Entre folhas ... Da tua maquilhagem …

Príncipe da luz,
diabo das trevas
sou resplendor da dor,
devorador das tuas letras,
sejam em folhas secas ou
flocos húmidos.

Dono das minhas (quase)
quarenta e oito
primaveras,
não elimino nada do que ficou,
recolho os restos da maquilhagem,
e com eles pinto
no teu umbigo,
a palavra que nunca pronunciamos
o gesto inacabado e
precoce, e
a sábia da tua língua,
recolhe
o resto do sémen do meu corpo
que pelo teu corpo escorrega,
príncipe da luz,
contigo,
diabo das trevas,
sem ti,
príncipe e mendigo
das minhas (quase)
quarenta e oito primaveras.

Sabes que o resto são tuas,
tão tuas como o sémen
na tua boca,
e as pinturas inacabadas
no teu umbigo.

Hoje precisamente
com o resto
da pintura dos teus olhos,
gravo o teu nome,
no céu,
com o rímel
que recolhi das tuas lágrimas.

Beijos
J.