Entre folhas ... agulhas oxidadas ...




Como agulhas que se espetam nas palavras,
na epiderme que me acolhe à noite
independentemente do que dizem,
para não ferir o que já padece em demasia.

Invadido pela noite, apesar de já ser dia,
os sonhos que não foram cumpridos,
abraços, como aranhas entre os olhos,
as madrugadas de desejos,
enterrados.

Admitir um pouco da bondade humana,
um pouco de calor de uns lábios húmidos,
um hino ao amor,
sem justificações,
um pouco do que falta ou não sei,
estendo os meus braços ao vazio,
do nada,
encontro agulhas oxidadas,
as palavras,
feitas de trapos, mesquinhez
esse desejo com preço que ninguém pagará...

Exceto a melhor metáfora da alma
onde os desejos se escondem,
e os sonhos repoisam entre agulhas
oxidadas.


Beijos
J.