Entre folhas ... Verdade ...

Verdade que fugi às regras
de amores baldios,
verdade que enquanto foi,
a minha entrega foi total,
verdade,
que quis,
desejei,
o corpo alheio,
o sangue e o fogo,
que me chamava.

verdade que me vi reflectido
em espelhos partidos
verdade que se me desfigurou a alma,
verdade,
não menos verdade que me romperam
parte do meu dócil e sangrado coração.

Tão verdade,
caíram sobre o meu corpo,
mãos que não souberam se reter,
não menos verdade que as minhas mãos não
se reprimiram,
no instante que quis.

verdade que podem chamar-me temeroso,
não menos verdade que sou valente,
por tomar as minhas próprias decisões,
rasgando as regras que não existem.

tão verdade que agora,
cabelos raros
e pesos sobre as minhas costas,
amo,
como não tinha amado nunca,
desejo,
após tanto amor,
após tanto leito,
aprendo a amar de novo,
desde o inicio,
com a lição estudada,
e ninguém é culpado.

Só ela,
que com as suas palavras,
eleva-me ao monte,
onde ninguém subiu,
ela,
que está comigo ainda que não saiba,
ela,
água fresca nos meus lábios,
quando beija sem beijar,
quando sem dizer nada,
cala,
outorga e oferece,
uma sinceridade que não pode ocultar,
ela que com água,
limpa as pregas
mais recônditas do meu corpo,
com umas mãos
que bem parecem,
asas de borboleta,
crisálidas que acendem o meu desejo,
ela que me cobre,
e sustenta o meu amor
sobre a terra,
ela que me ama,
sem me ter escolhido,
nem o ter decidido,
ela que se impregna no meu adentro,
ela que aceita este instante eterno
do agora,
porque assim o admite e aceita.

ela "a vida",
por ter-me escolhido.


Beijos
J.