Entre folhas ... Impronunciável …

Se de azul,
Mancharmos o céu
Com o amor que professamos
Hoje,
Amanhã o céu seria mais brilhante
Com lembranças,
Sem passados,
Vivendo o passado num presente
Inalterável.

Mas não há enganos,
Não é assim a vida que vivemos,
Mas pudesse ser,
A que imaginamos,
Sentindo um amanhecer
Que comprazesse
Diariamente ao desejo,
Mas não é assim...
Não é assim,
Ainda que quiséssemos.

Nunca digo adeus com um abraço,
Basta-me olhar aos olhos,
Limpo e tardio,
Quando deixo de amar,
Apago todos os rastros,
Do querer o cheiro,
O sabor,
A textura,
A pele,
E converto-me
No mais frio
Dos metais,
Que ainda é capaz
De lamber as suas feridas ressequidas.

Converto-me na palavra;


Impronunciável.

Beijos
J.