Entre folhas ... Desenhando paisagens ...
Como a água entre-os-rios
Desenhando paisagens,
Traçando sonhos
E a seu passo,
Ia deixando sentimentos...
Poemas soltos no ar,
Do corporal fazia etéreo
O etéreo voava,
E pelas suas veias circulavam versos,
A sua boca ia desprendendo beijos,
A chuva convertia-os em pensamentos...
A distância encurtava,
Em silêncio,
As vontades molhavam-na com lembranças…
Entre as suas mãos a tinta deslizava
Desenhando paisagens
Traçando sonhos,
E eu tentava atracar entre os meus dedos.
Beijos
J.
Entre folhas ... Deixa-me ...
Num breve suspiro,
A ilusão que se entranha
Em querer-te a meu lado
Sentir-te na distância.
Deixa-me que te ame
Como se ama um ser que se sente
Ausente,
E como se estivesse presente
Deixa-me dizer-te ao ouvido
Que amo-te.
Deixa-me que num suspiro breve
Dizer-te que me doem os olhos
De não te ver.
Deixa-me levar-te comigo
Ao encontro eterno,
Das minhas palavras escritas
Com tão claros sentimentos.
E nessa brevidade descobre que amo-te...
Deixa-me sonhar devagar,
Descobrir os sonhos do teu espaço,
E na tua ausência beijar-te os lábios.
Às vezes descubro a tua imagem
Nua na noite...
Vazia.
Beijos
J.
Entre folhas ... Uma ponte ...
Dizem tantas coisas,
Dizem que temos de atravessar
O rio por onde queiramos,
E por mais que procuremos
Só temos uma ponte,
A vida.
Nascemos a chorar,
Com o passar dos anos
Começamos a entender o porquê.
Acabamos mortos,
Outros continuam a chorar.
Dizem tantas coisas…
Beijos
J.
Entre folhas ... Correntes ...
O nosso instinto
Que marca a corrente
De um rumo
Que não é nosso…
Continuamos a beber
Da fonte do esquecimento,
Enquanto não estivermos despidos
De falsos pudores…
A norte das tuas nádegas,
E ao sul da minha corrente,
A esse ponto exacto
Onde o esquecimento
É impossível…
E os corpos unem-se,
Não há bússola
Que marque o norte.
Estando cheia,
Brilhas como a lua
Os teus poros são as estrelas,
E os meus olhos o céu.
O nosso instinto de amar
Que nos queima adentro,
De um rumo
Que não é o nosso.
Beijos
J.
Entre folhas ... Com Sentido ...
Após horas
Que parecem anos
Após pensar,
De caminhar tanto.
Deves-me um sorriso
Com sentido,
Sentindo,
Após tanto.
Devo-te um beijo
De uns lábios
Desesperados
De tanta espera,
Estão a matar-me.
Concreta e concisa
Agrada-me a tua presença
E o teu sorriso.
Beijos
J.
Entre folhas ... Formas obliquas ...
Porque sentimos
O cheiro dos nossos corpos
E nos arranham os sentidos
Do desejo,
Horas convertidas
Em esperas
Porque conhecemos bem
O que queremos…
E as palavras raciocinam
De químicas conjuntadas
Não há dias que passemos
Sem pensarmos,
Sem cheirarmos...
Oblíquos os sentimentos
Enredam-se
Nos nossos lençóis,
Porque há mais,
Uma conjunção de palavras
Olhares entrelaçados,
Olhando um horizonte
Ao alcance das nossas mãos…
Mãos que se deslizam
Entrecruzam-se obliquas,
Pelas nossas nádegas
Procurando o ponto exacto
Onde a realidade
Se confunde com o desejo.
Por quê?
Se conhecemos os danos
A terceiros,
E dói-nos que outras mãos
Percorram os nossos corpos.
Será porque quero-te...
Ainda que não te tenha.
Por quê?
Se desejamos o sabor
Dos nossos corpos.
Beijos
J.
Entre folhas ... Amor de Amantes ...
Amor de amantes,
Que gozam o proibido,
Aquele que é momentâneo,
Que vive de um suspiro…
Amor que desafia a vida
Por não ter o seu destino,
Amor que no silêncio estranha-te,
Em não estares a meu lado.
