Entre folhas ... Cadências corruptas ...


Não conheço outro idioma
que aquele pronunciado pelos seus olhos,
do verbo em seus lábios,
sábio conselho de alquimia
inútil em palavras.

Não compreendo outra cadência
que não seja a de amar e respeitar,
ainda que em realidade chore,
e a lua recolhe lágrimas
de espuma ausentes,
das suas mãos.

Livre de pronunciar umas palavras
bebendo do copo dos seus batidos,
irresponsável nos seus atos,
implícita de toda a razão conhecida,
assume a tempestade que a cobiça,
um monólogo dela mesma
uma e outra vez,
viajante de ida e volta
capaz de assumir
o que não é seu,
nessa tessitura caminha
às custas com as suas próprias respostas,
sem lhe importar o cheiro
que emana
da sua língua comprida,
 respondendo
a tudo o que não se lhe pergunta.

Ainda que chore noite após noite
as suas próprias luas
não recolherão essas lágrimas opostas,
que derramam
dos seus olhos confusos,
não conheço outra cadência,
que amar
com os olhos bem abertos, e o coração
ao descoberto.

Sempre há viajantes de ida e volta.

Beijos
J.

Entre folhas ... Amarrar ...


Tenho voltado a sonhar
com o incompreendido,
acordo e refugio-me no teu colo,
sonho povoado pelos teus olhos
brilhantes,
vou vivendo a potes de dor,
sentindo que sem ti
sou menos sonhador,
distorço as distâncias das horas,
refugiando-me numa vida
que é uma estanca,
fazem-se-me os sonhos
de uma realidade próxima
e espanto-me com a dor sem a malícia
do que não pensa no outro,
pudesse ser que o meu ego quisesse.

Amarrar alma com alma,
palma com palma,
poro com poro,
unir o meu sentir aos teus sentimentos
para ir  vivendo entre folhas,
que o tempo não desfaz.

Beijos
J.