A cada noite uma ausência,
Palavras moldadas,
Com a argila da tristeza,
Cúmplice das tuas costas
Ausentes,
De facto o carmim do teu corpo,
Ah, do teu corpo
Tenho saudades,
Feito cristal,
Do cristal dos teu peitos,
Ah, dos teus peitos
Tenho saudades.
Estranhos
E
Extremamente unidos
A este mar de solidões,
E silêncios
Desejos sem retribuições,
Contigo;
O silêncio agudiza-se,
Frágil,
E a flor arrojada
À lua cheia,
A noite em que nos conhecemos,
Amantes do alheio,
A cama estranha,
Sem estranharmos
A nós mesmos,
Nem justificando os nossos actos,
Demos mútua permissão
Para brincar
Com os nossos corpos nus,
E agora,
Em noites de ausência,
Olhamos para a lua,
E as flores que desabrocharam,
Ali,
Onde o canto
Das aves se perde,
Ou se confunde
Com uns gemidos,
Gravados para sempre
No mais profundo
Da nossa sensata
Pele.
Fios de água
Invisíveis nos percorrem,
No mais profundo
Das nossas sensações.
Beijos
J.