Amor que flui no sangue,
Que vibra em ver-te,
Sabe que os teus olhos
Não me enganam,
São os teus lábios que me mentem…
Amor que dilata ao presente,
Consome o futuro inerte,
Só vive porque te ama
E morre porque te sente...
Se a vida presenteia-me,
Por segundos os teus beijos,
Só um curto tempo do destino,
Bastasse um olhar cúmplice da alma,
Para unir os nossos corpos,
Neste furacão proibido…
Corpos que sem culpa se sentem livres,
Sem culpa sinto-te em mim,
Sentimento que nasce,
Quando estás a meu lado,
Que vive ao fundir-se comigo…
Perdoa-me por hoje,
Minha doce amante,
Vagueio neste mundo,
A mar aberto,
Longe da tua vida,
Longe dos teus beijos,
Só por te amar e não morrer no desejo…
Promete-me,
Minha fiel amante,
Que levar-me-ás em segredo,
Sentir-me-ás na tua pele,
No teu sangue,
Manter-me-ás vivo no teu corpo…
Só na distância tentarei esquecer-te,
Por não te ter por completo,
Por não aceitar compartilhar-te,
Por desejar-te a cada momento…
Mas não creias nesta mentira,
Que só finge num simples e curto tempo,
Porque tu sabes que levo-te,
No coração e alma,
Selado na minha vida,
Fundido no meu corpo.
Beijos
J.
Entre folhas ... O tempo ...
O tempo,
Esse que te acompanha,
E abandona-te
Nas rotinas mais absurdas,
Cultiva-te sem te dares conta,
Observa-te a cada instante
Está presente quando amas,
Quando morres,
Quando vives…
Amas,
Choras e ris,
Parece que se detém,
Mas,
Nos momentos difíceis
Engana-te
Esse...
Tão absurdo.
O tempo que te acompanha.
Beijos
J.
Entre folhas ... Lágrimas de mel ...
Já nada fica entre os dois,
Já nada fica numa flor aberta,
Rasuro o esquecimento,
Trespassados momentos,
Rompi as fotografias,
Devolvidas com preces
E melancolias,
Sem oferecer um obrigado,
Como deve ser,
De ti,
A ti,
Só com palavras…
Olhares enfrentados,
Que falam,
O silêncio enxagua,
Com lágrimas salgadas
Os beijos lançam-se,
Ao mar do esquecimento,
O próprio esquecimento,
Esquece-se dos sentidos,
Como deveria ser,
Uma despedida,
Sem antes ou depois,
Como deve ser uma despedida
Afastada do sentido do querer...
Só fica o sabor,
De uns beijos,
E essas lágrimas de mel
Impregnadas às capas da pele…
Beijos
J.
Entre folhas ... Nua de palavras ...
Com ânsias poderosas
De não fazer nada,
Semeando discórdia
Entre os meus sonhos…
Preso da saudade,
Derramada na minha almofada,
São as quatro da manhã
Ninguém saberá que te quis sempre,
Sem contar as horas
Que tu não me quiseste...
Fazem-se sonhos,
De uma realidade longínqua,
Acordo,
Sem noites de lua,
Preparo a minha caminhada…
Ninguém tem de saber
O tempo que te quis
E a hora exacta do teu esquecimento…
Esta é a minha caminhada,
Trémula,
Já é a minha voz,
Nua de palavras…
Entre folhas ... Poros da minha pele ...
Os poros da minha pele
Adormecida,
As minhas noites de insónias,
As minhas guaridas,
O meu alento
Sem fronteiras...
Ofereço-te,
Essa carícia perdida,
Encosta as tuas mãos
Às minhas,
Descubramos o segredo,
Do amor desnudado,
E fundiremos os nossos lábios
Com o mel dos nossos corpos...
Ofereço-te,
As minhas noites de insónias
O meu leito,
E a voz dos meus escritos...
Beijos
J.
Entre folhas ... Trago-te o amor ...
Trago-te o amor,
Alojado nas minhas pupilas,
Quando quero
A toda a hora
E quando posso...
Trago-te o amor
Para que mates as saudades...
Despiu-me a carne,
As fissuras do momento
Da tua entreaberta,
Desejada,
Sem um único poro,
Aberto à
Luz plena do tudo...
