Entre folhas ... Direcções opostas ...

Procuro entre os meus lençóis
Os versos que jamais dar-te-ei,
Permito que caia a tristeza,
Por baixo da cama,
Alheia,
Onde dormes as ultimas noites
Com esse alguém,
E que imaginas,
Que seja eu.

E eu encontro-me do outro lado
Da cama,
Do hotel conhecido
Que um dia compartilhamos,
Já não morro pelos teus suspiros,
Nem caio na tentação das palavras,
Que um dia foram minhas,
E hoje,
As presenteias a outros.

Obrigado de todos os modos
Por me teres amado um dia,
Por teres permitido,
Fazer parte do teu mundo,
Ao que não foi fácil entrar,
Nem sair.

Mas não permito
Que um perfume de mulher
Dure para sempre
Entre a minha roupa interior,
Por muito forte que este seja.

De que serve a maldita compaixão?
De um jogo esquecido,
Que nunca jogamos profundamente,
Ainda que profundamente
Nos tivemos.

Há palpitações
Que não deviam existir.

E hoje os versos tomam o rumo
De outro porto,
Que me abriga,
Antes do amanhecer.

E as palpitações persistem.

Existiu um tempo
Que nada tivemos,
E esse nada
Que nos segue,
Negando-nos.

Beijos
J.