os meus sentidos.
Há alguns anos,
Que passeámos juntos,
Entre charcos e campos,
Aqueles sapos que detestavas,
E choravas,
Como o bebé que nasce,
Que posso fazer,
Para chegar à tua alma,
Despejando essa sombra,
Amaldiçoada,
Ainda que queira ficar indiferente
Do teu triste pesadelo,
E dizer-te:
Estou aqui, escuta-me.
Ou dizer-te:
Que te quero.
Mas,
Apenas choras.

E olho-te,
Quando falas,
Quando contas,
Quando escuto da tua boca
Que o horizonte se perde
Entre a terra e o mar,
Nessa fina linha incalculável.
Estou aqui,
A teu lado,
O silêncio, acompanha-nos
Apenas o teu soluçar,
Se ouve,
Apenas choras.

Descobre o coração,
Desse manto espesso,
Deixa-o livre,
Como um pássaro
Que voa no céu inesgotável,
Sentimentos que agora pesam,
São donos
De momentos infelizes,
Sequelas que abatem o corpo
E vai matando docemente,
Esses olhos tão formosos
Inundados
Por dois lagos cristalinos
Que em momentos dolorosos
Deixam
Ondas e marés
Que escorrem na tua pele
Como na areia do mar
De uma praia deserta,
Mas tu,
Apenas choras.


Beijos
J.

Entre folhas ... O cantinho dos sonhos ...

Não há melhor lugar para se ficar
Entre as nuvens do teu cabelo,
O melhor do sol,
O brilho da lua,
Primavera vem,
E cura-me deste inverno.

Neste cantinho dos sonhos
Do tempo que queremos,
Para a luz do teu corpo,
Até ao infinito sonho,
Até ao silêncio profundo
Onde se guardam os beijos.

Onde sonham os amantes
Nos jardins do sonho,
Não há melhor lugar para ficar,
Nem melhor forma de aproveitar
O nosso tempo
Que enredo no teu corpo.


Beijos
J.