Entre folhas ... Desabafo ...

Desde uns dias a esta parte,
Escrevo por escrever,
O volume dos meus dedos,
Nervosos, batem sem tom,
As teclas são a vingança,
De aliviar as palavras da tensão.

Mil lágrimas e um sorriso,
Encaixam no alfabeto do desejo,
Criando um charco de palavras,
Mais ou menos coerentes,
Ao tentar recrear numa noite,
Mas aparece a escuridão.

Por muito procurar,
Não encontro as palavras correctas,
Pelo menos aquelas que fazem sentido,
Estou num estado de carência,
Existencial,
Sinto o vento embriagador.

A falha permanece,
En não saber o que contar,
O significado,
Mal importa,
Se há a inspiração suficiente,
A direcção,
O ritmo,
Ou a melodia que soa bem nos ouvidos.

Esta manhã,
Teclei com a paixão que anseio,
Falei-lhe de cinismo virtual,
Consolo-me,
Esborratando o lado inferior central,
Do meu ecrã,
Com pensamentos,
Muitas vezes em ocasiões,
Contraditórias,
Girando tudo à minha volta,
Mantenho aberta a guerra,
Comigo mesmo.

Palavras adormecidas,
Trato de as segurar,
No meu caminho,
O meu passo delirante
Pela espessura infernal
De quem se pretende,
Exteriorizar,
Que nada tem a dizer,
Que tanto anseia em amar,
E no entanto,
Sente a necessidade de escrever.


Beijos
J.