Detenho-me na estação doida,
Onde o amanhecer se rompe,
Indago entre os sonhos
Que nunca foram,
Invento contos,
Perco-me em labirintos de fumaça,
Espero o comboio seguinte,
Que passa,
Nesta estação de linhas paralelas.
Atrapalha-me o pensamento irracional
Esse que me vem,
Com sobressaltos,
Acolho o primeiro café amargo,
Sento-me no banco dos arguidos,
A minha garganta silencia
O melhor segredo,
Os meus lábios
Pronunciam as minhas visões,
Mítico ou humano
Sempre serei,
Sem pronunciar o teu nome serás livre,
Não acuso ninguém
Nem descrevo a verdade,
O juiz confundido dar-te-á a razão
A que nunca tiveste,
E eu pagarei
O tempo dos pecados compartilhados.
Grávida,
A saudade chora,
O comboio que nunca parte
Não esperará a nossa partida,
Enquanto,
Os amanheceres
Nos recordem o que fomos
Seremos o reencontro,
Dos nossos próprios destinos,
Sem distâncias,
Sem estações,
Que a qualquer lugar nos levem.
Beijos
J.