Entre folhas ... Do poema …

Tenho perdido o cheiro da poesia,
O olhar da puta da frente
A carência de amor e fantasia.
O norte e o sul,
A que chamam os pontos cardiais,
Olho a casa vazia,
Todos os quadros são brancos,
Menos o da janela,
Que penetra
Em linhas rectas no meu olhar.

Um poema
Agora são mil metros
A parte alguma,
Ou quinhentos,
Ou mil quinhentas tentativas,
De palavras e horas vazias.

Um poema agora é retornar
A ter algo de real e fantasia,
E coloco isto aqui,
Porque pode ser que tenha gente,
Que ainda pense que isto
É poesia da desgraçadinha,
E eu;
Não creio em nada,
No nada,
Mais absoluto do tudo,
E o tom que me honra
A ser o mesmo a cada dia.

Tenho perdido o norte e a poesia,
Desde que os meus olhos

Se fixaram-se nela,
Aquela tarde que eu mais me afastava
E ela mais se aproximava,
Ao fundo do lado mais doente e infiel,
Da puta dor que jazia na frente,
Do amor mais pleno,
Frio e inconstante,
Do mais vil dos metais temperados.

Beijos
J.