Corre o ego
Covarde das horas,
Tem um preço
O beijo que nunca deste,
O amor que sempre escondeste.
Tem um preço,
O desdém dos teus desmaios,
E recaem sobre mim,
Como culpas tenebrosas,
E espelhos partidos.
Tem um preço,
O rosto opaco,
Que nunca descobriste,
O orgasmo fingido,
A infame pornografia
Do teu corpo.
Agora que nós
Nunca fomos,
As silhuetas disformes,
Que imaginamos:
Põem-nos um preço
E ignoramos
O que valemos.
Corre o ego
Covarde das horas,
E a antologia
De uma tentação
Sem nome.
Beijos
J.