Entre folhas ... Que não acorde ...
Entre folhas ... Da flor na lua …
A cada noite uma ausência,
Palavras moldadas,
Com a argila da tristeza,
Cúmplice das tuas costas
Ausentes,
De facto o carmim do teu corpo,
Ah, do teu corpo
Tenho saudades,
Feito cristal,
Do cristal dos teu peitos,
Ah, dos teus peitos
Tenho saudades.
Estranhos
E
Extremamente unidos
A este mar de solidões,
E silêncios
Desejos sem retribuições,
Contigo;
O silêncio agudiza-se,
Frágil,
E a flor arrojada
À lua cheia,
A noite em que nos conhecemos,
Amantes do alheio,
A cama estranha,
Sem estranharmos
A nós mesmos,
Nem justificando os nossos actos,
Demos mútua permissão
Para brincar
Com os nossos corpos nus,
E agora,
Em noites de ausência,
Olhamos para a lua,
E as flores que desabrocharam,
Ali,
Onde o canto
Das aves se perde,
Ou se confunde
Com uns gemidos,
Gravados para sempre
No mais profundo
Da nossa sensata
Pele.
Fios de água
Invisíveis nos percorrem,
No mais profundo
Das nossas sensações.
Beijos
J.
Entre folhas ... Madrugada inquieta …
As minhas ânsias ao desejo
De acolher o teu corpo
No meu peito,
Acolho-me ao olhar dos teus olhos,
Recolho-me na ombreira
Serena da tua madrugada.
Sente-me como vivo-te
No presente,
Nas razões,
Abre-se o coração,
E afastam-se as dúvidas razoáveis
De quem vive se despindo,
Da alma e coração.
Os meus dias
Amanhecem em ti,
Como a aurora,
Que se nega
A se afastar,
Nem sentido tem afastar
O amanhecer,
Tu que vives os meus sentires
Sentindo os teus próprios sentimentos
Como meus...
Chegar-te-á uma rosa a cada dia.
Beijos
J.
Entre folhas ... Impronunciável …
Mancharmos o céu
Com o amor que professamos
Hoje,
Amanhã o céu seria mais brilhante
Com lembranças,
Sem passados,
Vivendo o passado num presente
Inalterável.
Mas não há enganos,
Não é assim a vida que vivemos,
Mas pudesse ser,
A que imaginamos,
Sentindo um amanhecer
Que comprazesse
Diariamente ao desejo,
Mas não é assim...
Não é assim,
Ainda que quiséssemos.
Nunca digo adeus com um abraço,
Basta-me olhar aos olhos,
Limpo e tardio,
Quando deixo de amar,
Apago todos os rastros,
Do querer o cheiro,
O sabor,
A textura,
A pele,
E converto-me
No mais frio
Dos metais,
Que ainda é capaz
De lamber as suas feridas ressequidas.
Converto-me na palavra;
Impronunciável.
Beijos
J.
Entre folhas ... Desta forma …
De relatar este meu amor,
Que ter-te
Entre os meus braços,
Como água cristalina,
Retendo-se
Nas minhas mãos,
Resvalando pelos meus dedos,
Escapando à razão,
De quem ama
Com amor,
Apertando forte os punhos,
Ou
Gritando com a tua voz.
Não conheço outra razão
Que escapar da razão
Ou
Abrindo-te a minha alma
Ou
Entregando-te o meu amor.
Beijos
J.
Entre folhas ... Varre a chuva …
Das dúvidas tardias.
Não é procurar a verdade
Apenas como justificável
E necessária,
Entramos no nosso amor
Com os olhos radiantes,
Sem pensar,
Somos cúmplices
Sem saber a verdade,
Se ama.
As palavras são o artificio,
Não necessárias para nos entender,
Seguimos os nossos impulsos,
Abrimos os beijos,
Convertem-se
Em ecos,
Um orvalho sem saber
Abre-se,
E penetra nas nossas almas.
Varre a chuva os restos
De um ontem inolvidável,
E molhamo-nos
Inundando tudo,
Com palavras inocentes.
E não chove...
Beijos
J.
Entre folhas ... Do líquido incerto …
Líquido no teu corpo
Sempre que és a ausência,
Fossem
As minhas mãos as tuas mãos
A cada noite
Entre as tuas ancas,
Ou fosses tu
A que de mim bebesses.
Fosse como fora,
Divagamos onde se perde
O acaso,
Falando,
Tantas certezas
Cristalinas na alma
E nos olhos,
Fazem que bebamos juntos,
Das nossas próprias lágrimas.
És tu,
Líquido no meu corpo
Que escorrega,
Até ao centro
Dos meus serenos sentimentos.
Mas,
Multiplicam-se as luzes
Onde vivem os meus silêncios.
Beijos
J.