Inundou-te,
Ao terminar,
Um sopro
De humidade já seca,
Recorria nas tuas nádegas...
Ainda era de noite
E seguia com a ressaca.
O amor foi longo
Num instante curto...
Beijos
J.
Entre folhas ... Amor desejado ...
Encriptarei o resto do teu corpo,
Cheiro os teus sussurros,
E ao longe,
Incendeiam-me as fogueiras
De desejo,
Passaria horas
Vendo-te calada,
Hoje o tempo a favor,
Foi meu aliado,
Para escrever-te uns versos…
Agora que impávido deixaste-me
Com a chegada do teu amor,
Com a mesma ilusão,
Com que a vivo,
Colado aos silêncios dos teus lábios,
E aos silêncios arabescos dos teus olhos…
Porquê calar os sentimentos?
Agora...
Quanto tempo esperaste-te?
Quanto...
Olhando uma réstia de sol...
Beijos
J.
Entre folhas ... Amor platónico ...
Duas vezes,
Bela é a vida
Três vezes,
Breve
Quatro vezes,
Intensa e dura,
Umas vezes adormeces,
Outra desvelas-te gratamente...
Esperas-me há muito tempo?
Nunca pensei conhecer-te,
Conjuro nas esquinas da noite
Vejo a figura do teu silêncio
Os presságios, galopam
Um peso gravita na sombra,
Nada muda,
Nada voa,
Nada é tão simples, tão fundo.
Nada é tão nada, e no entanto
Espreito-te.
Beijos
J.
Entre folhas ... Quer-me ...
Sem nomes nem poesias,
Quer-me sozinho
Desata as tuas fantasias,
Liberta o teu entrave
Aproxima-te a este dia…
Quer-me em silêncio,
Faremos novos versos
De muitos beijos e carícias...
Falar do passado,
Aproximar o presente
Fugindo dos medos
Enlaçando sentimentos...
Quer-me…
Beijos
J.
Entre folhas ... Fuga ...
Sem ar,
Quase sem ar,
Respira,
O seu alento
Chega-me
Tão perto,
Que respiro
A mesma fuga
O mesmo ar...
Respira,
Deixando-me o seu alento
Entre os meus lábios
Há um suspiro comum
Uma próxima ausência,
Brote manancial de vida
A cada manhã
E chegam a ti
Os meus suspiros
Pela tua ausência calada.
Beijos
J.
Entre folhas ... Fluidos ...
De ler o teu olhar
De saborear a tua palavra,
De amar-te em silêncio
Para fugir da minha nostalgia
E encerrar entre estes versos,
Valerá a pena acariciar esse teu corpo?
Aprendi o caminho
De acariciar corpos agrestes,
Trepei até ao cume dos montes,
Molhei-me com os fluidos dos seus lábios,
E fui aprendiz e sábio nesse instante,
E volto a acariciá-lo com prazer,
A cada vez que posso,
Pois não há caminho mais próximo,
Que o de minha língua no teu corpo…
Beijos
J.
Entre folhas ... Epitáfio ...
Esquecer-me de viver,
E a minha memória,
Ficar na noite abandonada,
Bebe das minhas lembranças,
Eu sou a palavra
Que alimenta a alma.
Beijos
J.
Entre folhas ... Requeria ...
A carícia no seu estado puro,
O beijo intuído,
Um acordar no teu ventre,
Um sonho na tua almofada,
Uma noite,
Talvez, umas quantas,
Ou uns quantos anos,
Não importa a hora...
Requeria de ti,
A palavra amor
Sussurrado entre os lábios,
O teu sexo húmido,
E o teu olhar transparente...
Olhando um mar de sensações
Que por longínquas, são tão próximas
Que a requeria,
Se puder ser,
Agora,
Neste preciso instante...
Faz tempo que deixou
De me importar a pureza
E deveria o saber,
Ou talvez o saiba.
Beijos
J.
Entre folhas ... Entre lençois ...
Se apodera da noite,
A palavra se esconde
E surgem as dúvidas,
Aquelas, ou estas,
Mas as dúvidas,
De não saber o que escrever
Ou saber se exprime amor,
Para quem se escreve...
Então escrevo
Para o meu amor,
Nu de palavras
A alma acesa
O coração entre lençóis
E o corpo numa cela...
Beijos
J.