Entre folhas ... Voo curto ...

Forjou-se um amor só de olhar
lutava a contravento,
sem espada,
Inquieto o tom da sua palavra,
apanhava uma rosa,
extraía a sua fragância
caminhava lento,
desgastava pedras,
no seu andar ligeiro saíram-lhe asas,
o seu olhar tímido e sublime.

Ao chegar a noite encontrou-a chorando,
não eram suas as lágrimas caídas,
sempre o destino colocava-lhe entraves
roía os seus desejos e vontades,
maldito desejo
que não se afastava,
outra noite longa,
de sonhos e esperas,
esperanças do olhar cego e infinito,
o nevoeiro cerrado,
o frio no seu rosto.

Chegou a manhã,
como sempre chega
à hora esperada,
com os dedos,
esfregava o rosto,
secaram as lágrimas
de lembranças
passadas
secou-se a alma,
chorou pela garganta.

Num velo curto,
de fúrias e raivas,
levantou de novo os seus pés e as suas asas,
continuou voando,
ao chegar a alva
estava a espera,
viu o seu rosto cansado,
mas ela espiritualmente,
não estava.

Ela eram as suas asas,
as que lhe impulsionavam.

Não há amor que não implique
uma derrota ou uma vitória
própria da alma,
e seguiu voando;
como sempre e sem fronteiras.

Partem-se-me as vértebras,
mesmo assim quero-a
com a sua ausência,
enquanto a cruz das minhas costas;
se desfaz.

Beijos
J.