Tenho beijos nos lábios,
E chuva de sentimentos,
Tenho dedos,
Tenho mãos,
Para percorrer devagar
A beleza dos teus contornos
Aconchegar-me no teu peito
E perder-me na tua cintura.
Como cavalo faminto
Cavalgar os teus sentimentos
Em cima da tua cintura,
Alegre e com a tua soltura,
Provocar-nos uns instantes
De vazio,
No que tudo
Fica pleno.
O amor destila,
Agarra-se na destruição
Das horas,
Sonhos com serpentes espreitam,
O tumulto de toda a tristeza vulnerável
Faz-se água,
Estatelando-se
Contra o nada
Não consegue romper os minutos,
Das horas que não foram,
Nem o prelúdio,
Nem a raiz da noite.
E caio no sonho
De que nada sucedeu,
Na realidade do sucedido
Esconde-se a alegria
Das tuas pálpebras
Disfarçadas,
Tive que o aprender,
Talvez tarde,
Realizar com as minhas mãos,
Essa viagem do diálogo
Absurdo,
Que separa os meus sonhos
Dos meus pensamentos tangíveis.
De vez em quando a palavra isenta-se
E deixa livre o espírito,
Do homem que a pronuncia.
Livre.
Beijos
J.