Entre folhas ... Apenas choras ...

Vejo-te triste,
Encosto-me a ti
E pergunto-te:
Que se passa?
Mas, tu não me respondes,
Apenas choras.

Coloco a mão pelo ombro,
Rodo o teu rosto,
Olho-te os olhos,
Digo-te:
Porque sofres?
Apenas choras.

O silêncio perturba-te,
Só de encarares a vida
Situação tensa
A tua, minha amiga,
Quero impedir,
Quero tratar a tua ferida,
O teu animo congela,
Não libertas a esperança,
Apenas choras.

Ficas a meu lado,
Olhas-me,
Fincas as tuas pupilas
Nas minhas,
Como punhais afiados,
Leio-te como um livro aberto,
Leio-te,
Descubro os teus sentimentos,
Assemelham-se a uma longa epopeia
De batalhas intermináveis.
Sou teu amigo,
E a minha amizade já não acalma
As tuas ânsias,
Fazendo minhas
As tuas penúrias,
Mas tu,
Apenas choras.

Esforço-me por atingir
O inalcançável,
E chegar com a minha mão
Às estrelas,
Ordenar na tua alma
A desordem que tens vivido,
Mas tudo é tão difícil,
Apenas choras.

E dói-me como dói,
Ver cair uma a uma
As lágrimas contadas
Em cada dia passado,
Percorro com o meu dedo
A tua bochecha,
Suavemente,
Roçando a pele dos teus lábios,
Que se separam,
Como cortinas,
Que deixam passar a claridade,
Aparece um pequeno sorriso,
Sou feliz.

Parece que o dia mudou,
O sol apareceu
Os seus raios,
Enaltecem a tua beleza,
A tua sina,
Como posso dizer-te,
Que a esperança,
O amor,
Activa os meus sentidos.
Há alguns anos,
Que passeámos juntos,
Entre charcos e campos,
Aqueles sapos que detestavas,
E choravas,
Como o bebé que nasce,
Que posso fazer,
Para chegar à tua alma,
Despejando essa sombra,
Amaldiçoada,
Ainda que queira ficar indiferente
Do teu triste pesadelo,
E dizer-te:
Estou aqui, escuta-me.
Ou dizer-te:
Que te quero.
Mas,
Apenas choras.

E olho-te,
Quando falas,
Quando contas,
Quando escuto da tua boca
Que o horizonte se perde
Entre a terra e o mar,
Nessa fina linha incalculável.
Estou aqui,
A teu lado,
O silêncio, acompanha-nos
Apenas o teu soluçar,
Se ouve,
Apenas choras.

Descobre o coração,
Desse manto espesso,
Deixa-o livre,
Como um pássaro
Que voa no céu inesgotável,
Sentimentos que agora pesam,
São donos
De momentos infelizes,
Sequelas que abatem o corpo
E vai matando docemente,
Esses olhos tão formosos
Inundados
Por dois lagos cristalinos
Que em momentos dolorosos
Deixam
Ondas e marés
Que escorrem na tua pele
Como na areia do mar
De uma praia deserta,
Mas tu,
Apenas choras.


Beijos
J.