Sei quem és porque foste
acompanhando os meus passos,
estiveste nas ausências,
nas horas das minhas noites,
sei quem és ainda quando os teus lábios
não me pronunciam,
estiveste a brincar,
muito próximo da minha
essência,
nesta lonjura não cabe recordar os
substantivos,
há vezes que sou pele oculta entre o nevoeiro,
outras tão próximo e sensível às tuas
ausências,
que se detêm a meu tempo
a distância de um instante,
fugaz,
a solidão da noite , sinto-a
menos fria
que o corpo ardente de que não tive ,
nem o teu aroma de primavera solarenga,
nem a tua água,
abraço-me à tua lembrança na primeira pessoa,
sendo a terceira, a que te contempla
doce,
mulher,
fugaz como a nota composta de um arpejo,
sons de um amor bem estruturado dos
anos
da juventude primaveril,
que ainda te chama,
da maturidade acompassada de ilusões
terna como o mais terno dos talos,
de seios duros e complacentes
olhares.
Sei quem és porque ainda me acelera o
pulso pensando-te,
as minhas lembranças mantêm-se vivas
como se ontem estivesse ao teu lado,
aceleram-se as artérias e propagam sangue
pelas minhas veias
ainda não perdendo o julgamento,
não me engano.
Mulher ,
vi-te através da tua nudez,
o meu pretérito perfeito,
não me tentes
a percorrer a tua geografia numa
única viagem
sem volta.
E tentou vir procurar-me.
Beijos
J.