Sentimento em memória de uma amiga em que o marido usa a violência…
A ti M.
A minha alma,
Hoje está morta em vida…
Ao olhar-me ao espelho,
Senti-me morta em vida…
Senti ainda as tuas mãos sobre mim,
Na minha pele,
No meu coração,
Na minha alma…
O momento revivido em que o espelho reflecte,
Aí estás,
Convertida em mim,
Tomando parte de mim,
Esvaziando as minhas esperanças e,
Destruindo os meus sonhos…
Fazes em mil pedaços o amor,
Hoje,
Hoje não foi a primeira vez,
Esta é mais uma de tantas,
No entanto,
Será a última,
Já não há vida para mim,
Tudo tem se esfumado…
Deixas-te a minha mente marcada,
O meu corpo,
O meu espírito…
E aí estou,
Impávido perante a imagem,
Com as lembranças estampadas,
Sentindo uma imensa ira,
Uma constante dor,
Um total vazio…
Afogando prantos e gritos de auxílio,
Tratando encontrar algo em mim,
Que ainda combine com a vida,
Olhando as marcas,
Que causam tanta dor espiritual.
Ideias de suicídio,
Forjam mentes mais fracas,
Atordoam-nas,
Levam-na da mão,
Pensamentos estranhos,
O descanso…
Hoje,
Não quero ver-te,
O teu olhar penetrante,
Ainda aconchega-me,
Intimida-me,
Sinto como as tuas mãos,
Marcaram o meu corpo,
Lacerando cada poro,
Deixaram a tua marca.
Quero viver em descanso,
Quero sonhos infinitos de paz,
Procuro noites sem ti…
Hoje,
É a última noite que marcas-te a minha pele,
A minha alma e o meu coração,
Não terão mais,
Porque hoje,
Já estou morta em vida,
E o coração vai deixar de bater…
Beijos
J.