Entre folhas ... Nas orlas das madrugadas ...

Com a volta infinita ao presente,
tantas intimidades,
desprenderam-se dos nossos corpos,
tantos,
não sei como pude desprender do silêncio,
tantos ocos soltos,
pontos suspensos,
reminiscentes,
pode ser que hoje ao pensar-te,
se altere a minha coluna,
e não me resista,
nem te resistas,
a procurar a nata nívea do meu corpo,
fecham-se as distâncias,
o amor não deve ser a desculpa,
o lobo piedoso,
a droga subtil,
com que encobrir a palavra desejo.

Deve ser o tempo,
a noite fulminante,
a vida,
ela amar,
o sorriso cúmplice compartilhado,
é preciso agarrar o tempo que nos une,
envolvidos juntos no mesmo ar,
nos mesmos lábios,
nas mesmas pregas,
que não ficam,
coladas quando te tenho,
e a nata que procuras
a encontrarás no rosto que te espera,
nos teus olhos,
no mais profundo do teu ser,
ou no fogo dos teus seios,
luxuriosos,
as feridas fecham-se,
com fios que cortam os silêncios,
todas as conversas,
ficam agarradas sobre o corpo.

Sentados sobre a ternura,
ficamos os dois,
abraçando-nos,
como nos abraça a noite,
a orla da madrugada está ao chegar,
e sinto o teu coração,
batendo ao compasso dos meus suspiros,
quando me deixas vazio
e o músculo que te nomeia,
repousa flácido,
sobre o teu corpo,
tanta felicidade,
não é capaz de eliminar os nossos devaneios,
cúmplices...

Beijos
J.