Entre folhas ... Epicentros distantes ...

Intuem-se as linhas do teu corpo,
desenho-te com a minha mão,
cúmplice,
a cada milímetro da tua pele,
enquanto,
os pensamentos se acomodam
entre músculos e sentimentos.

Depois das quimeras,
A minha vida consome-se,
esperando escrevo sobre a minha pele,
as noites e os dias que nunca estive contigo,
cansado de gritar que pouco,
é suficiente,
os meus olhos adormecem onde o teu quadril
atinge a cúspide mais baixa da tua cintura.

Traio o meu corpo,
enganando-o,
fazendo-lhe achar que foi ontem à noite,
quando na realidade já passaram luas
desde o último orgasmo que fizeste meu.

Desenho-te por cima e por baixo,
Gastam-se-me os lápis de cores,
então desenho-te em alvo e negro
os meus lábios vão-te comendo,
a fogo lento,
os teus uma sinfonia em ré menor,
lambendo a nudez das minhas palavras.

Escapando às pausas quando amanhece,
das noites agitadas,
em suspiros alheios
começa um novo dia,
voltando a intuir o teu corpo,
fico sem saliva,
de facto gastei-a na última noite,
de tanto ansiar,
os lábios da tua pele.

Afundo-me suave,
lento, contra o azul,
mais profundo do teu sagrado corpo
perdes-te nas sombras,
e encontro-te,
saboreando-me a pele dos meus instantes
as partes mais distantes do centro
daquela que dizes amar,
o teu epicentro preferido.

Beijos
J.